Diretores da Saab integram a comitiva sueca que desembarca no país dentro de uma semana

Samanta Sallum

A Suécia se define como um país pacífico. Não participou em nenhuma das duas guerras mundiais do século 20: manteve-se neutra. Nunca se envolveu em confrontos internacionais. No entanto, uma das forças de sua economia é a indústria militar. O país não entra em guerras, mas vende para os outros equipamentos de defesa e ataque. A justificativa é que, para manter a neutralidade, foi preciso investir muito no setor, de modo a não ficar vulnerável. Em outras palavras: proteger-se para não ser atacado. Não toma partido, mas garante lucros no mercado de material bélico.

É o caso, por exemplo, do projeto Gripen NG, da empresa sueca Saab, que concorre na licitação aberta pelo governo brasileiro para a compra de 36 aviões de caça.

Para ganhar a licitação, que envolve bilhões de reais, a Suécia vai insistir no argumento de que, para ser uma potência respeitada, o Brasil precisa ter domínio sobre a tecnologia militar. E isso será assegurado com o desenvolvimento em parceria do Gripen NG. Os suecos prometem partilhar todo o conhecimento que já têm com o Brasil. Acenam até com autonomia, no futuro, para que o nosso país produza e exporte o avião para outros países. Os escandinavos insinuam que, com os franceses e os americanos, concorrentes na licitação da Força Aérea Brasileira (FAB), o Brasil não terá tanta facilidade para absorver tecnologia.

Enfim, é com a esperança de convencer o presidente Lula e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que a direção da Saab desembarca mais uma vez no Brasil, na próxima semana. Dessa vez, integrando uma grande comitiva de 35 empresários suecos que acompanhará o rei Carl Gustaf e a rainha Silvia na visita oficial ao Brasil, entre 23 e 26 de março.

Expectativa

A Suécia está preocupada com a preferência declarada de Lula pelo avião francês, o Rafale. Há grande expectativa pelo resultado da licitação, que ainda não tem data certa para ser divulgado. O anúncio é esperado para abril, já que todas as etapas foram cumpridas. Os suecos pretendem insistir, como ponto a favor, na proposta de financiamento integral do projeto. O Rafale tem componentes produzidos pela Saab e também pelos americanos.

Apostando alto no projeto em parceria com o Brasil, o Ministério da Defesa sueco demonstra incômodo com a possibilidade de a Saab perder para os franceses. E sinaliza que a frustração poderá se converter em falta de interesse por novos projetos com o país. Especula-se sobre a intenção da Saab de comprar ações da Embraer, para fortalecer ainda mais a parceria entre a indústria aeronáutica dos dois países.

Olho para os investimentos

Outra preocupação dos suecos é com o preço e o fornecimento do etanol brasileiro. A Suécia é a maior consumidora do biocombustíveis na Europa e vem importando menos do Brasil, por causa principalmente das oscilações da produção e, consequentemente, do preço. As montadoras de veículos Volvo e a Scania têm interesse direto no assunto, porque investem na produção de ônibus movidos a etanol. Depois do Brasil e da Letônia, a Suécia é o país que mais usa o álcool combustível no mundo.

A agenda dos empresários que acompanham o casal real prevê também uma visita à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), onde examinarão as dificuldades para a liberação de novos produtos suecos no mercado brasileiro.

O fato de ter se mantido neutra nas guerras mundiais ajudou a Suécia a conseguir uma das maiores taxas de crescimento econômico do mundo entre 1870 e 1970. No século 19, o país escandinavo já esteve entre os mais pobres da Europa. Depois de 100 anos, atingiu o maior PIB per capita do mundo. Antes uma economia fundamentalmente agrícola, tornou-se referência em indústria de ponta e desenvolvimento de tecnologias.

Hoje, a Suécia tem centenas de multinacionais espalhadas pelo mundo, muitas delas atuando no Brasil, como a Ericsson, no setor de telecomunicações. O interesse das empresas suecas pelo Brasil aumentou ainda mais depois que o país foi escolhido para sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O crescimento nos últimos anos e o impacto relativamente ligeiro da crise econômica internacional, em 2008 e 2009, são fatores que reforçam o potencial brasileiro.

Fonte:   Correiobraziliense

6 Comentários

  1. Perda de tempo o rafale parece, parece ter sido escolhido na moita então vão viagar a toa ,mais as fragatas suecas são otimas pena que caras demais poxa ja pensou pelo menos 3 dessas aqui e transferencia de tecnologia stealhte

  2. O Gripen é um forte candidato a ser incorporado pela Força Aérea Brasileira. Segundo li numa revista foi o único caça dentre os três concorrentes finais que atendeu a todos os quesitos exigidos pela FAB. Gostei também da idéia de transferência completa da tecnologia do Gripen NG. Caso seja o vencedor da licitação e caso o Brasil venha a desenvolver também o caça para exportação no futuro, será sim não só um grande negócio fechado mas um investimento a longo prazo para a Embraer e para o Brasil.

  3. Quer dizer que vem a comitiva toda para vender o lixo que nem eles mesmos querem comprar?
    Porque a própria Suécia não quer comprar o NG?
    Porque será que, em vez de fazer uma encomenda a própria Suécia preferiu repotenciar os velhos C/D em vez de colocar um só tostão no NG?
    Essa é a maior prova de que estamos nos livrando de uma baita roubada.
    Abraços,
    Fernando

  4. Fernando
    O Gripen NG é o Gripen C/D, apenas com novas configurações para adaptá-lo às realidades brasileiras, como maior tanque de combustível, por exemplo. Pelo seu post, vê-se que você está por fora desse processo e não conhece os três aviões.

  5. .:: Fernando ::.

    “Essa é a maior prova de que estamos nos livrando de uma baita roubada.”

    Fernando, não quero discutir apenas colocar aqui o meu ponto de vista em relação a isso. Os Jas – 39 Gripen são excelentes caças e o que o Mauro postou aí também está correto, o Gripen NG nada mais é do que apenas configurações. Se você procurar em algum lugar seja numa revista ou na net mesmo, verá que até os pilotos da FAB preferem os Gripen por atenderem às nossas necessidades e muito bem, sinceramente não entendi o que você quis passar chamando estes caças de roubada e de lixo, isso mostra que você esá bem longe da realidade destes aviões.

  6. Aí gente! Este caça não usa componentes da indústria americana… e eles sempre nos vetam esta tecnologia. Nós não estamos comprando só um caça estamos fazendo muito mais que isso. Para min o problema reside em não depender de forma alguma dos estadunidenses, pois eles jamais “ensinam a pescar, só vendem o peixe”

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