Política de ‘embaixador do mundo’ de Lula é criticada

Que há de comum entre Irã, Cuba, Honduras e a Venezuela? Resposta: são países onde há controvérsias envolvendo direitos humanos ou liberdades políticas e de pensamento e em todas as polêmicas envolvendo estes países o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma posição nem sempre elogiada.

O próximo alvo da retórica lulista é o Oriente Médio, há anos palco de conflitos. O presidente Lula, que embarcou neste sábado para o Oriente Médio, tem como foco de sua agenda a tentativa de intermediar o processo de paz entre árabes e israelenses. Estão previstos encontros com o presidente do Estado de Israel, Shimon Peres, com a líder oposicionista israelense, Tzipi Livni, além de reunião reservada com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

Porém, alguns especialistas criticam a pretensão pacifista do presidente, chamada de “ilusão” e “travestismo político”, entre outros adjetivos.

O Brasil quer uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), instância responsável por dirimir potenciais conflitos. Para aumentar o prestígio do País como candidato a essa vaga, Lula tem se valido de seu prestígio mundial, além da máxima de haver um convívio harmônico entre os povos em território brasileiro, como credenciais para se manifestar sobre a condução das negociações de paz entre Israel e os territórios palestinos ocupados.

Aviso aos mediadores

O diretor político da chancelaria de Israel, Rafael Barak, já enviou recados de que aqueles que forem à região é que devem chegar a um acordo. Além disso, o próprio Lula admitiu, em entrevista à imprensa árabe e israelense, que “necessariamente o Brasil não precisa estar na negociação”.

Mesmo assim, a viagem, a primeira de um governante do Brasil a Israel e à Palestina, é tratada na Presidência da República como uma oportunidade, principalmente por ocorrer no momento em que “o Brasil se aproxima crescentemente dos países do Oriente Médio e atua na busca de solução para o conflito israelo-palestino”, segundo o porta-voz da República, Marcelo Baumbach.

A participação do Brasil no impasse entre árabes e judeus não é vista por Barak como uma intromissão brasileira no conflito, embora ele destaque que o “esforço (pela paz) deve ser concluído pelas partes”. A dubiedade da posição do Brasil diante de problemas vividos por outras nações, no entanto, tem sido condenada por jornalistas e analistas de relações internacionais.

À imprensa do Oriente Médio, Lula disse que teria alguns “ensinamentos” a oferecer a quem vive no conflito entre judeus e palestinos e indicou, quando questionado sobre uma possível mediação em favor de soldados prisioneiros do Hamas, que faria “tudo o que puder fazer que possa construir sinais de paz”. Já no que diz respeito à situação de presos políticos cubanos, em contrapartida, o presidente brasileiro tem sido criticado por supostamente se negar a interceder em favor de opositores do regime político em Cuba.

Marketing
Para o cientista político Paulo Kramer, há um paradoxo das atitudes de Lula na política externa. Isso se reflete, entre outros episódios, na disposição do Brasil de articular uma eventual solução de paz no Oriente Médio ao mesmo tempo em que se alia e busca defender um programa nuclear considerado duvidoso e desenvolvido pelo governo do Irã.

“Essa pretensão de projetar o Brasil internacionalmente está auto-condenada ao fracasso porque o governo Lula tem uma política externa digna de política estudantil”, diz o analista, para quem setores do governo pressionam na direção de políticas anti-americanistas, como no caso do Irã e no de não deixar os Estados Unidos como mediadores preferenciais no caso de Israel. “Esse tipo de atitude não leva a absolutamente nada”, afirma.

“O presidente Lula faz uma aproximação com o Irã, que é um pária da comunidade internacional, tanto quanto Cuba. Agora só falta ele abraçar o ditador da Coreia do Norte. O governo Lula tem uma ‘política externa do B’, que cumpre princípios ideológicos muito precisos. E o presidente (como mediador de conflitos) é visto em regiões da Europa como uma figura folclórica, pitoresca, que preenche o ideal de pureza, (…) o que é uma ilusão”, avalia.

Plástica política
Colaborador do blog dissidente “Desde La Habana”, o jornalista cubano Iván García endossa as duras críticas ao presidente Lula, classificando-o como “um produto resultado da cirurgia política, um fruto do marketing, um craque da nigromancia (forma de adivinhação com consulta a demônios) e do travestismo político”.

Se nos fóruns internacionais e em conversas com o presidente dos EUA, Barack Obama, Lula mostra-se um político hábil na discussão de assuntos ditos globais, pondera o jornalista, ele também é capaz de se fazer de “surdo” em questões como a dos direitos humanos em Cuba, invocando o princípio da não-interferência e da soberania do governo comandado por Raúl Castro.

O analista em Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Eiiti Sato, por sua vez, vê “prioridades esquisitas” na política externa brasileira, incluindo a disposição do governo brasileiro de atuar como mediador no conflito do Oriente Médio. “Ao invés de olharmos se o Brasil tem importância em um lugar ou outro, temos que fazer uma lista de prioridades. A dose de pragmatismo foi uma nota marcante na diplomacia brasileira, mas por alguma razão não está se dando valor a esse pragmatismo. O Brasil tem pouca capacidade de influência no processo de paz no Oriente Médio”, afirma Sato.

Credenciais do Brasil
Independentemente das contestações, em especial sobre a participação do Brasil no impasse israelo-palestino, o porta-voz da Presidência acha que uma solução para o conflito é possível. Claro, com uma forcinha nossa. “O Brasil tenta contribuir e continuará tentando contribuir para a busca de uma solução para o conflito e para que as negociações a respeito desse assunto prossigam da melhor maneira possível. O presidente acha que o Brasil tem credenciais para participar dessa busca de uma solução e vai sempre procurar aproximar as partes e fomentar o diálogo”.

Fonte:  Terra

8 Comentários

  1. Na verdade o que há de comum entre esses países é o fato de que seus governnos não se curvam aos interesses americanos. O governo brasileiro na gestão do presidente Lula da Silva também deu um basta nessa submissão, contrariando não só os interesses americanos bem como da mídia golpista, militares e de parte da elite brasileira.

  2. Aggression Link: War on the Horizon na América Latina

    Por Emir Sader

    URL deste artigo: http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=18064

    Global Research, 12 de março de 2010
    Postcards from the Revolution – 2010/03/11

    O império vai parar em nada de encontrar mecanismos e as técnicas para atingir o seu objetivo final, e não podemos desconsiderar a possibilidade de um conflito militar no futuro próximo. Se os E.U. lugares a Venezuela na lista “terrorista” este ano, poderíamos estar na iminência de uma guerra regional.

    A América Latina tem sofrido constantes agressões executados por Washington durante os últimos duzentos anos. Estratégias e táticas de guerra aberta e encoberta foram aplicadas contra as diferentes nações da região, que variam de golpes de estado, assassinatos, desaparecimentos, torturas, as ditaduras brutais e atrocidades, perseguições políticas, a sabotagem económica, operações psicológicas, a guerra de mídia guerra, biológicos , subversão, contra-insurgência, infiltração paramiliary, terrorismo diplomático, bloqueios, intervenção eleitoral para as invasões militares. Independentemente de quem está na Casa Branca – o democrata ou republicana – quando vem à América Latina, as políticas do Império continuam as mesmas.

    No século XXI, a Venezuela tem sido uma das metas principais para essas constantes agressões. Desde o golpe de abril de 2002, houve uma perigosa escalada de ataques e tentativas de desestabilização contra a Revolução Bolivariana. Embora muitos caíram sob o sorriso sedutor e palavras poéticas de Barack Obama, não é necessário olhar para além do ano passado para ver a intensificação das agressões de Washington contra a Venezuela. A maior expansão militar na história da região – através da ocupação E.U. da Colômbia – a reativação da Quarta Frota da Marinha E.U., bem como uma maior presença E.U. militares no Caribe, Panamá e da América Central durante todo o ano passado, pode ser interpretados como uma preparação para um cenário de conflito na região.

    Escalada de agressões

    As declarações hostis de vários representantes de Washington, durante as últimas semanas, acusando a Venezuela de fracasso no combate às drogas, violando os direitos humanos “, que não contribuem para a democracia ea estabilidade regional”, e de ser o “anti-líder regional US”, fazem parte de uma campanha coordenada que visa justificar uma agressão direta contra a Venezuela. Logo, Washington irá publicar sua lista anual de “Estados patrocinadores do terrorismo”, e se a Venezuela é colocado na lista deste ano, a região poderia estar à beira de um conflito militar sem precedentes.

    A evidência parece indicar um movimento nesse sentido. A E.U. Air Force documento justificando a necessidade de aumentar a presença militar na Colômbia, afirmou que o Washington se prepara para “guerra expedicionária” na América do Sul.

    O documento da Força Aérea 2009, enviado ao Congresso, em maio passado (mas posteriormente modificada em novembro, depois que foi utilizado para demonstrar as verdadeiras intenções por trás do acordo militar entre os E.U. e Colômbia), explicou, “O desenvolvimento deste CSL (Cooperativa de Segurança Local) ainda mais a parceria estratégica entre os E.U. forjado com a Colômbia e é do interesse de ambas as nações … A presença também vai aumentar a nossa capacidade de condução de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR), melhorar o alcance global, as necessidades de apoio logístico, melhorar as parcerias, melhorar a cooperação em segurança de teatro e expandir a capacidade expedicionária guerra “.

    On the Verge of War

    O primeiro relatório descrevendo a defesa e as prioridades de inteligência do governo Obama dedicou atenção substancial à Venezuela. O Relatório Anual de Avaliação do Threat Intelligence E.U. comunitário – que mencionou Venezuela no ano passado, mas não quase com a mesma ênfase e extensão – sobretudo fora sinalizou o presidente Chávez como uma “ameaça importante” para os interesses E.U.. “O presidente venezuelano, Hugo Chávez, estabeleceu-se como uma das principais dos EUA detratores internacional, denunciando a democracia liberal eo capitalismo de mercado e políticas opostas E.U. e interesses na região”, disse o documento da inteligência, Venezuela colocação na mesma categoria como Irã, Coréia do Norte e Al Qaeda.

    Dias depois que o relatório foi publicado, o Departamento de Estado apresentou o seu orçamento de 2011 para o Congresso. Além de um aumento do financiamento através da USAID e do National Endowment for Democracy (NED) para financiar grupos de oposição na Venezuela, – mais de US $ 15 milhões de dólares – havia também um pedido de 48 milhões dólares USD para a Organização dos Estados Americanos (OEA) ” implantar equipes especiais “promotor da democracia” para países onde a democracia está ameaçada pela crescente presença de conceitos alternativos como a “democracia participativa” promovida pela Venezuela e Bolívia “.

    Uma semana depois, o Banco Interamericano de Comissão de Direitos Humanos da OEA, – financiado por Washington – emitido um relatório de 322 whopping página bater a Venezuela por violações dos direitos humanos, a repressão da imprensa e minando a democracia. Apesar do fato de que era um relatório – e um Commission – dedicado ao tema dos direitos humanos, o estudo detalhado apenas mencionou o imenso realizações do governo de Chávez na promoção dos direitos humanos; avanços que foram reconhecidos e aplaudidos nos últimos cinco anos pela Organização das Nações Unted. As provas utilizadas pela OEA para elaborar o relatório veio da oposição, depoimentos e tomadas tendenciosa mídia, uma clara demonstração da subjetividade perigosa.

    Simultâneo a estas acusações, um tribunal espanhol acusou o governo venezuelano na última semana de apoiar e colaborar com as Farc e ETA – organizações consideradas terroristas por ambos os E.U. e Espanha – provocando um escândalo internacional. Presidente Chávez reiterou que seu governo não tem absolutamente nenhum vínculo com qualquer grupo terrorista no mundo. “Este é um governo de paz”, declarou Chávez, depois de explicar que a presença de membros do ETA na Venezuela é devido a um acordo feito há 20 anos pelo governo de Carlos Andrés Pérez, a fim de auxiliar a Espanha em um tratado de paz com a O grupo separatista basco.

    O Império não tem cor

    Na semana passada, em turnê na América Latina, o secretário de Estado E.U. Hillary Clinton não poderia deixar de atacar Venezuela durante seus diferentes declarações feitas antes da mídia internacional. Ela expressou sua preocupação “grande” para a democracia e os direitos humanos na Venezuela, acusando o presidente Chávez de não “contribuir de forma construtiva” para o progresso regional. Em tom cínico, Clinton aconselhou o presidente Chávez para “olhar mais para o sul” de inspiração, em vez de em relação a Cuba.

    Viagem regional de Clinton era parte de uma estratégia anunciada pela administração Obama no ano passado, para criar uma divisão entre a chamada “esquerda progressista” e da “esquerda radical” na América Latina. Não é coincidência que sua primeira turnê da região coincidiu com o anúncio de uma nova América Latina e Caribe da Comunidade de Estados, que exclui a presença de os E.U. e Canadá.

    The Coming Conflict

    Um conflito militar não é iniciada a partir de um dia para o outro. É um processo que envolve o primeiro influenciando a opinião pública ea opinião – demonizar o líder do alvo ou do governo para justificar a agressão. Posteriormente, as forças armadas estão estrategicamente implantados na região, a fim de garantir uma ação militar eficaz. Táticas, como subversão e de contra-insurgência, são utilizados a fim de enfraquecer e desestabilizar o país de destino do interior, aumentando a sua vulnerabilidade e enfraquecendo suas defesas.

    Este plano tem sido ativo contra a Venezuela durante vários anos. A consolidação da unidade e integração regional latino-americana ameaça E.U. possibilidades de recuperar a dominação e controle no hemisfério. E o avanço da Revolução Bolivariana têm impedido a sua “auto-destruição”, provocada pela subversão interna financiado e dirigido por agências E.U.. No entanto, o Império não cessará suas tentativas de alcançar o seu objectivo final, e um potencial conflito militar na região permanece no horizonte.

    Please support Global Research
    Global Research conta com o apoio financeiro de seus leitores.

    Seu apoio é muito apreciado

    Inscrever-se para a Pesquisa Global e-newsletter
    Isenção de responsabilidade: As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor e não necessariamente refletem as do Centro de Investigação sobre a Globalização. O conteúdo deste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor (s). O Centro de Investigação sobre a Globalização não será responsável por quaisquer declarações inexactas ou incorrectas contidas neste artigo.

    Para se tornar um membro do Global Research

    O CRG concede permissão para cross-post original Global Research artigos em sites de comunidade da Internet, enquanto o texto e título não são modificados. A fonte e os direitos de autor deve ser exibida. Para a publicação de artigos em Global Research impressão ou de outras formas, incluindo sites da internet comercial, entre em contato: crgeditor@yahoo.com

    http://www.globalresearch.ca contem o material copyrighted o uso das quais nem sempre tem sido especificamente autorizado pelo proprietário dos direitos autorais. Estamos a fazer tal material disponível para os nossos leitores nos termos do disposto no “fair use” em um esforço para promover uma melhor compreensão das questões políticas, econômicas e sociais. O material neste local é distribuído sem lucro para aqueles que tenham manifestado interesse em recebê-lo antes para fins de investigação e de ensino. Se você desejar utilizar material protegido por direitos autorais para fins diferentes do “uso justo”, você deve solicitar a permissão do proprietário dos direitos autorais.

    Para consultas da mídia: crgeditor@yahoo.com

    © Copyright Emir Sader, Postais da Revolução de 2010

    O endereço URL deste artigo é: http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=18064

    © Copyright 2005-2007 GlobalResearch.ca
    Web site engine por Polygraphx Multimedia © Copyright 2005

  3. Paulo Kramer esta sendo tendencioso e/ou equivocado, infelizmente esta se opondo a politica externa brasileira,- em seus esforcos para que a paz reine neste mundo,- esta trabalhando para a oposicao ao governo Lula, nao sei se eh so por trinta dinheiros. O programa nuclear do Iran nao eh duvidoso. Uma vez que ele deve, mais do que ninguem, ter consciencia de que armas atomicas sao dissuasorias, e isso quer dizer que se o Iran as desenvolver, nao significa, necessariamente que ira usa-la,especialmente contra Israel ou qualquer potencia, uma vez que inequivocamente haveria uma retaliacao. A historia de EEUU e a antiga URSS, nos servem de exemplos onde armas atomicas serviram para garantir a paz entre os dois paises. Portanto, o desenvolvimento de armas nucleares por parte do Iran eh um elemento positivo, mas tudo indica que o pais estah trabalhando para desenvolver energia nuclear para fins passificos. Assim, nao ha duvidas aqui, em ambos os casos a finalidade do desenvolvimento pode ser considerado passifico.Afinal, “guerra eh paz!!!!”
    Se um pais realmente almejar a paz mundial, como eh o caso do Brasil, dificilmente deixara de esbarrar em conflitos contra os EEUU, uma vez que seu poderio belico, fatores inerentes a economia desse pais, bem como a auxencia de recursos naturais compativeis com seu padrao de consumo o conduz a guerra – para obter o controle e garantir o fluxo desses recursos. Ha uma simbiose entre a saude economica desse pais e a guerra, a guerra eh uma questao de sobrevivencia. A situacao se agrava,especialmente nas crises ciclicas do capitalismo, causando enormes pressoes internas no pais, levando-o a procurarem guerras com maior determinacao, especialmente entre os paises arabes, ja que os mesmos tem dinheiro para comprar armas e equipamentos de guerra e petroleo. Portanto, eh impossivel se fazer politica externa sem esbarrar nos interesses do tio Sam, a menos que o Brasil tenha um comportamento de vira-latas, renunciando aos seus proprios interesses na esfera do desenvolvimento nuclear, casuista, incoerente, inescrupuloso e indiferente aos anseios pela paz mundial.
    Com certeza, que quem esta se distannciando do mundo em seus anseios pela paz sao os EEUU. Por que a Secretaria de Estado Hillary Clinton ataca a Venezuela, Cuba e o proprio Brasil, sera que eles se julgam os donos da verdade, essa que o mundo inteiro ja sabe que eh falaciosa????
    Sds.

  4. “Que há de comum entre Irã, Cuba, Honduras e a Venezuela?”

    A resposta foi dada pelo Roberto Correia Mattos.

    O poblema das análises (análises?) da maioria dos jornalistas é que elas são superficiais e na maioria das vezes centradas na política (eleitoral) caseira.

    Travestem-se de uma “análise de geopolítica”, mas não tem fôlego (intelectual ou mesmo político) para superar os posicionamentos caseiros, simplificados na dicotomia governoXoposição, que em determinados casos acabam se traduzindo como uma leitura simplória do tipo: liberdadeXopressão, como se em um lado da moeda existisse toda a liberdade e do outro toda a opressão.

    Uma coisa interessante para se pensar…Quando perguntaram ao Raul Castro se em Cuba tinha ocorrido algum desrespeito aos direitos humanos ele respondeu sem titubear: “sim, é claro. Em Guantânamo”.

    Com isso ele lembra duas coisas que quase nunca pensamos: o que os EUA estão fazendo dentro do território cubano até hoje? e, A opressão está sempre em todos os lados, a retórica (propaganda, massificação ideológica etc.) é que cria a dicotomia do bemXmal.

    No caso do Brasil, eu penso o seguinte: se o Brasil quer ser um player, tem que assumir responsabilidades e defender seus interesses. E tais coisas vão sim conflitar com os “donos do mundo”. Quem quiser continuar a ser capacho, abaixa a cabeça, pede desculpas e se enfia na toca. Quem não quiser ser capacho, coloque limites para os “donos do mundo”: vcs podem muito, mas não podem tudo.

    Esta deve ser a estratégia que o Brasil pode adotar (já vem, de certo modo adotando). Não se trata de desafiar abertamente o poder mundial, mas sim de explicitar as contradições que os “donos do mundo” possuem (querem o desarmamento nuclear mundial? que tal começar a fazer isso com suas próprias armas nucleares!!! etc.) e também pensar no Brasil como mediador dos conflitos Norte-Sul.

    é por aí…

    abraços a todos

  5. Lula trapalhão ainda vai, por essas e outras bobagens, acabar trazendo o terrorismo do oriente médio para o Brasil,,, Aguardem…

  6. Quanta hipocrisia dessa gente de direitos humanos seletivos. Atacam Cuba para atingir Lula

    A greve de fome de pessoa que cumpre pena em presídio é uma arma de desobediência e um desafio às determinações do Estado que pode assumir caráter político ou de reivindicação por melhores condições carcerárias. Manifestação de vontade individual ou coletiva, deve ser respeitada e criteriosamente avaliada. Ao tomar, conscientemente, a grave decisão de iniciar a greve de fome o preso sabe – e é informado – que a conseqüência pode ser fatal.

    Alguns entregam sua vida por um ideal mais nobre. Esses contam com defensores de fora da prisão que pressionam as autoridades a fim de que o objetivo da greve de fome seja alcançado. Outros priorizam sua própria vida e ainda assim esperam ver acatadas suas exigências. Quando ocorre a morte, os verdadeiros humanistas se condoem.

    Contudo, a reação que se leu, viu e ouviu nesses dias a respeito do caso do cubano Orlando Zapata Tamayo passa longe da natural comiseração. O cadáver de Zapata é agora exibido como um troféu coletivo. Os grandes meios de comunicação já vinham antecipando o desenlace com intenções pouco dissimuladas de utilização com premeditados fins políticos.

    Zapata não fazia parte dos chamados dissidentes que foram julgados em março de 2003, não era um dos 75. Tinha um longo histórico delitivo comum, nada vinculado à política. Transformado depois de muitas idas e vindas à prisão em ativista político, era um homem prescindível para os opositores da Revolução.

    Cumpria uma sentença de privação de liberdade de 25 anos depois de ter sido inicialmente sentenciado em 2004 a três anos por desordem pública, desacato e resistência. Vinculou-se aos dissidentes após contactos com Oswaldo Payá e Marta Beatriz Roque. Declarou-se em greve de fome em 18 de dezembro. Apesar de se negar a tanto, recebeu, de acordo com o que estabelece o Tratado de Malta, a assistência médica necessária, inclusive terapia intermédia e intensiva e alimentação voluntária por via parenteral endovenosa e enteral. Transferido para um hospital geral foi-lhe diagnosticado pneumonia, tratada com os procedimentos mais avançados. Ao ter comprometido ambos os pulmões, foi assistido com respiração artificial até que ocorreu o óbito.

    Vou à história, curioso em saber como a grande imprensa cobriu greves de fome de presos que terminaram ou não em morte e como selecionam os direitos humanos.

    Ao assumir o governo inglês em 1979, Margareth Thatcher deflagrou uma ofensiva militar e política contra os movimentos pela libertação da Irlanda do Norte. A virulenta tentativa de criminalização do republicanismo irlandês passava pela supressão de qualquer diferença entre o tratamento dispensado, nos cárceres, aos soldados do Exército Republicano Irlandês (IRA), do Exército de Libertação Nacional Irlandês (INLA) e a criminosos comuns. Em resposta, combatentes irlandeses encerrados nos blocos H da prisão de Maze, deflagram em 1º de março de 81 uma greve de fome. Suas reivindicações: não usar uniformes de presidiário; não realizar trabalhos forçados; liberdade de associação e organização de atividades culturais e educativas; direito a uma carta, uma visita e um pacote por semana; e que os dias de protesto não fossem descontados quando do cômputo do cumprimento da pena. Recusando-se a ser tratados como criminosos, defendiam, a um só tempo, sua dignidade pessoal e a legitimidade da luta pela libertação de seu país. A um custo inimaginavelmente alto – onze homens morreram de inanição após longa agonia de 63 dias – os grevistas conseguiram uma vitória moral, ao fazer com que os ingleses retrocedessem quanto ao regime carcerário poucos meses após o fim do movimento; e uma vitória política, ao frustrar os planos de Thatcher de expor os que lutavam pela liberdade da Irlanda como criminosos aos olhos do mundo. O funeral de Bobby Sands, o líder do movimento, foi assistido por mais de 100 mil pessoas.

    Thatcher, insensível, fez ouvidos moucos aos apelos. Teria o Estadão, a Folha ou o Globo ou El Pais, The New York Times, Die Welt, Le Fígaro, Clarin, estampado em sua manchete principal acusando Thatcher de homicida? Evidentemente, não!

    Em meio século, nada mudou na Turquia, onde os presos políticos continuam fazendo greve de fome, não pela liberdade, como Nazim Hikmet, mas para recuperar a dignidade. Nazim Hikmet, o grande poeta turco, a quem a escritora Charlotte |Kan chamou de “o comunista romântico”. condenado a uma pena pesada, em um longo processo construído nos mínimos detalhes, estava preso em Bursa, fazia doze anos, quando começou uma greve de fome para recuperar a liberdade. E ainda teve forças suficientes para escrever o poema “O quinto dia de uma greve de fome”, dedicado a seus amigos franceses que lutavam por sua libertação. Acaso os editoriais da nossa imprensa acusaram os governantes turcos de perpetradores de um crime continuado? Nem pensar.

    Na base militar de Guantanamo, aqueles que as autoridades norte-americanas chamam de “combatentes inimigos” fizeram, entre fevereiro de 2002 e fim de setembro de 2005, seis tentativas conhecidas – e talvez centenas ignoradas – de desafiar seus carcereiros do Pentágono com greves de fome. Alguém leu ou ouviu acusações a Obama de violador dos direitos humanos elementares por não ter cumprido a promessa de encerrar esse centro de tortura e humilhação?

    Recentemente, a aviação norte-americana dizimou, no espaço de dias, famílias de cidadãos afegãos, a maioria mulheres e crianças. A mídia abriu espaço para o pedido de desculpas dos generais e nem um milímetro para acusá-los e a Washington de estar perpetrando uma política de terrorismo de Estado e de violação da Convenção de Genebra.

    Passaportes britânicos de cidadãos israelenses de dupla nacionalidade foram utilizados pelo serviço secreto do Mossad para executar extrajudicialmente em Dubai o líder do Hamas, Mahmoud AL-Mabhouh. Por acaso, a mídia abriu suas colunas para acusar o governo Netanyhau de criminoso e fora-de-lei?

    Na confrontação dos Estados Unidos e Cuba, ao largo de mais de meio século, milhares de cubanos foram vítimas de atos de terrorismo arquitetados em solo norte-americano com pleno conhecimento da Casa Branca, incluindo diplomatas assassinados no exterior. Quando Havana se dispôs a tomar medidas de inteligência para prevenir esses ataques, cinco de seus concidadãos foram presos e condenados, em processo totalmente viciado levado a cabo em Miami, a penas draconianas que chegaram a duas prisões perpétuas mais 15 anos para um deles. Jamais a mídia internacional e a nossa mídia trataram do assunto.

    Os ataques virulentos a Cuba por parte da direita, das oligarquias, dos setores reacionários e dos segmentos conservadores e seus porta-vozes não são novidade. Não se conformam de a Revolução Cubana ter resistido sozinha, graças à firmeza de sua liderança e apoio valente de seu povo, à opressão e aos desígnios do Império. Nenhum outro governo da região a apoiou. Hoje diversos governos da região a apóiam. A solidariedade, simpatia e defesa da gente simples e dos progressistas em todo o mundo nunca faltou.

    A visita de Lula a Havana coincidiu com a morte de Zapata. Nossa mídia rebaixou a assinatura de 10 acordos de cooperação entre os quais se destaca a modernização do porto de Mariel. No entanto, o criticou furiosamente pretendendo vinculá-lo ao desrespeito a direitos humanos. No fundo querem destruir sua imagem de grande líder nacional e internacional em proveito de seus interesses ideológicos permanentes e eleitorais de agora.

    Lula soube se comportar como chefe de Estado. E pessoalmente foi leal aqueles que ao longo de décadas se constituiram numa referência de soberania, independência, auto-determinação mas também de dignidade, heroismo e solidariedade.

    Max Altman é jornalista

  7. por Luiz Carlos Azenha

    A campanha de 2010 está em andamento. Como já escrevi, anteriormente, repete o padrão de 2006: denúncias vazias na revista Veja, devidamente repercutidas pelo Jornal Nacional de sábado e em seguida replicadas pelos jornais O Globo, Folha e Estadão.

    O objetivo é erguer uma cortina de acusações que vinculem o presidente Lula, a ministra Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores a comportamentos criminosos e/ou radicais.

    Nesse balaio cabem promessas supostamente não cumpridas e condenações por associação. Cabem rumores, boatos e meias-verdades.

    É uma forma de evitar o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff na classe média e, especialmente, entre o eleitorado paulista: José Serra precisa desesperadamente de 70% dos votos de São Paulo para ter chance de vitória.

    Ele pode não crescer com as denúncias, mas evita o crescimento de Dilma. Pelo menos é o que espera o consórcio PSDB/DEM/Globo/Folha/Estadão/Veja.

    Eu disse que qualquer factóide será explorado para “criminalizar” o comportamento do governo, do presidente Lula e da ministra Dilma. Desde a menção a um triplex presidencial inacabado na boca de William Bonner, no Jornal Nacional, à repercussão de uma falsidade plantada por um colunista de um jornal da Flórida, o Miami Herald.

    Assim como o Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El Pais, o colunista Andres Oppenheimer, do Herald, faz parte do que poderia ser definido como o braço internacional do PIG, o Partido da Imprensa Golpista inventado pelo deputado Fernando Ferro e popularizado no Conversa Afiada pelo Paulo Henrique Amorim.

    Em uma coluna recente, em que lamentou a posição adotada pelo presidente Lula em relação a dissidentes cubanos, Oppenheimer especulou: “Presidente do Brasil para secretário-geral da ONU? Esperamos que não”.

    A fonte do colunista foi uma nota da revista Veja sem qualquer base factual: Lula seria candidato a secretário-geral da ONU depois de deixar o governo.

    Foi em cima deste boato, portanto, que Oppenheimer disse esperar que a inexistente candidatura de Lula não dê certo.

    Pois a “notícia” entrou na reportagem do Jornal Nacional que repercutiu as declarações de Lula sobre Cuba. O JN disse que o Miami Herald era um jornal de uma cidade onde havia muitos exilados cubanos, destacou o título do comentário de Oppenheimer e traduziu.

    Ou seja, baseado em um boato publicado na revista Veja, repercutido por um colunista de opinião do Miami Herald, o diretor de jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, contratou e demitiu o presidente Lula do cargo de secretário-geral das Nações Unidas!

  8. Certa vez assistindo um vídeo no YouTube, tinha um vídeo bacanna (no sentido humoristico), se caso os EUA atacassem o Brasil, nossos traficantes nos defenderiam!

    É hipócrita no primeiro momento, mais até que tem sentido. Se o governo Lula ou os próximos governos, não se comprometerem com a SEGURANÇA NACIONAL, só nos resta a proteção do Narcotrafego…

    Se bem se os EUA invadirem o nosso país com a tese de: “Combate ao Narcotrafego” esses não se renderiam tão fácil e creio eu que a nação brasileira, que presa e ama seu país, jamais iriam ver com bom olhos a presença dos EUA aqui!

    E isso provavelmente seria uma guerra de aproximadamente 250 milhões de brasileiros!

Comentários não permitidos.