Para EUA, Brasil é canal confiável

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Embaixador americano elogia atuação do país nas negociações sobre programa nuclear

José Meirelles Passos

A antiga parceria entre os Estados Unidos e o Brasil entrou, agora, numa nova etapa, afirmou ontem o embaixador americano no país, Thomas Shannon. Segundo ele, as relações bilaterais deram lugar a uma relação global, com os dois países agindo em conjunto na busca de objetivos em outras nações. Por esse motivo, a tentativa brasileira de convencer o Irã a um diálogo transparente, com relação ao seu programa nuclear, seria uma iniciativa bem-vinda.

Segundo ele, os EUA já reconheceram que o Brasil deixou de ser uma potência emergente.

– Ela já emergiu – afirmou Shannon, em visita ao GLOBO. – O Brasil ocupa agora um lugar no cenário global que não pode ser negado ou mesmo ignorado. Esse fato transformou as relações entre os EUA e o Brasil de uma forma fundamental – disse ele, acrescentando que tal parceria deve estar baseada em fatos, porque “já vivemos num mundo pós-ideologia”, em que ideologia e retórica “não são mais as ferramentas adequadas para compreender a realidade do mundo em que vivemos, muito menos para definir nosso compromisso ou nossa cooperação”.

O fato de o Brasil se apresentar como interlocutor na questão nuclear iraniana, continuou Shannon, exemplifica esse novo momento, com o governo brasileiro navegando num circuito que atualmente está fechado ao americano:

– O importante em qualquer negociação é ter canais de comunicação confiáveis. O Irã tem dificuldades em se comunicar com o resto do mundo. Nesse sentido, tanto o Brasil quanto a Turquia fazem um papel importante. Nossa esperança é que essa iniciativa tenha êxito. Somos céticos, não com o Brasil ou a Turquia, mas com o Irã. Mas vamos continuar conversando com o Brasil sobre isso, para ver se será possível produzir um resultado que seja bom para o Irã e para o mundo.

Antes da visita ao jornal, Shannon fez uma palestra no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), na qual comentou que o engajamento dos EUA com o Brasil “em iniciativas novas e inovadoras”, tanto de forma bilateral quando global, às vezes é testado “pela nossa capacidade de entender e responder um ao outro”. E justificou:

– Intimidade, em qualquer relacionamento, não representa ausência de questionamentos. Significa uma percepção ou compreensão mútua que se sobrepõe às diferenças. A maneira com a qual lidamos com as diferenças é importante, mas o mais importante é como nossas parcerias são construídas.

Segundo Shannon, tem havido mudanças fundamentais que “valorizam a qualidade, a constância, a abrangência e a diversidade do nosso diálogo”. Ele lembrou que já houve períodos de engajamento e cooperação intensos seguidos de períodos de afastamento e desatenção, como resultado de mudanças de prioridades e de desafios em outras partes do mundo “que desviavam a atenção”. Isso mudou:

– No cenário atual não podemos mais permitir que nossas relações fiquem estagnadas – esclareceu, ponderando a seguir: – Nós sempre estaremos nos ajustando a novos desafios, e nossa confiança mútua crescerá enquanto desenvolvemos maneiras práticas e efetivas para responder aos desafios especiais do século XXI.

Shannon disse que nessa nova etapa de relacionamento prefere não utilizar a palavra “estratégica” para definir a parceria Brasil-EUA:

– O problema com essa palavra é que todo mundo a usa para descrever suas relações. E muitas vezes ela serve para esconder a pobreza de uma relação – comentou o embaixador.

Fonte: O Globo via CCOMSEX

8 Comentários

  1. Para quem diz que esse governo é antiamericano os próprios elogiam a atuação do Brasil no caso Irã. È natural afinal quem deseja mais uma guerra no oriente médio com bilhões sendo gastos em época de “vacas magras” sem falar nas vidas dos soldados americanos perdidas em mais uma guerra. Vamos pensar nisso direito eles não vem à hora de saí do Afeganistão como podem desejar outra guerra agora.
    Quanto ao Brasil faz bem em se meter, passamos a imagem de sermos “bonzinhos” abrimos mercado na Ásia e na África “antiamericana” e de quebra ganhamos apoio político na hora que for se falar em cadeira permanente na ONU.

    Mas críticos sempre haverão e ainda bem, não é bom deixar o governo acomodado.

    sds

  2. Eu diria que no trato com eles palavra chave seria, prudência. Eles não “batem prego sem estopa”.

  3. O que o governo Obama não faz para ser amiguinho de todo mundo… tsc tsc.

    O Brasil será um poder emergente quando tiver um poderio militar condizente. Simples assim.

    Até lá será tudo fanfarronada.

  4. Em 1964 o Embaxador Juracy Magalhães declarou:

    “WHAT IS GOOD FOR THE UNITED STATES IS GOOD FOR BRAZIL” (sic,)

    46 anos depois o Embaixador Thomas Shannon declarou que o Brasil é um canal confiável, para …..?

    Depois de assinar o tratado militar em Washington no dia 12 de Abril de 2010, Brasil tornou-se um aliado muito CONFIÁVEL ¹

    Favor examinar o documento (as duas versões), e depois ler os comentários:

    http://engforum.pravda.ru/showthread.php?284256

  5. “O Brasil ocupa agora um lugar no cenário global que não pode ser negado ou mesmo ignorado.”

    Está certo, estadunidense. Já estamos sofrendo o efeito “toma o que merece” por nós termos nos tornado mais poderosos.

  6. Luiz

    A outra forma seria te um arsenal nuclear gigantesco e as forças armadas serem muito maiores e armadas do que são agora… Como isso requer uma fortuna e muito tempo sem falar no desgaste político em relação ao arsenal nuclear… Então prefiro desta forma mesmo, um país sem inimigos nos quatros lugares do mundo seja na Coréia do Sul ou do Norte, seja Palestina em Israel ou Irã, nos EUA na França ou na Rússia, África ou Ásia não importa o Brasil é visto como um país que busca o entendimento invés da força bruta.

    sds

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