Estudo mostra queda de homicídios nas capitais e aumento no interior em dez anos

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A taxa de homicídios no Brasil apresentou, entre os anos de 1997 e 2007, redução, segundo o Mapa da Violência divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Sangari. De acordo com a pesquisa, a taxa era de 25,4 homicídios em 100 mil habitantes em 1997, e passou para 25,2 em 2007.

Segundo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo, a redução não foi maior porque em alguns Estados, como Maranhão, Alagoas e Piauí, foi registrado um crescimento significativo no número de homicídios.

Durante o lançamento, Waiselfisz afirmou que a redução dos índices de homicídios a partir de 2003 se deve principalmente ao estatuto do desarmamento.

De acordo com o pesquisador, o perfil da vítima de homicídio no Brasil “é jovem, de 15 a 24 anos, principalmente na faixa dos 20 anos, moradores da periferia urbana, pobre, com baixo nível educacional e homem”.

Apesar do recuo, o índice de assassinatos no Brasil ainda é alto. Entre 1997 e 2007, morreram no Brasil, vítimas de homicídio, 512,2 mil pessoas. Acima de 90% das vítimas são do sexo masculino.

Veja abaixo os 10 Estado e as 10 capitais brasileiras com as maiores taxas de homicídio no País a cada 100 mil habitantes:

ESTADOS TAXA DE HOMICÍDIO
1 – Alagoas 59,6
2 – Pernambuco 55,6
3 – Espírito Santo 54,4
4 – Rio de Janeiro 52,2
5 – Distrito Federal 33,5
6 – Mato Grosso 32,2
7 – Paraná 31,3
8 – Pará 31,2
8 – Mato Grosso do Sul 31,2
10 – Bahia 31,1

CAPITAIS TAXA DE HOMICÍDIO
1 – Maceió 97,4
2 – Recife 87,5
3 – Vitória 75,4
4 – João Pessoa 56,6
5 – Porto Velho 51,3
6 – Belo Horizonte 49,5
7 – Salvador 49,3
8 – Porto Alegre 47,3
8 – Curitiba 47,3
10 – Fortaleza 40,3

Dos dados divulgados nesta terça-feira, segundo Waiselfisz, destaca-se a recuperação da cidade de São Paulo, que em 1997 estava em 4º lugar, com taxa de 56,7 homicídios a cada 100 mil habitantes, e em 2007 está na 26ª colocação com índice de 17,4. Para o pesquisador, a melhoria se deve ao investimento nas polícias (com a a criação do Infocrime e reforço no patrulhamento), à pressão da sociedade civil a e às políticas diversificadas nos municípios.

A cidade do Rio de Janeiro também conseguiu melhorar seus índices no ranking. Passou de 3º lugar em 1997, com índice de 65,8, para a 14º posição com em 2007 com a taxa de 35,7.

“No Brasil, não há receita pronta e formulada para conter a violência. Cada local está armando a sua própria estratégia”, disse Waiselfisz, que cita como exemplo a cidade de Diadema, na Grande São Paulo, que em 2000 era considerada a mais violenta do Estado com taxa 145 mortes para cada 100 mil habitantes. “Em 2005, a taxa caiu para 47. Houve investimentos públicos, lei seca e escola aberta para o jovem ir aos finais de semana. Foi uma iniciativa local”, afirmou.

Interiorização da violência

O estudo aponta que nas capitais a taxa de homicídio caiu de 45,7 para 36,6, em 100 mil habitantes, no período analisado, mas aumentou no interior do País, passando de 13,5 em 1997 para 18,5, em 2007. Nas regiões metropolitanas, a  queda foi de 48,4 para 36,6. Segundo Waiselfisz, este é um fenômeno iniciado na virada do século.

“Nas capitais, o índice caiu 19,8% e, nas regiões metropolitanas, caiu 25%. Mas no interior subiu 37,1%”, segundo a pesquisador. Alguns fatores que explicam isso é o investimento em segurança na região metropolitana, como Pronaf e Fundo de Segurança Pública, que concentram recursos, mas dificilmente chegam ao interior.

A partir de 2000, segundo Waiselfisz, os municípios do interior ganharam subsídios para a implantação de indústrias e com isso atraíram mão de obra e se tornaram interessantes para a criminalidade.

Para o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) Rogério Baptistini Mendes, o aumento dos homicídios no interior deve-se, principalmente, à falta de preparo da polícia para atuar nessas pequenas e médias cidades, que enriqueceram e se tornaram “atraentes aos olhos da criminalidade”.

“Muitas empresas migraram para o interior e melhoraram o padrão de consumo dos moradores, mas levaram consigo também os problemas sociais derivados da modernidade”, considera Mendes.

O estudo ressalta, porém, que a violência nas cidades do interior não podem ser comparada a dos grandes centros, mas, sim, que o crescimento dos homicídios “concentra-se agora em municípios no interior dos Estados”.

A tendência de interiorização da violência já havia sido registrada no balanço do número de homicídios em São Paulo em 2008. Apesar da queda na capital, no número de mortes causadas pela violência no interior do Estado fez os índices crescerem.

Veja abaixo as 10 cidades com as maiores taxas de homicídio no País a cada 100 mil habitantes:

CIDADES TAXA DE HOMICÍDIO
1 – Juruena (MT) 139
2 – Nova Tebas (PR) 132
3 – Tailâdia (PA) 128,4
4 – Guairá (PR) 106,6
5 – Coronel Sapucaia (MS) 103,6
6 – Viana (ES) 99
6 – Tunas do Paraná (PR) 99
8 – Maceió (AL) 97,4
9 – Arapiraca (AL) 96,7
10 – Linhares (ES) 96,3

Para o pesquisador, cidades com grandes índices de homicídios (como Juruena e Tailândia) são municípios conhecidos por disputas pelo desmatamento e em relação ao trabalho escravo. Outros municípios com destaque nessas taxas estão em região de fronteira.

Jovens e negros

O Mapa da Violência aponta também para o aumento dos homicídios entre jovens de 15 a 24 anos, assim como entre a população negra. Em 1980, por exemplo, a taxa de homicídios nessa faixa etária era de 30 em 100 mil; em 2007, saltou para 50,1.

Embora os jovens representassem apenas 18,6% da população do País em 2007, eles concentravam 36,% dos homicídios ocorridos naquele ano. Segundo o estudo, morrem no Brasil, por homicídio, 2,6 jovens para cada “não jovem”. “Pode-se afirmar que a história recente de violência que resulta em homicídio, no Brasil, é a história do crescimento dessa violência entre jovens. Uma não terá solução sem a outra”, afirmou Waiselfisz.

A diferença nas taxas entre brancos e negros também aumentou entre 2002, ano em que se tem dados mais confiáveis, e 2007. Nesse período, o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 (queda de 24%) e o de negras aumentou de 26.915 para 30.193 (crescimento de 12,2%).

Mapa da Violência

O “Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil” baseou-se no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Esta é a quinta versão do estudo. O Instituto Sangari atua na área de educação em cerca de 15 países.

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Fonte: Último Segundo

2 Comentários

  1. Pessoal, recebi um e-mail do meu fórum sobre aquela campanha do desarmamento. É muito interessante essa matéria.

    “Gostaria de falar uma coisa. A pouco tempo tivemos um plebiscito para a proibição/permissão da venda de armas no Brasil. Bem, até aí, tudo normal, mas depois soubemos de denúncias por parde de pessoas que diziam que essa “medida de proibição” era planejada por grupos estrangeiros (empresas americanas de armas) que compraram políticos brasileiros para “proibir” a venda de armas concorrentes(empresas brasileiras) no Brasil.

    Muitos se pergunta, “mas as empresas estrangeiras também não seriam prejudicadas?”
    Não! Não iam. Elas entrariam no Brasil via clandestinidade, mesmo sendo comprada “lá fora”.

    As nossas empresas sim seria prejudicadas, pois o mercado brasileiro é o nicho delas. E como seia o seu próprio país de origem (Brasil) ela ficariam “amputadas”, restando-lhes apenas o mercado internacional.

    Por incrível que pareça, há mais burocracia para se comprar uma arma no Brasil (compra da loja) do que nos EUA.

    Temos um exemplo de empresa que fabricar pistolas no Brasil, a Taurus, tendo até uma filial nos Estados Unidos.”

    Danillo Silva: 25/03/2010

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