HERÓI INJUSTIÇADO

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A família de João Cândido, líder da Revolta da Chibata, quer os mesmos direitos que os perseguidos pela ditadura militar

Francisco Alves Filho

Nos livros de história do Brasil, o marinheiro João Cândido aparece como o herói da Revolta da Chibata. Corajoso, ele liderou em 1910 o motim no qual dois mil marinheiros negros obrigaram a Marinha a extinguir punições desumanas contra os soldados, como ofensas, comida estragada e chicotadas. Os revoltosos conseguiram seu objetivo, mas foram expulsos dos quadros militares ou presos e mortos. Só recentemente João Cândido saiu da condição de personagem esquecido da historiografia oficial para o papel de protagonista. Em 2008, uma lei finalmente concedeu anistia póstuma a ele e a outros marinheiros. A reparação, porém, foi incompleta. No ano do centenário da Revolta da Chibata, João Cândido e os outros revoltosos continuam sem as devidas promoções e seus familiares sem receber indenização – como aconteceu com os que resistiram à ditadura militar, por exemplo. Os prejuízos com a expulsão da Marinha não foram compensados. “Sinto como se meu pai ainda fosse um renegado e não um herói”, diz Adalberto Cândido, o Candinho, 71 anos, filho de João Cândido. As comemorações pelos 100 anos da Revolta da Chibata não o animam. “Homenagens são bonitas, mas não enchem barriga”, desabafa Candinho.

Para negar indenização aos anistiados, há dois anos, o governo alegou que, se todos os descendentes recebessem, haveria um rombo no orçamento. O tempo derrubou o álibi: apenas dois grupos de parentes pediram anistia. A verdade é que, por trás do argumento, estava também a resistência da Marinha. Agora, a família de João Cândido torna a reivindicar seus direitos. Por causa da exclusão da Marinha, ele não pôde mais conseguir emprego formal. Mudou-se para São João de Meriti, o mais pobre dos municípios da Baixada Fluminense, onde parte de sua família vive até hoje. Por décadas, sustentou a mulher e os sete filhos com o que ganhava como pescador. Uma imagem nada condizente com o personagem épico que o jornal “O Paiz” descreveu como “o árbitro de uma Nação de 20 milhões de almas”. O filho recorda-se das dificuldades: “Usávamos tamancos em vez de sapatos, vestíamos roupas velhas, não tínhamos eletricidade”, relata. João Cândido morreu na miséria em 1969, em Meriti.

A Lei nº 11.756/2008, de autoria da senadora Marina Silva (PV), previa a anistia com indenização, que acabou vetada no texto assinado pelo presidente Lula. Na época, os familiares de João Cândido aceitaram a argumentação de que o custo para os cofres públicos seria muito alto. Até agora, no entanto, apenas duas solicitações foram feitas. “Muitos já morreram e outros nem sabem que seus ascendentes participaram da revolta”, explica o historiador Marco Morel. Ele é neto de Edmar Morel, autor do livro “Revolta da Chibata”, primeira obra sobre o tema, relançada recentemente. “Mesmo com esse risco, o governo poderia estabelecer um teto”, diz o historiador. “Se aqueles que lutaram contra a ditadura de 64 e seus parentes, muitos de classe média alta, receberam reparações em dinheiro, por que não os familiares dos marujos da Revolta da Chibata, quase todos pobres?” questiona Morel.

Procurado por ISTOÉ, o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, disse que sua pasta apoiou a anistia. “A reivindicação por parte da família é um direito democrático”, admite o ministro. “O compromisso do governo é estabelecer formas de reparação que façam justiça à luta de João Cândido.” Santos não diz, no entanto, se tomará alguma providência prática em favor da indenização.Um dos principais responsáveis pela popularização de João Cândido foi o compositor Aldir Blanc, autor da letra do samba “O Mestre-Sala dos Mares”, em parceria com João Bosco. Lançada na década de 70, em plena ditadura, a música contava a história da Revolta da Chibata e por isso Aldir foi convocado ao Departamento de Censura. “Tive que mudar o título, que originalmente era ‘O Almirante Negro’, para burlar o censor”, recorda-se.

Tratamento desumano

A Revolta da Chibata se desenrolou entre 22 e 27 de novembro de 1910, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, então capital federal. Revoltados com as agressões sofridas por parte dos oficiais e com a comida estragada servida nos navios, marinheiros do Encouraçado Minas Gerais se amotinaram. Tomaram o controle da embarcação e ameaçaram acionar os canhões contra a cidade se os maus-tratos não fossem cancelados – objetivo que foi alcançado. O presidente da época, Marechal Hermes da Fonseca, aceitou anistiar os revoltosos, mas voltou atrás. Muitos foram expulsos da Marinha, alguns presos e outros acabaram mortos.

A Marinha tornou público seu ressentimento contra João Cândido em 2008, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou uma estátua em homenagem a ele, na Praça XV. Na ocasião, oficiais reclamaram e só se acalmaram quando conseguiram a garantia de que o monumento não ficaria de frente para a Escola Naval, situada ali perto. A estátua está voltada para o mar. Diante de tal rejeição, o filho do Almirante Negro se mostra cansado de brigar. “Se agora, no centenário da Revolta, não liberarem a indenização e a promoção dele, eu desisto de brigar”, diz Candinho.

Fonte: Isto É via CCOMSEX

18 Comentários

  1. …se for se ver todos o injustiçados da história do brasil…não teria pré-sal que desse conta das indenizações,começaríamos pela revoluçao farroupilha, chibata,balaiada,canudos….e por ai vai…;tava me esquecendo os indios charruas, minuanos ,jês ,tupinambás e as outras etnias que não me lembro;…“Homenagens são bonitas, mas não enchem barriga”, desabafa Candinho.(quanto a isso eu concordo com o senhor Candinho, o que enche barriga é um cabo de enxada…).

  2. Vc poderia sugerir o cabo de enxada ao seu pai , caso ele tivesse que comer comida estragada e ainda levar porrada de filhinhos de papai, de uma elite branca dominante.

  3. Acabou com o tratamento injusto nas FAs do BRASIL, devemos mt a ele, apesar de sermos maioria no país , ainda tem esse ranço de classe dominante, em alguns de nós…valeu.

  4. Somos um povo engraçado. Quando vemos alguém pedir esmola na rua a primeira coisa que nos ocorre é dizer: se oferecer um terreno pra ele capinar ele não vai querer!
    Ou seja, pimenta no fiofó dos outros é supositório “sabor” morango “inserido” com amor e delicadeza pela vovó.
    Quem de nós acha justo capinar um terreno do tamanho de 50 campos de futebol, 10 horas por dia, de sol a sol, durante 1 mês, tendo apenas o domingo pra descansar, os filho em casa com ameba e chorando porque não tem ovo de páscoa, a mulher buchuda do 7 rebento, a mão calejada e no final do mês ganhar uma merreca do “dotô” de terno e gravata e posando de bom cidadão? Isso quando paga, porque o que tem de bacana com trabalho escravo por aí não é brincadeira.
    Deveríamos é mandar quatro quintos (4/5) dos servidores públicos (desses que ficam fazendo nada dentro das “repartições”, falando o dia inteiro da lei tal que vai ser publicada no Diário Oficial e clamando da vida por pura falta do que fazer) pegarem na enxada pra fazer jus ao que mamam do Estado.rsrsr
    Vai ter muito marmanjo dando piti e madame descabelada. rsrsrs

    Mudando de assunto e falando da mesma coisa, o mais provável é que o Senhor Candinho esteve grudado num cabo de enxada por mais de 60 anos e ainda está com a barriga vazia.
    Um abraço a todos.

  5. Concordo com o Carlos Argus. Ainda existe um ranço de injustiça e dominação dentro das Forças Armadas. Só o tempo e a qualificação da tropa é que vai apagar. Ainda me lembro quando fui para o “LIVRO DE CASTIGO”, por picuinha, sem direito a defesa e/ou recurso. Hoje em dia eu contrataria um advogado, pegava a Constituição na mão e encarava aqueles comandantes. Principalmente na Marinha, os ofciais se consideram uma elite, vindos das classes dominantes, onde tudo podem. O tempo vai fazer as aparas. Saudações marinheiras a todos!

  6. mauro dias :
    Vc poderia sugerir o cabo de enxada ao seu pai , caso ele tivesse que comer comida estragada e ainda levar porrada de filhinhos de papai, de uma elite branca dominante.

    …sr.mauro dias isso acontedeu no principio do século as coisas mudaram, eu so me refiro ao fato de que o sr. candinho ainda espera uma compensação de parte do governo pelo fato de seu pai ter sido um herói(nós tivemos muitos,posso citar o lampião, tiradentes, cabral,dom pedro I…se nós fossemos indenizar todas as pessoa que de alguma forma e em algum momento sofreram algum tipo de injustiça…o brasil quebrava…em nenhum momento eu usei de preconceito por causa de classe social ou hiesrarquia ou ainda racial…só ataquei o fato de o sr. candinho esperar a indenização para comer…tenha dó…eu sou um trabalhador e contribuinte…e o meu pai pegou muito no cabo de enxada e ainda até bem pouco tempo atras ele ainda ia para a roça com a enxada nas costas com seus 84 anos e nunca esperou que ninguém lhe desse nada…só que se o brasil for indenizar todo o injustiçado…o brasil quebra…porque são muitos os oportunistas…um abraço…

  7. O que esse homem merece, é ser reconhecido. Mas se seus familiares querem indenização, eu já começo a coçar a cabeça. Vai ser mais um bisneto, tataraneto chupando o dinheiro das forças armadas.

  8. jomado :

    mauro dias :
    Vc poderia sugerir o cabo de enxada ao seu pai , caso ele tivesse que comer comida estragada e ainda levar porrada de filhinhos de papai, de uma elite branca dominante.

    …sr.mauro dias isso acontedeu no principio do século as coisas mudaram, eu so me refiro ao fato de que o sr. candinho ainda espera uma compensação de parte do governo pelo fato de seu pai ter sido um herói(nós tivemos muitos,posso citar o lampião, tiradentes, cabral,dom pedro I…se nós fossemos indenizar todas as pessoa que de alguma forma e em algum momento sofreram algum tipo de injustiça…o brasil quebrava…em nenhum momento eu usei de preconceito por causa de classe social ou hiesrarquia ou ainda racial…só ataquei o fato de o sr. candinho esperar a indenização para comer…tenha dó…eu sou um trabalhador e contribuinte…e o meu pai pegou muito no cabo de enxada e ainda até bem pouco tempo atras ele ainda ia para a roça com a enxada nas costas com seus 84 anos e nunca esperou que ninguém lhe desse nada…só que se o brasil for indenizar todo o injustiçado…o brasil quebra…porque são muitos os oportunistas…um abraço…

    Aproveitando… Você já ouviu falar de uma lei que queria dar R$ 1 milhão para cada negro do Brasil para indenzar a escravidão?

    Eu nunca vi um absurdo desses.

    Tem hora que esse pessoal anti-racismo, antei-preconcieto, anti-homofibia, tem hora que eles exageram de tal maneira, que eu só penso numa coisa, esse país não tem rumo.

  9. Queriam dar um milhão pra cada descendente de escravo?
    Olha, como dizia minha velha e amada bisavó, “Nega Fulôr”, que Deus a tenha coitada, morreu ainda na escravidão: “dinheiro pouco é bobage”.
    Eu sou a favor! Onde é que assino o recibo?

  10. Bosco :
    Queriam dar um milhão pra cada descendente de escravo?
    Olha, como dizia minha velha e amada bisavó, “Nega Fulôr”, que Deus a tenha coitada, morreu ainda na escravidão: “dinheiro pouco é bobage”.
    Eu sou a favor! Onde é que assino o recibo?

    É Bosco, tem hora que seu sarcasmo é intermpretado como uma clara provocação.
    Eu sou afrobrasileiro e sou contra isso, também sou contra cotas.
    Esse governo só faz as coisa pela metade.

  11. Bosco :
    Queriam dar um milhão pra cada descendente de escravo?
    Olha, como dizia minha velha e amada bisavó, “Nega Fulôr”, que Deus a tenha coitada, morreu ainda na escravidão: “dinheiro pouco é bobage”.
    Eu sou a favor! Onde é que assino o recibo?

    Queria eu, dar um mihlão apra cada brasileiro, seja negro, branco, índio, ou amarelo.

    Mas não é quebrando esse país que vamos concertar o que foi feito. Tudo que podemos faze é lutar para melhorar esse Brasil.

  12. Sou o que sou hoje graça a meu esforço e a minha familia. Também queria que cada criança tivesse a mesma sorte que eu tive.

    • Luiz, as espectativas são de que se decida (Deus queira) na próxima semana.
      no mais, só mais entulho para internet, já poluída de tanta contra informação e lobie….
      mas vamos lá.
      Grande abraço
      E.M.Pinto

  13. Bosco, nada contra você amigão, te conhecço a amis tempo do que voê imagina.
    Apenas fico irritado com o que aparece na mídia.
    Queia eu que o governo desse esses milhões para as escola.

    Como eu disse, cota, não. Não adianta. Eu sei que 80% de quem entra or cotas são pessoas inteligentes.

    Mas essa minoria entra mais por “sorte” mesmo.

    Não adianta incerir uma “minoria” (negra, pobre, problemas fisicos etc) se ter uma base etucacional decente.

    Um abraço.

  14. Relaxa Luiz,
    aqui também é um lugar pra gente divertir um pouco, dar uma espairecida. Um toque de humor de vez em quando faz bem. rsrs
    Um abraço meu amigo.

  15. Sem dúvida, um cidadão injustiçado.
    Foi importante para o aperfeiçoamento da própria Marinha.
    Talvez seja contestável o método, principalmente por ameaçar uma população toda devido a um bombardeamento.
    Mas o movimento foi justo.
    Se a Marinha não reconhece seu ex-marinheiro como ele merece, pior para a imagem da Marinha, porém pode-se apenas lamentar tal postura.

    Agora, outra coisa é indenizar…
    Bom, aí fica difícil, não?
    Todavia não tenho gabarito para opinar sobre tais decisões, já que não conhecimento sobre direito.
    E se o judiciário decidiu, acato.
    Apenas acho ‘estranho’.

  16. a indenização no caso se refere aos anos em que foi impedido de trabalhar na marinha mesmo depois de ter sido aniistiado e inocentado da acusação de participação na segunda revolta, tendo em vista que ele estava prestes a cumprir seu tempo de serviço, me parece razoavel …

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