Insistência pode atrasar processo de paz, disse Netanyahu nos EUA.
Palestinos só negociam se assentamentos forem congelados.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse nesta terça-feira (23) temer que o diálogo para a paz no Oriente Médio possa ser adiado por mais um ano se os palestinos não deixarem de lado a exigência por um congelamento total das novas construções de assentamentos israelenses.
“Não devemos sofrer um impasse por causa de uma exigência sem lógica e insensata”, disse Netanyahu a líderes do Congresso norte-americano durante visita a Washington, segundo seu porta-voz. “Isso suspenderia as negociações de paz por mais de um ano.”
Os palestinos recuaram de um acordo para começar as negociações indiretas, intermediadas pelos EUA, com Israel há duas semanas, depois que o governo israelense anunciou planos de construir 1.600 casas para judeus nos territórios ocupados da Cisjordânia anexados a Jerusalém.
Os diálogos diretos estão suspensos desde dezembro de 2008.
O novo projeto residencial também desencadeou a disputa mais séria entre Israel e Washington desde que o presidente dos EUA, Barack Obama, assumiu o cargo no começo do ano.
Netanyahu fez seu comentário depois de uma reunião no Capitólio com líderes democratas e republicanos, algumas horas antes de uma reunião mais reservada com Obama na Casa Branca.
Autoridades israelenses ignoraram receios dos palestinos sobre os assentamentos israelenses em Jerusalém Oriental, território que Israel capturou da Cisjordânia na guerra de 1967 no Oriente Médio.
Eles disseram até que os palestinos compreendiam que os blocos de apartamentos que Israel construiu para os judeus nos territórios ocupados da cidade não impediriam qualquer acordo de paz futuro.
Os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital de um estado que almejam na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, assegurou a Netanyahu que o Congresso estava “ao lado de Israel”.
“Nós, do Congresso, estamos ao lado de Israel. Esse é um ponto que está acima das divisões partidárias”, afirmou Pelosi, na presença do chefe da minoria republicana, John Boehner, ao receber Netanyahu no Capitólio.
“A longa amizade entre os Estados Unidos e Israel se baseia em valores comuns: democracia, pluralismo e liberdade. E em desejos comuns de paz e segurança para nossas crianças”, acrescentou Pelosi.
Netanyahu manteve-se firme sobre a questão de Jerusalém na segunda-feira em Washington, em um pronunciamento no Congresso Anual do American Israel Public Affairs Committee (AIPAC), principal grupo de pressão pró-israelense nos Estados Unidos. Ele afirmou que “Jerusalém não é uma colônia”, e sim a capital de Israel.
O republicano Boehner reconheceu a dificuldade do momento, mas que a presença de Netanyahu poderá conduzir a um diálogo “franco e aberto”, sobre a forma de se chegar à paz.
Também nesta terça-feira, a Casa Branca anunciou que as discussões entre o Biden e Netanyahu na segunda-feira foram “francas” e “produtivas”, poucas horas antes do encontro entre o presidente Obama e o primeiro-ministro israelense.
“Ontem à noite, o vice-presidente e o general Jones (conselheiro para a segurança nacional James Jones) tiveram um jantar de trabalho com o primeiro-ministro israelense (Benjamin) Netanyahu e com o ministro israelense da Defesa (Ehud) Barak na residência do vice-presidente”, indicou a Presidência americana em um comunicado.
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