Após libertação de refém das Farc, Uribe diz que aceitaria acordo com a guerrilha

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No dia em que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) libertam mais um refém, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse no domingo que aceitaria um acordo para que a guerrilha libertasse os 22 membros das Forças Armadas sequestrados em troca de guerrilheiros presos. Mas o presidente, que vinha resistindo a negociar com as Farc, estabeleceu a condição de que os rebeldes libertados não retornem à luta armada.

– O governo tem facilitado libertações, tem feito resgates e não se opõe ao acordo humanitário, desde que o acordo humanitário não seja para devolver delinquentes às Farc – disse o presidente durante um ato do governo no Departamento de Arauca, na fronteira com a Venezuela, propondo que os rebeldes libertados viagem a outro país. – Não podemos fazer um acordo humanitário para devolver às Farc delinquentes que fortaleçam sua capacidade criminal.

As declarações de Álvaro Uribe, foram uma resposta à senadora do Partido Liberal Piedad Córdoba, que anunciou que depois das entregas do soldado Josué Daniel Calvo e do suboficial Pablo Emilio Moncayo não haverá mais libertações unilaterais por parte da guerrilha. Calvo foi resgatado no domingo, em operação que contou com a juda do Brasil.

A senadora, que recebeu Calvo na selva e na próxima terça-feira fará o mesmo com Moncayo, assegurou que para que os demais reféns do Exército e da polícia sejam libertados será necessário um acordo humanitário entre o governo e as Farc. Piedad Córdoba anunciou que entregará uma proposta de acordo humanitário a Uribe e fará o mesmo com os candidatos que se candidataram para sua sucessão nas eleições presidenciais de maio.

As Farc, que tiveram em seu poder mais de 60 reféns, inclusive a ex-ecandidata presidencial Ingrid Betancourt e três americanos resgatados pelo Exército, buscam um acordo para entregar 22 oficiais – entre soldados e policiais – que fazem parte do chamado grupo de “prisioneiros de guerra” do grupo em troca da libertação de pelo menos 500 guerrilheiros presos.

Fonte: O Globo

4 Comentários

  1. Bruno,

    Me parece que a Colômbia é um país democrático, com eleições periódicas onde a oposição pode falar e se posicionar.
    Desta feita, liderança aparentemente oposicionistas ao atual governo (Uribe), na figura da Senadora do Partido Liberal Piedad Córdoba, tem procurado um canal de negociação humanitária com as FARC, com algum sucesso. Isto pode estar atendendo os anceios da população, sendo que população em democracia significa eleitores, eleitores são votos e finalmente dos votos emana o poder.

    Legal esta tal de democracia, obriga os homens mais duros a rever suas posições…

    Mas veja bem, não tenho certeza se Piedad Córdoba é de um partido de oposição, mas certamente ela tem idéias (e ações) opostas ao Alvaro Uribe e, em face do poder do povo (através do voto), está obrigando ao governo colombiano a pensar em fazer o impensável, negociar com narco-guerrilheiros.
    Mas se o povo colombiano assim desejar, que assim seja.

    Grande abraço,
    Ivan.

  2. Ivan

    Muito obrigado pela aulinha, mas ainda assim sou contra a negociação com essa guerrilha, só lhe dá a sensação de mais poder e se continuar assim até quantas mais gerações terão problemas com a mesma Farc.

  3. Bruno,

    Peço desculpas se escrevi de forma professoral, aparentando uma pretensa “aulinha”.
    Não foi minha intenção, pois não tenho o conhecimento para isso, nem mesmo o direito de fazê-lo.
    Foi apenas meu entusiasmo.

    Eu também não gosto de negociação com narco-guerrilheiro.
    Para mim as FARCs deixaram o viés político à muito tempo, são muito mais bandidos do que combatentes por ideologia.
    Mesmo quando guerrilheiros ideológicos, se já foram um dia, eu discordava deles.

    Acredito inclusive que o Uribe fez um bom trabalho.
    Foi eleito para isso.
    Desconfio que a ação da Senadora Piedad tem viés político…
    Mas talvez seja isso que o povo colombiano queira, uma suavização das relações para diminuir o sofrimento.
    Mas quem sabe? Talvez as próximas eleições digam algo?

    Mas o interessante nesta história é a proximidade das eleições, onde sua excelência o ‘voto’ dobra a todos os poderosos, inclusive o prestigiado Presidente da República, em atenção ao que o povo (o eleitor) deseja.

    Se eu fosse eleitor na Colombia provavelmente votaria em um correligionário do Uribe. Mas não mais nele, que deve deixar a cadeira para outros, seguindo um bom princípio democrático de substituição periódica do executivo, evitando acúmulo de poder em apenas um homem, evitando a personificação do poder.

    Espero ter conseguido me expressar melhor.

    Atenciosamente,
    Ivan.

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