Lula diz que palestinos sofrem ‘bloqueio cruel’ de Israel

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Silvia Salek

Enviada especial da BBC Brasil a Belém

Em Belém, ao lado do primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, Salam Fayyad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira de cruel “o bloqueio que vem sofrendo o povo palestino” e fez duras críticas à barreira construída por Israel na Cisjordânia.

“Sabemos qual é o primeiro desafio nessa caminhada. Vencer o cruel bloqueio que vem sofrendo o povo palestino. O muro de separação cobra um alto preço em termos de sofrimento humano e prejuízo material, sobretudo na Faixa de Gaza”, disse.

“A asfixia imposta à Cisjordânia e a Gaza impede que a Palestina se beneficie dos fluxos de comércio internacional”, disse Lula, prometendo ajudar na busca de uma solução que permita a criação de um Estado palestino.

A barreira que corta a Cisjordânia é formada por muros e cercas, já tem mais de 400 km de extensão e anexa parte da Cisjordânia a Israel. O hotel onde Lula está hospedado e onde fez o discurso fica a cerca de 100 metros de uma parte do muro.

Influência do Brasil

Ao comentar como o Brasil aumentou sua influência geopolítica, Lula disse que “isso parecia impossível” quando assumiu o poder.

“Ao longo de séculos, as nossas autoridades gostavam de ser submissas às chamadas economias ricas. A palavra correta é submissa, é de não lutar pela sua soberania, de não respeitar a si próprio, de não fazer valer as coisas que eram do Brasil. Nós sabíamos que a única maneira de conseguirmos isso era acreditar em nós mesmos”, disse Lula.

Comentando a iniciativa inédita entre presidentes brasileiros de visitar a região, Lula, que diversas vezes se referiu aos territórios palestinos como Palestina ou Estado Palestino, disse que esse é apenas o primeiro passo nessa aproximação.

“Nós estamos dando esse primeiro passo no estabelecimento de uma política entre o Estado brasileiro e o Estado palestino, uma política comercial mais sólida, mais forte e mais desenvolvida”, disse Lula.

O presidente voltou a mencionar que a resolução do conflito entre israelenses e palestinos torna necessários mais interlocutores e prometeu levar a questão à comunidade internacional.

“Agora, o Brasil participa do G20, do G90, do G70, do G20 comercial, do G14, do G13, do G8, do G5, do G4, ou seja, nós agora temos uma gama extraordinária de fóruns onde estão presentes vários países que têm muito a ver com a solução do conflito”, afirmou Lula.

“Não é possível a gente ficar numa década feliz porque caiu o muro de Berlim e, na outra década, ficar triste porque está se erguendo um muro dividindo o Estado de Israel e o Estado Palestino.”

“O Brasil sempre esteve interessado, mas nunca esteve tão interessado como está agora em encontrar uma solução”, disse o presidente, arrancando aplausos da plateia.

O primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, Salam Fayyad, convidou empresários a investirem na região, mencionando que criarão uma zona industrial no norte do território para atrair investimentos estrangeiros.

“Não há investimento sem risco”, disse Fayyad. Em seu discurso, Lula mencionou ainda que “as necessidades de investimento na Palestina são na mesma escala dos desafios de reconstruir um país. Estamos prontos a apoiar as iniciativas do Plano Fayyad para identificar produtos com potencial exportador”, prometeu.

Fonte: BBC Brasil

14 Comentários

  1. Não é bem assim rogério, para se mediar um conflito, não se pode pender para um único lado, a meu ver, já temos várias parceiras com o estado Israelense, eles definitivamente não tem o direito de ficar furiosos, pois temos o direito, e os EUA que são os EUA não dizem para nós com quem conversar, quanto menos Israel pode dizer com quem faremos acordos ou não.

    Considero de suma importância o fechamento de contrato entre empresários palestinos e brasileiros, pois com isso afina-se as conversações entre os países, tornando-os assim mais hospitaleiros com as opiniões do Brasil, seria uma grande injustiça tentar mediar um conflito, tendo uma grande desproporcionalidade de acordos brasileiro com Israel, tem de se balancear tudo,desta forma, conseguimos aumentar o mercado brasileiro no oriente médio, via Irã,Palestina,Israel,etc,nos credenciando de certa forma para opinar sobre suas questões internas.

    Abraço.

  2. Os palestinos poderiam se ajudar um pouco e parar de brigar também…Na faixa de gaza o principal divertimento do HAMAS e perseguir os membros do Fatah ( além é claro lançar foguetes contra Israel). O Fatah por sua vez cria mil maneiras de provocar o Hamas. Alguns árabes dizem|:
    -Árabes se odeiam mais entre si do que a Israel.

  3. Boas pessoal, uma pergunta Vocês que vivem nesse lado podem responder melhor do que eu.
    A posição do Brasil a nível mundial está balançado para que lado? Para uma posição antiamericana, pró-soviética ou nem de um lado nem de outro. Está mais perto do que bloco?
    Com essa opinião é natural o afastamento dos países que se colocam neutros e junta-se aqueles que criticam a posição Israelita.
    É uma questão de curiosidade… pois não quero basear-me em “fontes” da imprensa e artigos de opinião.
    A opinião mais sincera por vezes é dada por pessoas como nós… por isso fazem o favor de dizer…
    Obrigado

    • Karlos73, eu estou por cá, eheheh em Coimbra (até temos que combinar um café( modo de dizer, cerveja é o mais apropriado)).
      Creio que a posição do Brasil não é nenhuma nem outra, a diplomacia Brasileira luta pela pluri-polaridade (se é que isto existe).
      A idéia do Brasil é não estar preso a uma linha e sim posicionar-se como uma via extra.
      Porém isto não bem compreendido nem mesmo pelos Brasileiros, uns acham que estamos sendo anti-americanso, outros que somos mais americanos do que devíamos.
      Eu pessoalmente defendo que o Brasil não tenha que optar por nenhum dos dois lados, e ser amigo de todos e inimigo de niguém…
      Cumprimentos de Coimbra
      E.M.Pinto

  4. Lucas Urbanski

    ” e os EUA que são os EUA não dizem para nós com quem conversar, quanto menos Israel pode dizer com quem faremos acordos ou não.”

    Apesar de fazerem, né?

    Saldações.

  5. Karlus, acredito que a posição brasileira é relacionada à sua expansão de interesses à nível global.
    Não é uma pura questão ideológica de se posicionar num “anti-americanismo” ou numa falsa neutralidade. O Brasil, assim como outras potências emergentes quer ter uma influência comercial e política maior. Por vezes este interesse se esbarra com as posições americanas. Em outros casos as duas nações compartilham de interesses comuns. Não dá para dizer que o Brasil irá “pender” para um outro lado porque isto não é possível. O Brasil não tem a pretenção de “substituir” os EUA como potência ou disponibilizar ao mundo um “novo-modelo”.
    É apenas uma questão onde uma nação almeja mais poder e outras não querem ceder este espaço. Atritos contra o Brasil serão cada vez mais comum nos próximos anos, seguiram de perto esta expansão.
    Um grande abraço

  6. Karlus73

    karlus, na minha opinião, o Brasil está na via diplomática independente, tanto que não esta se sujeitando as pressões de outros países ocidentais. Acho que é uma “faca de duas pontas”. Os outros países não nos veem com uma postura antiamericana, porém, pode-se perceber que estamos “atrapalhando os interesses deles”, aí é que está o “X” da questão.

    Não é interesse para os EUA e Europa “dar a chance do Irã “falar o seu lado” para o mundo”. Eu percebo uma grande manipulação mundial contra os países árabes, sobretudo aos “muçulmanos”, onde sempre são a maioria dos “terroristas” nos filmes americanos. É uma verdadeira “pirraça” antimuçulmana bem camuflada.

    Muitos não sabem, mas os Estados Unidos não são muito “especialistas em Brasil”. Por mais incrível que pareça, os EUA praticamente largaram a América Latina nos anos 80 e 90, dando espaço para o Brasil ocupar parte do “vácuo” que a politica americana deixou no subcontinente. Só agora que os americanos viram que perderam muito espaço na América Latina. Isso tudo é somado ao tratamento “de choque” que o Brasil está sofrendo no exterior.

    Somos um novo “player” mundial. Novo, mas sem tanta influência. O que chama a atenção em nós, são os nosso interesses, muito distinto dos interesses escusos da outros países. Por exemplo, já é dito no mundo que o Brasil é um “jogador soft power”.
    A posição do Brasil é leve e pacificadora.

    Isso me lembra o comentário que fiz a um colega defendendo a posição brasileira naquela região.

    Estamos defendendo sim os nossos interesses lá como qualquer outra não faria, contudo, nossos interesses são de vender, não de nos apropriar dos minerais e petróleo de lá.

    Espero ter sido o mais claro possível.

  7. Os Palestinos lançam foguetes..totlamente rudimentares q mal causam danos…até nisso eles ñ tem ajuda…+ os sionistas lançam os seus e só de 5 a seis mortos …é els q invadiram a casa dos Palestinos…Quanto ao Hamas realmente estão divindo a casa, + por outro lado, Os sionistas ñ querem dúvidam da capacidade deles de matar ou morrerem, se td a cisjordania fosse assim…a mt tempo os sionistas teriam retirado os assentamentos, os enclaves,das terras Palestinas, o fazem e dizem os aliados doa sionistas , os ingleses/ianks, nada..humilhar e matar Palestinos é “Legitima” defesam eles tem de ceitarem a invasão e tomada de suas terras passivamente…o q vc faria?

  8. Faltam veemencia e condenaçao ao terror palestino patrocionado pelo Irã. Israel tem direito a autodefesa. Simples: usa a força que tem, porque se der moleza no oriente medio vai ser engolido facilmente e holocausto nunca mais.

  9. ‘Gafe’ seria Lula homenagear Herzl

    ‘Gafe’ seria Lula homenagear Herzl

    O blogueiro de José Serra Ricardo Noblat noticiou “em primeira mão”, na noite de ontem, a informação de que Lula, em visita a Israel, teria cometido “mais uma gafe” por ter se recusado a depositar flores no túmulo de Théodor Herzl, fundador do movimento sionista, que criou o Estado de Israel. Foi o que bastou para a horda de trolls do tucano invadir a internet com uma versão inexplicável dos fatos, o que requer esclarecimentos.

    O Sionismo visou estabelecer o Estado judeu na Palestina, onde havia e continua havendo uma população autóctone. O sonho de Herzl, um judeu húngaro, era o de fazer valer uma espécie de “direito ancestral” do seu povo através de colonização de terras. Os arquivos dos sionistas dizem que eles acreditavam que a população nativa da Palestina, como resultado desta colonização, simplesmente “montaria as suas tendas e fugiria”. E, se resistisse, seria defenestrada e ponto final.

    O processo começou aos poucos, quando o primeiro assentamento sionista na Palestina nasceu e um pequeno grupo judáico imigrou para lá em 1882. A força econômica sionista continuou cravando assentamentos na região. O objetivo era fazer uma lenta e progressiva limpeza étnica que expulsaria os palestinos. Uma “limpeza” que dura até hoje.

    O escritor anglo-judeu Israel Zangwill, um dos líderes do Sionismo inglês, dizia que a Palestina era “uma terra sem povo para um povo sem terra”, ou seja, para o povo judeu. Os 410.000 palestinos (muçulmanos e cristãos) que viviam ali eram considerados um mero detalhe.

    Alguns historiadores entendem que a liderança sionista não quis dizer que não havia pessoas na Palestina, mas que os palestinos não seriam dignos de ser considerados um povo. Os sionistas realmente acreditavam que a região em que fundaram Israel pertencia exclusivamente ao povo judeu por herança histórica e que os que ali viviam seriam intrusos.

    Aí vem a azeitona da empada: Theodor Herzl escreveu, em 1895, que a solução seria mandar os palestinos, “sem nem um tostão”, para além das fronteiras da Palestina e que o processo de remoção deveria ser realizado “de forma discreta”. Israel Zangwill reforçou dizendo que “dar um país a um povo sem país” seria “loucura”, e que não se poderia permitir que aquele fosse “um país de dois povos”.

    Para os palestinos, os quais Lula irá visitar na viagem que ora empreende, homenagear seu algoz seria um insulto. Como homenagear o artífice do sofrimento desse povo e depois visitá-lo? Espero, pois, que o presidente não ceda às pressões e se atenha a contatos diplomáticos com os israelenses. Gafe ele cometeria se tivesse homenageado o carrasco do povo palestino.

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