A IV Frota em ação: um porta-aviões chamado Haiti. Por Raul Zibechi

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Sugestão: Gérsio Mutti

Ao meu modo de ver, o problema central para a hegemonia estadunidense no seu “quintal” é o Brasil. O petróleo é uma riqueza importante. Mas é preciso extraí-lo e transportá-lo, o que demanda investimentos, ou seja, estabilidade política. O Brasil já é uma potência global, é o segundo dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), ficando atrás em importância apenas da China. Dos dez maiores bancos do mundo, três são brasileiros (e cinco chineses).

Nenhum destes dez bancos é dos EUA ou da Inglaterra. O Brasil tem a sexta reserva de urânio do mundo (com apenas 25% de seu território investigado) e estará entre as cinco maiores reservas de petróleo quando for concluída a prospecção da bacia de Santos. As multinacionais brasileiras figuram entre as maiores do mundo. A Vale do Rio Doce é a segunda mineradora e a primeira em mineração de ferro; a Petrobras é a quarta empresa petrolífera do mundo e a quinta empresa global por seu valor de mercado; a Embraer é a terceira empresa aeronáutica, atrás apenas da Boeing e da Airbus; o JBS Friboi é o primeiro frigorífico de carne de gado bovino do mundo; a Braskem é a oitava petroquímica do planeta.

E poderíamos seguir com a lista. A reação dos Estados Unidos de militarizar a parte haitiana da ilha logo após o devastador terremoto de 12 de janeiro deve ser considerada dentro do contexto gerado a partir da crise financeira e da chegada de Barack Obama à presidência. As tendências de fundo já estavam presentes, mas a crise acelerou-as de um modo que lhes deu maior visibilidade. Trata-se da primeira intervenção de envergadura da IV Frota, restabelecida há pouco tempo.

Com a crise haitiana, a militarização das relações entre os EUA e a América Latina avança mais um passo, como parte da militarização de toda política externa de Washington. Deste modo, a superpotência em declínio tenta retardar o processo que a converterá em uma de outras seis ou sete potências no mundo. A intervenção é tão escancarada que o jornal oficial chinês Diário do Povo (de 21 de janeiro) pergunta se os EUA pretendem incorporar o Haiti como um Estado mais da União.

O jornal chinês cita uma análise da revista Time, onde se assegura que “o Haiti se converteu no 51° estado dos EUA ou, pelo menos, seu quintal”. Com efeito, em apenas uma semana o Pentágono mobilizou para a ilha um porta-aviões, 33 aviões de socorro e numerosos navios de guerra, além de 11 mil soldados. A Minustah, missão da ONU para a estabilização do Haiti, tem apenas 7 mil soldados. Segundo a Folha de São Paulo (20 de janeiro), os EUA substituíram o Brasil de seu lugar de direção da intervenção militar na ilha, já que, em poucas semanas, terá “doze vezes mais militares que o Brasil no Haiti”, chegando a 16 mil homens.

O mesmo Diário do Povo, em um artigo sobre o “efeito estadunidense” no Caribe, assegura que a intervenção militar deste país no Haiti terá influência em sua estratégia no Caribe e na América Latina, onde mantém uma importante confrontação com Cuba e Venezuela. Essa região é, para o jornal chinês, “a porta de entrada de seu quintal”, que os EUA buscam “controlar muito de perto” para “continuar ampliando seu raio de influência sobre o sul”.

Tudo isso não é muito novo. O importante é que se inscreve em uma escalada que iniciou com o golpe militar em Honduras e com os acordos com a Colômbia para a utilização de sete bases neste país. Se, a isso, somamos o uso das quatro bases que o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, cedeu a Washington em outubro, e as já existentes em Aruba e Curaçao (ilhas próximas a Venezuela pertencentes a Holanda), temos um total de 13 bases rodeando o processo bolivariano. Agora, além disso, consegue posicionar um enorme porta-aviões no meio do Caribe.

Segundo Ignácio Ramonet, no Le Monde Diplomatique de janeiro, “tudo anuncia uma agressão iminente”. Esse não parece ser o cenário mais provável, ainda que se possa concluir duas coisas: os EUA optaram pelo militarismo para mitigar seu declínio e necessitam do petróleo da Colômbia, Equador e, sobretudo, da Venezuela para afiançar sua situação hegemônica ou, pelo menos, diminuir a velocidade deste declínio. No entanto, as coisas não são tão simples.

Para o jornal francês, “a chave está em Caracas”. Sim e não. Sim porque, com efeito, 15% das importações de petróleo dos EUA provém da Colômbia, Venezuela e Equador, mesmo índice da quantidade importada do Oriente Médio. Além disso, a Venezuela caminha para converter-se na maior reserva de petróleo do planeta, assim que se confirmarem as reservas do Orinoco descobertas recentemente. Segundo o Serviço Geológico dos EUA, seriam o dobro das da Arábia Saudita. Tudo isso seria suficiente para que Washington desejasse, como deseja, tirar Hugo Chávez do poder.

Ao contrário da China, o Brasil é autosuficiente em matéria de energia e será um grande exportador. Sua maior vulnerabilidade, a militar, está em vias de ser superada graças à associação estratégica com a França. Na década que se inicia, o Brasil fabricará aviões caça de última geração, helicópteros de combate e submarinos graças à transferência de tecnologia pela França. Até 2020, se não antes, será a quinta economia do planeta. E tudo isso ocorre debaixo do nariz dos EUA.

O Brasil já controla boa parte do Produto Interno Bruto da Bolívia, Paraguai e Uruguai, tem uma presença muito firme na Argentina, da qual é um sócio estratégico, assim como no Equador e no Peru, que facilitam a saída para o Pacífico. Aí está o osso mais duro para a IV Frota. O Pentágono desenhou para o Brasil a mesma estratégia que aplica a China: gerar conflitos em suas fronteiras para impedir a expansão de sua influência: Coréia do Norte, Afeganistão, Paquistão, além da desestabilização da província de Xinjiang, de maioria muçulmana.

Na América do Sul, um rosário de instalações militares do Comando Sul rodeia o Brasil pela região andina e o sul. A pinça se fecha com o conflito Colômbia-Venezuela e Colômbia-Equador. Agora contará com o porta-aviões haitiano, deslocando desta ilha a importante presença brasileira à frente da Minustah. É uma estratégia de ferro, friamente calculada e rapidamente executada.

O problema que as nações e os povos da região enfrentam é que as catástrofes naturais serão uma moeda de troca corrente nas próximas décadas. Isso é apenas o começo. A IV Frota será o braço militar mais experimentado e melhor preparado para intervenções “humanitárias” em situações de emergência. O Haiti não será a exceção, mas sim o primeiro capítulo de uma nova série pautada pelo posicionamento militar dos EUA em toda a região. Dito de outro modo: nós, latino-americanos, corremos sério perigo e já é hora de nos darmos conta disso.

Carta Maior Atualizado em ( 04/02/2010 )

Fonte: CEBRAPAZ

26 Comentários

  1. Isso parece aquelas cenas de filme de invasão alienígena, onde o bicho gosmento sai de um corpo imprestável e parte, rastejando, para tomar outro como hospedeiro.

  2. A unica maneira de contermos a expansao e as agressoes estadunidenses, eh construindo nossas proprias bases, estrategicamente localizadas ao sul dos EEUU, incluindo-se Cuba, se possivel. Exatamente, nos mesmos moldes em que eles colocam essas bases militares, estrategicamente localizadas, para nos ameacar e cercar. Se nao temos Naes. a contento e nem em numeros suficientes, isso seria uma alternativa. Se reclamarem, fica facil de se justificar nossa presenca, mas se usarmos um Nae, fica mais complicado. Portanto, se fizermos isso (montar bases militares), poderemos ter cacife para barganhar as saida deles da America do Sul. Eles tambem sao um pedra em nosso calcanhar!

    Sds.

  3. …se os bancos brasileiro não fossem estar entre os maiores do mundo seria de estranhar, com oque roubam do povo na forma de juros e serviços…nem os agiotas cobram 20% no brasil….

  4. …muito boa a matéria, só que a transferência de tecnologia dos rafale não envolve as turbinas, radar e o codigo fonte…., e o brasil tem mais uma vantagem frente a china que é a democracia consolidada…,eles são uma ditadura oque sempre pode gerar de instabilidades…quanto a venezuela eles dificilmente invadiriam porque eles tem livre acesso ao mercado…são clientes do chaves, e o chaves não seria louco de não vender o petroleo aos E.U.A., pois são clientes potenciais…

  5. Boa análise, óbvio que é um ponto de vista. Lembrem-se, o que está dentro de nossas fronteiras podemos controlar, o que está fora não!

    O Ponto Chave, é nossa atitude e como vamos lidar com o que acontece fora de nossas fornteiras! Sempre será assim!

  6. O finado ENEIAS (político conhecido pelo jargão “Meu nome é Enéias…”) tinha a solução. Porém, hoje, no intervalo da novela FX-2, assistimos os comerciais onde a vaca vai pro brejo.

  7. Os ben-te-vi são pássaros pequenos(umas 10 x menores) frente ao gavião, que gosta de comer os ovos e filhotes deles…

    Só que quando o gavião tenta atacar o ninho dos ben-te-vi com os pais por perto, não consegue !

    Apesar de menores, os ben-te-vi voam por cima da cabeça do gavião, bicando ela, não conseguem machuca-lo seriamente, más incomodam tanto, que o gavião acaba desistindo e se afasta.

    O negócio é ficar atento e reagir antes do gavião entrar no ninho…

  8. O negócio é bem mais sério do que pensamos, pesquisem sobre o projeto Haarp dos EUA, tudo que está sendo dito acima sobre catástrofes crimáticas na America do Sul poderão se potencializar ou serão maiores do que imaginamos.

  9. “temos um total de 13 bases rodeando o processo bolivariano.”

    Ante fosse, agora elas tem outra serventia, vijiar de perto e reduzir o poder de um certo país que é tido como um cofre sem portas.

    Viajei muito?

  10. As intenções são claras, nesse momento estamos “sitiados” por EUA e Britânicos, basta lembrar que recentemente quando da exposição do Plano Nacional de Defesa especificamente para Amazônia Azul a identificação da presença britânica no atlântico sul mostra a real e eminente intenção. Some-se a isso essa perigosa aproximação dos EUA com Colômbia, Argentina e até Paraguai. É por esse viés que fico preocupado quando algumas pessoas questionam a aliança entre Brasil-França, penso, que confundem política de governo com política de estado. Quantas outras potências tecnológicas desejam firmar uma parceria de tamanha amplitude hoje com o Brasil? A França faz isso nesse momento por uma questão estratégica de futuro, pois isso também lhe valerá de saída para o quadro dos próximos vinte anos.

  11. O autor do texto não menciona também que estamos cercados ao leste pelas ilhas britânicas.

    E o perigo mora ao lado. Chile.

    Olho no Chile nos próximos anos. Estão cada vez mais juntos dos EUA.

    Viajei mais dessa vez?

  12. “Tudo isso não é muito novo. O importante é que se inscreve em uma escalada que iniciou com o golpe militar em Honduras e com os acordos com a Colômbia para a utilização de sete bases neste país. Se, a isso, somamos o uso das quatro bases que o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, cedeu a Washington em outubro, e as já existentes em Aruba e Curaçao (ilhas próximas a Venezuela pertencentes a Holanda), temos um total de 13 bases rodeando o processo bolivariano. Agora, além disso, consegue posicionar um enorme porta-aviões no meio do Caribe.”
    …………….

    Realmente, nada de novo nos métodos yankes, só que agora eles acumularam um vasto pode bélico…

    Esta era no século 19, a chamada política das canhoneiras, que os estadunidenses já aplicavam desde *1831, quando mandaram navios de guerra para as Malvinas.

    *”1831: Argentina. Um Cônsul interino do Estado Unidos, George W. Slacum, quem desconheceu o direito argentino a regulamentar a pesca em Malvinas, deu ordens ao comandante da corveta “Lexington” que saísse ao mar rumo a Porto Solidão (uma das Ilhas Malvinas) para defender rigorosamente os interesses dos pescadores ilícitos norte-americanos e o comércio dos Estados Unidos na zona. A partida desembarcou e destruiu o assentamento, tomando prisioneiros a maioria de seus habitantes. Presidente EUA Andrew Jackson (1829-37) “

  13. O negócio é montar uma base em Cuba com potencial militar bem relevante e ignorar as sanções a este país. Aumentar o efetivo no Haiti (para fazê-los perceber que também queremos ficar), criar uma aproximação/aliança militar com a China; desviar a atenção dos “caras” do processo bolivariano aumentando o apoio ao Irã (na questão nuclear); entrar de cara no Pak-Fa e mandar às favas o FX-2; fazer pressão a Israel (na questão dos assentamentos); não elegermos nem a Dilma ou o Serra para presidente (processo que seria fácil se nossas eleições fossem democráticas!). Isto só para resumir…

  14. Excelente matéria, , vamos sair logo do TNP e tomar nosso rumo…eles estão querendo nos enfraquecer..como faz com a china é a Rússia…els tem o calcanhar de aquiles deles …Porto Rico e Xicanos…temos de mostra capacidade em produzir a “THE BOMB”, e logo.

  15. Os Rafales, armados com artefatos nucleares, com certeza se constituem elementos altamente dissuasorios, minando todo o poderio belico yanque na America Latina. E eles ja existem,…rsrsrs: SH sao abatidos com facilidade pelos Rafales, imaginem com os novos e muito mais potentes motores M88 dos Rafales chegando aih, sai de baixo…rsrsrs. Os ianques estao apostando tudo contra a escolha dos Rafales, ja compraram a FAB, a Embraer e ateh o site do poder naval…, eh soh viuva chorando para todo o lado..rs.rs.rs. A FAB, para atrapalhar menos os ianques, nem faz questao de desenvolver o VLS, que poderia tambem servir de um elemento dissuasorio. Afinal, um Brasil bem armado com misseis balisticos, com certeza ficaria muito dificil para algum navio de guerra navegar impunemente pelo Atlantico Sul. Muito embora, e por enquanto, por baixo d’agua, a historia eh outra. Fazer o que, neh… eh,…vergonha nacional. Soh prova que qualquer bolivariano ou entao um comedor de criancinha faz muito melhor do que isso.

  16. Salvo engano, o Carl Vison é baseado em San Diego (oceano Pacífico) e, por consequencia, não pertece à IV Frota.
    Na verdade, o porta aviões estava à caminho de San Diego e, quando do terremoto, estava passando perto do Haiti e ajudou nas ações de socorro.

  17. Corre senao o bicho pega. Uma pena um pais como o Brasil se ver “cercado’ pelos malvados americanos.So existe um pequeno porem, quando se pensa porque isto esta ocorrendo.. O problema esta na Venezuela com o cabeca de porco Hugo Chavez fazendo do pais um grande fracasso. A alternativa para os outros paises seria o Brasil, mas somos muitos modestos. O Lula deixa esse idiota venezuelano “set the agenda” com suas gritarias anti americanas. Os Eua so entendem uma coisa. Um pais forte militarmente. O Brasil leva 10 anos para escolher um caca. Neste tempo todo os americanos reativaram a IV frota, teceram aliancas e cercaram o Brasil. Se veem necessarios pela simples razao que o Brasil nao segura Hugo Chavez e este senhor e o virus que podera levar todos a m..erd. Hugo esta solto e sem vacina.Para acabar com essa praga somente os americanos.

  18. Julio,

    A ideia de bases militares na America Central acho que eh otima, sendo que as mesmas deveriam ser localizadas em Cuba (muito proxima ao continente ianque) e Nicaragua(estrategica teriamos as costas do pacifico e do Atlantico e Haiti, todas para “ajuda humanitaria e combate ao narcotrafico”.
    Nao entendi porque nao eleger Dilma, ela seria uma excelente Presidente. Alem disso eh nacionalista, quer o bem do Brasil e do povo brasileiro e nao marginaliza-lo e entrega-lo, como os tucanos o fazem. Alem disso,nosso maior problema esta aqui dentro, a FAB, claramente, esta jogando para
    o lado alienigena, nao temos uma FAB, ela estah nas maos dos ianques e causando instabilidade politica. Isso precisa ser resolvido ou nao vamos a lugar nenhum. Resta saber como resolvermos este problema. Enquanto estiverem assim, pode trazer o melhor caca do mundo que irao rejeita-lo em favor do Gripen ou SH. Nao preciso dizer o resto que vc provavelmente ja sabe. Assim, fica dificil agir aih fora, ainda mais a FAB alinhada com o “PiG”, realmente fica muito dificil.
    Sds.

  19. A 4ª Frota não poderia atacar esse país, mesmo que cada Nae caibam 120 A/F-18 SH, pois domianr o céu não significa dominar a terra. Pergunte aos soldados americanos sobre o Afeganistão.

  20. Tudo senhores é um jogo de nervos. Montar uma base em Cuba parece remake da gerra fria que tinha na época John Kenedy e Nikita Kruchev nos papéis principais, no caso dos mísseis em Cuba. Hoje tal ação pode ser considerada loucura. Concordo com os companheiros que defendem a idéia de cuidar de nossa casa, mante-la limpa e segura, quando digo limpa refiro-me a saber quem entra, o que vem fazer, o que leva daqui etc.; e mante-la segura é colocar algumas trancas alguns dispositivos de segurança e contingência em caso de emergência, espero que tenham entendido… E além disto fazer visita aos vizinhos, emprestar açúcar ou uma chicara de pó de café porque, quando a coisa ficar difícil teremos a que recorrer… Os EUA está ladeira abaixo e tais medidas são de desespero e material bélico fica obsoleto e só com grande aporte financeiro para se manter e o dinheiro está escorrendo por entre os dedos dos estadunidenses neste momento.

  21. Ito, concordo com relação às bases externas.
    A finada URSS, cujo potencial bélico era muitas e muitas vezes o do Brasil de hoje, já não existe para ‘segurar as pontas’ desse tipo de aventura.

    Nada de entrar na ‘queda de braço’ com nenhum país.
    Trancas sólidas, e ‘dispositivos de alarme’ bem fortes. isso é urgente.

    Na minha opinião, deve se pensar (para daqui não muitos anos) em uns ‘cadeados de urânio, plutônio e uns isótopos de hidrogênio’ convenientemente colocados em sistemas de ‘entrega’, em lugares de alcance suficiente para ‘desanimar’ qualquer aventura mais agressiva.

    Capitalizar o rancor contra os americanos na AS e forjar boas alianças também é de grande valia.

    E

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  1. eg522c takamine

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