Kirchner é eleito secretário-geral da Unasul

http://undiadijo.files.wordpress.com/2009/09/kirchner400.jpgCandidatura do ex-presidente da Argentina tem apoio da maioria dos chanceleres do grupo

BUENOS AIRES – Os presidentes da União das Nações Sul-americanas (Unasul) designaram nesta terça-feira, 4, por consenso, o ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner como secretário-geral do órgão, confirmando as expectativas após os chanceleres dos países membros terem apoiado a candidatura do argentino.

“Damos por aprovado o consenso da designação de Néstor Kirchner como primeiro-secretário da Unasul”, disse o presidente do Equador, Rafael Correa, líder temporário do bloco. “Estou convencido de que se requer uma pessoa completa, de alto nível para executar a integração de nossa América”, disse Correa em respaldo ao argentino.

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, reiterou o apoio de seu país à nomeação de Kirchner. Piñera “felicitou o acordo firmado” para a designação de Kirchner, eleito por consenso depois que o Uruguai retirou seu veto. Segundo o mandatário, a grande meta a ser atingida pela Unasul é “garantir a unidade”.

O presidente paraguaio, Fernando Lugo, também comemorou a eleição do argentino, mas o alertou sobre os desafios de estar à frente do bloco nascido em 2004. “Não será nada fácil ao amigo Kirchner cumprir a tarefa de integrar países com uma variedade de povos tão grande”, disse o Lugo, reiterando, porém, que Kirchner foi escolhido por consenso.

Kirchner, de 60 anos, marido e antecessor no cargo da atual governante argentina, Cristina Kirchner, conseguiu superar as resistências a sua candidatura por parte do Uruguai, Colômbia e Peru, e foi designado pelo acordo unânime do bloco, com a abstenção da Argentina por se tratar de um ex-presidente do país.

A candidatura de Kirchner, a única para a liderança do bloco, havia sido apoiada por todos os países membros, exceto pelo Uruguai, que posteriormente cedeu a posição. Os países vizinhos do cone sul do continente enfrentaram um recente atrito por conta da decisão do Tribunal Internacional de Haia considerando que o Uruguai “errou” ao não informar a Argentina sobre a construção de uma usina á beira do Rio Uruguai, mas não determinou a mudança de endereço da fábrica.

Fonte: Estadão

17 Comentários

  1. A escolha de Kirchner apesar de representativa, deve ser determinante para o momento de formação da identidade e características estruturais do grupo, onde sua postura deve espelhar os interesses político-econômicos do bloco, assim como a união de decisões nacionais estratégicas a partir do consenso obtido entre a diversidade de objetivos.

    Ou seja, problemas podem ocorrer e dificuldades no processo vão aparecer, mas é com jogo de cintura e pulso firme que o caminho deve ser trilhado na direção que já foi encaminhada, pois pode ser dolorosa, mas a integração não ocorrerá com gestos e palavras de ordem, mas com ação física e gradual.

    Os desentendimentos internos não vão desaparecer, é bom lembrar isso, mas devem ser mutuamente compensados por contrapartidas conjuntas, que tornem o jogo em bloco uma forma de ampliar os próprios poderes nacionais de barganha, elevando todos com capacidades distintas mas compartilhadas de atuação no cenário internacional.

    Aliás, ele já foi presidente por um país que agora se torna com o Brasil o principal articulador do processo de integração, nada fora do normal a escolha. E com isso firmamos maior liderança continental.

    Abraço pro Celso Laffer e Rubens Barbosa

  2. E tem gente, que é completamente contra ao Integração Latino Americana com todos os avanços logrados. Sorte a Nós, pois a competência , já temos há muito tempo.

  3. Kirchner tem posições e opiniões políticas bem definidas. E claramente a favor da “descolonização” e integração da AS, agora, se tem jogo de cintura e habilidade política para exercer o cargo, só o tempo dirá….

  4. ajudou a afundar a argentina agora vai na unasul q [2]

    bota Michelle Bachelet seria melhor mais quem sabe esse é nosso primeiro [2]

    Acho que os antecendentes dele como presidente argentino não são muito animadores. [2]

    alvsdo, GENERAL e Renato, estou completamente representado por vocês nestes comentários…
    UnaSul… isso não é uma organização séria…

  5. A candidatura de Kirchner foi a única para secretário geral, como a notícia aponta.

    Além do mais, a questão central não deve ser ele como pessoa ou qualquer outro ex-presidente sul-americano q estivesse no lugar, mas a capacidade que ele deve ter em representar as aspirações estratégicas do grupo para o mundo, e certamente, sua dedicação e habilidade política em manter a coesão em torno de objetivos convergentes.
    Suas atitudes agora são as q mais devem contar.

  6. Fernando Donatelo,

    O simples fato de se ter um único candidato não demonstra nada, ao menos para mim, do que o desinteresse dos demais países sobre esta instituição. Ademais, não é só por ter um único candidato que este tem que ser eleito, existem as mais diversas ferramentas para que o diálogo seja fomentado e novas opções apareçam e se elas não apareceram (ou se não, eventualmente, aparecessem), demonstra mais uma vez desinteresse nos demais.

    A questão central é como ele vai representar as aspirações do Grupo diante do mundo, fato, mas será possível que as atitudes e pensamentos dele como pessoa, como ex-presidente, podem ser descartados da conversa?
    A postura que Kirchner demonstrou na Argentina como presidente é ao meu ver pouco recomendável como representante de um grupo do porte da desUNASUL.

    Enfim, o tempo deve ditar os resultados dessa ‘desventura em série’, mas realmente a postura anterior do “candidato” é relevante para se tomar a decisão e até mesmo para ditar o que podemos ou não esperar de sua “gestão”.

  7. Como o colega já mencionou … destruiu com a Argentina… imaginem o ‘estrago’ que pode fazer no unasul…

    como diz o ditado:.. “não basta parecer e se portar com dignidade… precisa ter”

  8. Existem ferramentas diversas, mas não foram utilizadas pela falta de interesse na posição de secretário-geral, ou seja, Kirchner continuou sendo o único candidato nesse ponto, no bloco. Isso é um fato.

    Não generalize como falta de interesse na formação do bloco como um todo, pois já houveram passos importantes dados, antes considerados impossíveis no cenário latino-americano como a formação do Conselho de Defesa sul-americano, ou a ampliação da integração por infra-estrutura.

    “As atitudes e pensamentos dele como pessoa” e enquanto figura pública, foram de acordo com o sentimento de maior independência político-econômica e pragmatismo diplomático nas relações internacionais de forma geral, foram sólidos o suficiente para permitir com que o país tivesse a maior taxa de crescimento econômico médio da UNASUL, colocando em franca recuperação um Estado q se encontrava falido pela loucura cambial e fiscal de Menem (que vc nem menciona).

    Portanto, acredito que sua eleição como Secretário -geral do grupo, não é fora do normal e ainda parece caminhar de acordo com as pretensões das nações sul-americanas, espelhando-se como porta-voz que carrega e assume essa responsabilidade.

    Se a evolução de uma área de livre-comércio entre dois blocos do sul, para um espaço integrado e articulado comum de defesa, infra-estrutura, fluxo logístico e até crédito, para você é uma “desventura”, não posso nem imaginar o seu conceito de “aventura”

  9. Bem…
    Mantenho minha posição que um bloco onde os membros se interessassem mais teria certamente mais de uma opção ao cargo…

    Não mencionei a questão Cambial por que ele não foi o primeiro presidente pós-Menem, e não sei se ele pegou a pior parte da Crise argentina, isso você menciou? Eu também não, não precisava, mas agora vai.

    Ninguém é só mal ou so bem isso é um fato, mas realmente não sei se houve tanto enfase em política externa e um crescimento alto após uma recessão tremenda é obrigação, mas tudo bem, passemos disso e cheguemos ao ponto de que a Argentina permanece falida e agora começa a demonstrar melhora mas ainda aquém do que se poderia ver dado o nível extremamente alto de escolaridade daquele país se comparado com os demais vizinhos (sempre dizem que o que precisa no Brasil é educação… é… mas não só ela).

    Acordos fechados com a UnaSul até o momento não foram consumados, é tudo muito bom e bonito no projeto, mas falta ter efetividade e isso eu me questiono… Uribe já teve suas farpas com Chavez lá, e o próximo governo colombiano dificilmente mudará o quadro de alinhamento político com os EUA (uma pena e um entrave), além disso o próprio Mercosul, que fez muito, mas muito mais coisa… No final acabou como? Está à deus dará e no final existindo até um certo ponto desinteresse dos líderes locais.

    Se a UnaSul conseguir coisas mais palpáveis que reuniões e pápeis e viagens de políticos que eu e você temos que pagar, aí mudo minha opnião com louvor! Mas minha opnião de que Néstor não é a pessoa mais indicada permanece, não vi postura de um grande líder nacional enquanto esteve na presidência da Argentina e não vejo ainda como um “sombra” de sua esposa, aliás… Ele é algo hoje como um “herdeiro” do partido Justicialista, não?

    É opinião meu caro Fernando, mas vale o debate…

    Só um parenteses:
    “Se a evolução de uma área de livre-comércio entre dois blocos do sul, para um espaço integrado e articulado comum de defesa, infra-estrutura, fluxo logístico e até crédito…”
    Não, para mim não é uma desventura essa situação, mas a forma como é executada e a extrema inabilidade dos líderes regionais, me faz pensar que hoje, com essas pessoas, não é nada além de desventura… Tenho pouca fé nisso… Torço, porém, para que o tempo me prove o contrário… Pois se me provar que eu estou certo será uma pena a todos, mas pouco para o Brasil.

  10. só para reforçar…
    Ao companheiro Fernando Donatelo meu abraço,
    E a lembrança por ajudar a fomentar a discussão sadia, consciente e diria até necessária neste espaço que nós leitores possuímos com o blog!

    Tudo de bom e bons ventos camarada!

  11. Luiz fernando, entendo sua posição e muito legal da sua parte manter a boa discussão, aliás não procurei fazer um comentário agressivo mas irõnico baseado na sua linha de pensamento. Desculpe se passei da conta, mas com certeza o importante é formar conhecimento pela relação respeitosa.

    De fato, não foi Kirchner o primeiro a enfrentar a fase de instabilidade macroeconômica argentina, assim como não foi o mesmo que a criou e pulverizou pela sociedade, como o “modernizador” Menem. Aliás, uma de suas façanhas foi transformar o sistema bancário-financeiro argentino num dos mais insolventes e menos líquidos. Portanto, de longe, Kirchner não foi o pior presidente do país mesmo não tendo sido carismático para outros líderes latino-americanos e estrangeiros.

    Se a Argentina estivesse falida, não se manteria como a maior parceira comercial do Brasil no bloco, tendo mantido durante os últimos anos uma taxa de crescimento anual médio, invejável até para o Brasil (mesmo nós sendo mais sólidos). Isso quer dizer que longe de estar estagnada a nação argentina se mantém numa recuperação da qual definitivamente já alcançou o investment grade externo e a construção de confiança dos investidores internacionais, que permitiram um dos maiores volumes de IDE na economia argentina ainda durante o mandato de Kircnher.

    Aliás, nos últimos cinco anos, a atividade industrial cresceu sustentavelmente, favorecida pela força da demanda interna e externa e por sua maior capacidade competitiva. Atualmente a expansão da oferta produtiva permite responder a uma crescente demanda externa sem desatender o dinâmico consumo local. O aumento do investimento e a dinâmica incorporação de trabalhadores possibilitaram o incremento da produtividade industrial, elevando-a aos níveis máximos históricos.

    Neste processo, a Argentina iniciou um percurso em pró da substituição de importações, baseado no modelo de um peso competitivo ao nível internacional, política que conseguiu potenciar os diferentes setores industriais do país. Com o esquema econômico de alta competitividade local e internacional, a Argentina voltou a ser forte no setor automotor, a construção, a siderurgia, a metalmecânica. E por que não a energia nuclear, já que das empresas públicas e privadas trabalha-se na fabricação de reatores nucleares para pesquisas científicas.

    Não podemos esperar que todos os problemas intra-diplomáticos e de confiança já tivessem sido resolvidos, se o documento constitutivo da UNASUL foi firmado em maio de 2008, menos de 2 anos. Lembrando que as farpas e alinhamento ao exterior tem séculos de existência. Agora, você se esquece q por si só, a UNASUL é um fórum de debates que coloca o continente em um novo patamar na geopolítica internacional a partir de resoluções internas.

    Fatos consumados: Em andamento mais de 72 obras importantes de circulação entre os países, incluindo rodovias, ferrovias, hidrovias, aerovias e dutovias. E o principal investidor da IIRSA é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

    Rodovia de 1.800 quilômetros ligando Manaus (AM) a Caracas (Venezuela). Outra rodovia sai da cidade de Assis (AC), chegando ao porto de Ilo, no Peru. Ou, ainda, a extensão da ferrovia que sai de Bauru (SP) e passa por Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), para chegar até a capital boliviana, La Paz. Cita também pontes entre Brasil e Argentina e um novo túnel ligando Mendoza (Argentina) até Santiago (Chile), entre outros exemplo.

    Estão em construção um gasoduto e um oleoduto entre Argentina e Chile. Há projetos de três refinarias construídas em conjunto por Venezuela e Brasil. Além disso, está sendo concluída uma rede de distribuição de eletricidade entre Brasil e Argentina e outra entre Venezuela e Roraima.

    Também, não podemos desmerecer o Mercosul, basta ver os dados do comércio entre seus membros, que mostram um aumento de 500% nos últimos anos e diversas exyensões de cooperação em diversas áreas com nações extra-continentais. Não se pode confundir os dois organismos e julgá-los como se fossem a mesma coisa.

    O Mercosul e a Unasul nasceram com missões e uma abrangência geográfica bastante distinta. A Unasul vem preencher a necessidade de se construir mecanismos de governabilidade compartilhada.

    O que só confirma, que definitivamente, não há tal desinteresse generalizado por líderes reginais.

1 Trackback / Pingback

  1. dBLab Noise Map on Google Earth (Algarve – Portugal)

Comentários não permitidos.