Tensão à espera de Lula

http://www.google.com/hostednews/afp/media/ALeqM5jjDjyL41oxvSo3KmNy_6QWPTH3KA?size=lPresidente brasileiro terá encontro na segunda-feira com o paraguaio Fernando Lugo para discutir a violência na fronteira

CARLOS WAGNER

Maior envolvimento do Brasil na guerra travada pelo governo do Paraguai contra os narcotraficantes e o Exército do Povo Paraguaio (EPP). Este será o primeiro de uma longa lista de pedidos que aguarda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira, quando ele se encontrará com o seu colega do Paraguai, Fernando Lugo.

A reunião ocorrerá em um dos locais mais violentos da América do Sul a avenida que separa as cidades de Pedro Juan Caballero, capital do departamento de Amambay, e Ponta Porã, no oeste de Mato Grosso do Sul. Na área, foram registrados 30% das 90 execuções ocorridas em 2009 na região.

O encontro se dará no momento mais tenso da última década na fronteira entre as duas nações. O governo de Lugo trava uma feroz luta contra as organizações de traficantes, que infiltraram seus capangas em vários setores governamentais paraguaios. A outra frente de batalha é contra o EPP, um grupo de guerrilheiros envolvidos com sequestros e ataques a propriedades de agricultores brasileiros que migraram para o Paraguai, conhecidos como brasiguaios. Lugo decretou estado de exceção em Amambay e em outros quatro departamentos para deter o avanço dos dois grupos.

Das 90 execuções do ano passado, a maioria foi de pessoas suspeitas de terem passado às autoridades brasileiras informações sobre carregamentos de drogas. O mais notório dos ataques ocorreu no último dia 26, a oito quadras do local onde os presidentes vão inaugurar um monumento que marcará o encontro. No atentado, o senador paraguaio Roberto Acevedo sobreviveu a rajadas de um fuzil AK-47 supostamente disparadas por pistoleiros do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa brasileira dona de uma fatia do mercado de drogas na região. O motorista e o segurança de Acevedo morreram no atentado. Há quatro brasileiros presos suspeitos do crime.

Lugo deverá pedir a Lula que reforce o efetivo da Polícia Federal (PF) na fronteira, informou um assessor do governo paraguaio. Hoje, a PF colabora no rastreamento dos bandidos, com escutas telefônicas e outros meios. Lugo quer mais assistência técnica. A respeito do EPP, o presidente paraguaio irá reforçar um pedido: que Anuncio Martí, Juan Arrom e Victor Colmán escondidos no Brasil sob a proteção de refugiados políticos sejam extraditados para o Paraguai. As autoridades do país acreditam que os três estejam dirigindo o EPP a partir do Brasil.

Os prefeitos das duas cidades, com um total de 150 mil habitantes, também devem levar a sua lista de pedidos aos dois presidentes, em especial a Lula. Em comum, ambos tratarão da questão de segurança pública. José Carlos Acevedo, prefeito de Pedro Juan e irmão do senador atacado pelo PCC, disse que os traficantes precisam ser detidos imediatamente caso contrário, irão se fortalecer e não terão mais medo da polícia. Já o prefeito de Ponta Porã, Flávio Esgaib Kayatt, vai sugerir a criação de uma polícia única que possa atuar nas duas cidades. Segundo ele, os prejuízos causados à imagem e à economia dos municípios pela ação dos bandidos têm sido imensos.

Fonte: Zero Hora via NOTIMP

6 Comentários

  1. Tudo bem, o Brasil deve até se aprofundar mais taticamente nesse problema sim até por estar ocorrendo em região fronteiriça, mas o Paraguai pode e deve melhorar sua própria estrutura de Inteligênica policial para aumentar a coordenação de atividades com a nossa PF no longo-prazo.

    Senão, daqui a pouco, é o Brasil que vai estar sendo responsável por toda a segurança nacional paraguaia de Informação.

    Não apenas agora, quando ocorre uma prioridade emergencial, mas ter essa prática conjunta de mobilização da segurança pública daqui pra frente.

  2. O próprio Brasil alimentou o monstro que aí está: Com essa política lamentável de descaso coma segurança pública, aliada aos militantes dos “direitos humanos”, a “Constituição cidadã” de 1988, a absoluta falta de investimentos neste setor e, finalmente, a visível proteção de alguns criminosos por motivos de orientação política. Não simpatizo com os Ianques, mas eles nos avisaram repetidas vezes…

    Se o Brasil não mudar rápido de mentalidade, logo os EUA terão mais um motivo para instalar mais tropas na AL.

  3. Intruder, a constituição cidadã de 88, preconiza a realização de maiores investimentos no setor de segurança pública, nas atividades que exijam investigação e inteligência além do emprego da força. O problema é que até hoje, a vontade política, principalmente nos estados, nunca colocou em prática.

    Atualmente no nosso país, temos quase 70% de todos os casos investigativos criminais sem solução (vão pra arquivamento), ou seja não concluíram quem é o assassino ou quais interesses de terceiros haviam no cenário. Problema esse, que se resolveria caso não tivéssemos uma vergonhosa polícia científica, com as instituições de pesquisa forense caindo aos pedaços (como o Carlos Herbole, no Rio de Janeiro).

    Polícia com corregedoria independente, estruturas unificadas de atividade e civis, tem respaldo do texto constitucinal e desses mesmos grupos de direitos humanos (tudo bem que a maioria que se envolve com justiça penal é bandido mesmo!) que você acusa, inclusive o aumento salarial dos profissionais da segurança pública.

    Ultimamente, só a polícia federal vem mostrando um reaparelhamento formidável, e tem obtido sucesso na formação de um competente sistema de Informação e Inteligência, desbaratando diversos esquemas criminosos envolvendo políticos, grandes empresários e o crime organizado. Mas ninguém vai pra cadeia, obviamente.

    Concordo com o senhor, de que precisamos de uma reforma dramática da justiça e legislação para q acabe com essa impunidade e desrespeito generalizados, mas peço que direcone sua justa raiva para onde realmente deve ser.

  4. Sr. Fernando, minha raiva (se existisse), seria apenas assunto meu (como de resto a sua). No caso presente não é raiva é apenas a fria constatação de nossas mazelas:
    1 – Falta vontade política, não há como negar. E não é de agora: Os governos anteriores, são tão omissos quanto este.
    2 – A constituição de 88 é um fracasso, sim. Para começar, ela “engessa” o Estado, obrigando-o a legislar através de “MPs”.
    3 – “Direitos humanos” Aqui, é para bandido, e não para quem paga impostos ou elege nossos mandatários (Video agora o “auxílio reclusão”…)
    4 – A orientação política também desempenha um papel negativo aqui também, vide os casos do Batisti desses dois Paraguaios, ditos chefes do “EPP e aqui, “refugiados políticos”
    Sem mais,

  5. Sr. Intruder, pois sua fria constatação das nossas mazelas, mesmo justa, deveria analisar mais a fundo a conjuntura na qual estão envolvidas.

    1- Falta muita vontade política, em todas as esferas envolvidas no poder, uma vez que a problemática nacional de segurança não foi priorizada nas agendas.

    2- A Constituição de 88 não é um fracasso, simplesmente não se faz valer! É o Congresso nacional, bem como as Assembleias Legislativas que precisam desconcentrar o centro de decisões políticas no Exceutivo, mesmo que haja uma ampla base aliada ao governo, agilizando a discussão e criação de processos realmente necessários para os interesses nacionais, sem esvaziar o plenário como acontece hoje com muitos interesseiros tanto do governo quanto da oposição. Senão, empilha-se e arquiva papelada no Senado, por exemplo, que poderia ter algum resultado pratico.

    3- Direitos humanos, obviamente pra quem é humano, são necessários na preservação de um mínimo de civilidade e dignidade humana não só no sistema penal, como se baseia sua observação, mas pra todo o conjunto da sociedade e suas relações com o Estado. É a busca por um regime não-exclusivista e de discussão constante entre os diferentes setores de poder e participativos. Mais uma vez, no nosso país existem distorções.

    4- Batisti foi um erro da justiça brasileira e de interpretação do ministro tarso genro que agora leva o caso em “banho-maria”, já a participação brasileira no combate ao crime na fronteira precisa aumentar muito mais, e os “refugiados” foram assim considerados pelos problemas de identificação envolvendo os brasiguaios, mas em breve vão ser extraditados

    Sem mais

  6. O governo paragauio não tem força para parar os nacotraficantes e contrabandistas de armas do país, se tentarem fazer alguma coisa estoura uma guerra civil igual a da colômbia, isso o Brasil não pode permitir, nem que seja necessária uma intervenção miitar na região. Seria uma grande demonstração de coragem e comprometimento com a defesa do país, mas dúvido que o Lula teria peito para isso.

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