A formiga e a cigarra trocam de papéis

http://www.liliith.blogger.com.br/formigal.gifNa ciranda econômica global, China e EUA inverterão seus papéis e quem sairá ganhando com isso é o Brasil

Imagine um mundo onde os produtos são feitos nos Estados Unidos e consumidos na China. Impossível? Pois saiba que você vai viver neste mundo nos próximos anos.

A China tornou-se o grande centro de produção global ao longo dos últimos 30 anos. Neste período, as exportações chinesas passaram de meros 5% a 37% do seu PIB. Ao comprar um brinquedo, roupa, telefone ou qualquer outro bem de consumo, todos nos acostumamos com a etiqueta Made in China.

Boa parte dos produtos chineses terminava nos Estados Unidos, onde o consumismo, movido a crédito farto, parecia não ter fim. Aliás, não tinha mesmo. Na terra do Tio Sam, quando o limite do cartão de crédito acabava, era só pedir um cartão novo e rolar a dívida do primeiro. Quando a carteira já não cabia mais no bolso de tantos cartões, havia sempre a alternativa de refinanciar a hipoteca da casa e liberar mais uma dinheirama para financiar a gastança. Com isso, o hábito de poupar foi abolido no país. A família americana média gastava mais do que ganhava, todo santo mês.

Enquanto as cigarras americanas gastavam, as formigas chinesas poupavam. Desde 1962, o consumo em proporção do PIB despencou na China, passando de 72% para 36%.

O inverno chegou. É hora de as cigarras trabalharem e as formigas cantarem. A crise financeira minou a capacidade de consumo de americanos, europeus e japoneses. Os consumidores americanos viram mais de US$ 1 trilhão em crédito sumir. Nunca antes na história daquele país.

Junto com o crédito, foram-se os empregos. Oito milhões e meio de americanos ficaram sem emprego desde o início da Grande Recessão – como a crise foi apelidada por lá. Sete milhões deles estão desempregados há mais de seis meses, quase o dobro do recorde anterior.

Sem crédito nem emprego, e endividados até o pescoço, os americanos foram forçados a apertar os cintos e voltar a poupar. Após a crise, a poupança das famílias americanas tem oscilado entre 4% e 6% da renda. Este nível é apenas metade da média registrada no pós-guerra, sugerindo que os americanos terão de se tornar ainda mais frugais, obrigando os chineses a redirecionar suas vendas a outros mercados. Só há duas opções: mercados emergentes – preparem-se para uma invasão de produtos chineses por aqui – e os próprios consumidores chineses.

Por outro lado, sem a gastança dos americanos, as empresas sediadas nos Estados Unidos terão de vender seus produtos em outras bandas. A opção natural será por mercados emergentes, onde o crédito, a renda e a demanda estão em franca expansão. Para que os Made in USA se tornem mais competitivos, o dólar terá de cair nos próximos anos, provavelmente muito.* As oportunidades e riscos que esta gradual inversão de papéis entre Estados Unidos e China trarão para a economia brasileira são enormes.

Devido às gigantescas diferenças de nível de renda, chineses e americanos consomem produtos diferentes. Com o crescimento do consumo chinês, o agronegócio brasileiro – cujo superávit comercial passou de US$ 10 bilhões para US$ 60 bilhões entre 2000 e 2008 – será ainda mais importante. A China já é, há anos, o maior consumidor mundial de metais e minérios. Este ano, vai se tornar o maior de energia.

Enquanto isso, a concorrência para as empresas brasileiras em produtos e serviços sofisticados – nos quais os americanos são competitivos – ficará ainda mais acirrada.

Prepare-se para este admirável mundo novo. Caso contrário, quem pode acabar passando frio no inverno de La Fontaine é você.

Fonte: Isto É via CCOMSEX

4 Comentários

  1. Algumas coisas não se encaixam nesta história. Primeiro, uma inundação de produtos chineses na américa latina vai destruir todos os empregos por aqui. Vamos então comprar com que dinheiro?
    Segundo, se o yuane continuar atrelado ao dolar, o real terá que se desvalorizar ainda mais para não quebrar o país.
    Terceiro, o exesso de importações vai criar um deficit em conta corrente que vai corroer todas as nossas reservas em poucos anos.
    Quarto, exportar matéria prima não gera empregos suficientes para toda a sociedade. Vamos viver de quê?

  2. Solon Neto

    Ainda temos lavouras de laranja, alface, soja e o que for para comer. No futuro, iremos os alimentadores da China.

    Infelizmente eu também me pergunto sobre isso.
    Você se esqueceu dos países do Oriente Médio, África e A. Latina que sobrevivem da venda de minerais.
    Quando isso acabar, vão passar fome.
    Da para imaginar um cenário de guerra até o fim do século? Eu sim!

  3. Simplesmente não sonsigo ser assim tão otimista…
    Ainda acho que a China vai causar as grandes deagraças do século XXI, e muitos brasileiros vão pagar caro pela miopia dos lideres ocidentais…

    http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,governo-da-china-proibe-comentarios-anonimos-na-internet,546865,0.htm

    Governo da China proíbe comentários anônimos na internet
    Internautas agora temem retaliação, já que serão obrigados a dar seus nomes verdadeiros

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