Amazônia: instrumento de desenvolvimento

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Aloizio Mercadante

Jornal do Brasil

RIO- A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas tem inegável influência no clima mundial por absorver gases do efeito estufa e por seu papel regulador da umidade e do regime de chuvas. Além disso, a Amazônia concentra boa parte da biodiversidade internacional e da água doce do planeta. Trata-se, assim, de uma grande riqueza para o Brasil e para o mundo. Por certo, a Amazônia, se bem utilizada, se constituiria num poderoso instrumento para alavancar nosso desenvolvimento.

Não é à toa que os olhos do mundo estão postos sobre essa imensa riqueza.No entanto, esse olhar internacional frequentemente revela-se míope em relação a dois aspectos.

Em primeiro lugar, tende a omitir do seu campo de visão a incondicional soberania territorial do Brasil e dos demais países que compõem a Organização do Tratado da Cooperação Amazônica (OTCA) sobre a região. Com efeito, é com inquietante frequência que ouvimos ou lemos declarações de líderes mundiais que tentam relativizar a soberania do nosso país sobre a Amazônia, com o argumento inconsistente de que a floresta seria, na realidade, um patrimônio da humanidade.

Em segundo, o olhar internacional costuma não enxergar a realidade humana e social da Amazônia. Lá habitam cerca de 24 milhões de brasileiros. São, em sua maioria, pessoas pobres que precisam de emprego, renda, serviços públicos e qualidade de vida.Na realidade, essa população faz parte da riqueza amazônica. É a partir dela que se poderá gerar um processo de desenvolvimento sustentável na Amazônia que preserve o equilíbrio do meio ambiente e gere, ao mesmo tempo, serviços e bens ambientais para o mundo e renda e empregos de qualidade para os amazônidas.

Evidentemente,o olhar brasileiro não pode escamotear esses importantes aspectos da realidade amazônica. É esse olhar mais abrangente e realista que tem de prevalecer. Isso implica ter atitude propositiva nos debates referentes ao meio ambiente, às mudanças climáticas e ao papel da Amazônia nesse quadro.

Pois é isso que farei. Graças a um gentil convite do jornalista João Dória,participarei do Fórum Internacional de Sustentabilidade, em Manaus. Lá estarão personalidades envolvidas no debate internacional sobre mudanças climáticas, como Al Gore e James Cameron. Será excelente oportunidade para dar um recado consistente sobre qual o papel que o Brasil pode desempenhar no combate ao efeito estufa e na promoção do desenvolvimento sustentável da região amazônica.

Na minha opinião, o Brasil reúne todas as condições para ser vanguarda nessa luta fundamental para o futuro da humanidade. Temos matriz energética limpa, tecnologia de ponta na geração de energias renováveis, a maior biodiversidade do planeta e, diferentemente dos países desenvolvidos, ainda temos cerca de 80% das nossas florestas preservadas. Ademais, na Conferência de Copenhague, apresentamos proposta ousada para a redução do desmatamento e das emissões de carbono, o que nos dá legitimidade para liderar esse debate.

O potencial que temos é enorme. Só com base no chamado REDD (Programa Colaborativo das Nações Unidas sobre Redução de Emissões Derivadas do Desflorestamento) poderíamos gerar serviços ambientais fundamentais para o clima mundial e, concomitantemente, criar atividades bem remuneradas para os amazônidas, fazendo com que a floresta tenha mais valor em pé do que derrubada.

O principal estrangulamento está,porém, no financiamento. Por isso, apresentarei a minha proposta de se criar um fundo ambiental mundial com base na taxação de até 1% das importações mundiais, o que não teria nenhum efeito negativo nas economias. Com potencial arrecadador de até US$ 100 bilhões/ano, tal fundo poderia custear tais atividades.

A Amazônia é fundamental para a humanidade. Mas é, sobretudo, fantástica riqueza renovável que pertence ao Brasil e aos outros países da região. Portanto, somos nós,brasileiros, que temos de liderar e ditar as regras sobre o seu   imprescindível desenvolvimento.

Fonte: Jornal do Brasil via CCOMSEX

9 comentários em “Amazônia: instrumento de desenvolvimento

  1. Queremos preservar, + tem pessoas lá, queremos povoar, desmatar, viver, sem poluir. A pobreza, leva a esses extremos, derrubar árvores p tudo..tem de dar alguma vantagens p os mesmos preservarem esse ecosistema…Quem vai pagar?

  2. É Argus, em países desenvolvidos, o governo paga para os fazendeiros preservarem o meio ambiente. O Brasil poderia fazer isso aqui com a ajuda de algum grupo de apoio nacional (nada de ONG), ajudando a ocncientisar os moradores daquele lugar. Afinal, até ele poderiam serevir ao estado ajudando a preservar, e em troca, uma $$$$.
    Essa gentre precisa de dinheiro e ter onde gastar.

  3. Tem de preservar e com todo cuidado…
    Um patrimônio nosso e da humanidade, mas sob nosso cuidado soberano.
    Nossos descendentes merecem essa maravilha em todo seu explendor.

  4. Na verdade a Amazônia para a população local de lá, é vista como um ‘grande quintal’, onde eles podem ‘desfrutar’ de suas riquezas. Por isso eles naum teriam um real motivo para sair desmatando toda a floresta, afinal eles vivem disso. Diferente dos grandes empresários e madeireiros que se dizem ‘ecologicamente corretos’, mais que no fundo vendem madeira ilegais, põe fogo em grades áreas, etc. É verdade que o nº de fiscalização aumentou até mesmo por parte da população (de um modo geral), mais mesmo assim não é o suficiente. E fora que nem citei as supostas ONGS…

    Bem… Se continuar assim dentro de um futuro não tão distante teremos uma Amazônia não tão verde assim… =/

  5. “A Amazônia não é o pulmão do mundo”

    Alias o grande real pulmão do mundo é o mar com suas quase ‘infinitas’ colônias de algas, corais, etc…

  6. Leandro Mello :
    “A Amazônia não é o pulmão do mundo”
    Alias o grande real pulmão do mundo é o mar com suas quase ‘infinitas’ colônias de algas, corais, etc…

    A Amazônia é o “arcondicionado”.

  7. Luiz :

    Leandro Mello :
    “A Amazônia não é o pulmão do mundo”
    Alias o grande real pulmão do mundo é o mar com suas quase ‘infinitas’ colônias de algas, corais, etc…

    A Amazônia é o “arcondicionado”.

    Hauhuahuahuhauauhuhauhauhuahua pelo menos “refrescamos o mundo”. =P

  8. Leandro Mello :

    Luiz :

    Leandro Mello :
    “A Amazônia não é o pulmão do mundo”
    Alias o grande real pulmão do mundo é o mar com suas quase ‘infinitas’ colônias de algas, corais, etc…

    A Amazônia é o “arcondicionado”.

    Hauhuahuahuhauauhuhauhauhuahua pelo menos “refrescamos o mundo”. =P

    Ela atua como regulador térmico e de humidade no continente sulamericano.

    rsrrsrs

    Essa de pulmão é bem tosca.

    O pulmão pegar o arpuro e devolve CO2

    Bem o contrario do que uma árvore normal faz. Recolhe as impurezas e devolve o ar limpo.

    Se fosse mesmo pulmão…

    Sem falar mesmo nas cianobactérias.

    Fonte: Wikipédia

    “As cianobactérias foram os principais produtores primários da biosfera durante mais ou menos 1.500 milhões de anos, e continuam sendo nos oceanos. A Terra continha pouco ou nenhum oxigênio naquela época. Alguns cientistas consideram que a atmosfera primitiva continha apenas 0,0001% de oxigênio.[4][5] O mais importante é que através da fotossíntese elas encheram a atmosfera de oxigênio.[6] Continuam sendo as principais provedoras de nitrogênio para as cadeias tróficas dos mares, sendo ainda de utilidade para a alimentação humana e produção de biocombustíveis.”

  9. “…taxação de até 1% das importações mundiais…”

    Tentaram criar um imposto mundial no final do ano passado, em Copenhagen, e não deu certo. Obrigar Estados independentes a pagar imposto relativiza exageradamente a soberania.
    Quando um dono de supermercado não paga seus impostos o Estado usa seu poder coercitivo para obriga-lo. Se um país não pagar esse imposto mundial, quem irá coagi-lo a pagar? Quem será a polícia que terá força para obrigar, por exemplo, os EUA a pagar?

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