Suécia aprova resolução pró-Armênia e Turquia retira embaixador

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IBON VILLELABEITIA – REUTERS

ANCARA – A Turquia retirou nesta quinta-feira seu embaixador da Suécia e cancelou uma cúpula entre os dois países, depois que o Parlamento sueco aprovou uma resolução qualificando de genocídio a matança de armênios durante a Primeira Guerra Mundial.

A decisão ocorre apenas uma semana depois de Ancara convocar seu embaixador nos Estados Unidos por causa da aprovação de uma resolução semelhante em uma comissão parlamentar, ainda em caráter preliminar.A Suécia tem sido uma importante aliada de Ancara na sua candidatura à União Europeia, enquanto os EUA em geral são considerados um sólido aliado da Turquia, um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Mas a questão do massacre de armênios é muito delicada na Turquia, que admite que muitos armênios cristãos foram mortos pelos turcos otomanos, mas nega veementemente que tenham ocorrido até 1,5 milhão de vítimas e que o massacre tenha sido um genocídio –termo empregado por muitos historiadores ocidentais e por alguns Parlamentos.

“Condenamos fortemente esta resolução, que é feita para cálculos políticos”, disse em nota o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, referindo-se à resolução sueca.

“Ela não corresponde à estreita amizade entre as nossas duas nações. Estamos convocando nosso embaixador para consultas”, disse Erdogan, anunciando também o cancelamento da cúpula bilateral marcada para a próxima quarta-feira.

A resolução sueca foi aprovada por 131 a 130 votos, com 88 ausências. A coalizão de centro-direita que governa o país escandinavo era contra, mas três de seus deputados votaram a favor.

“EFEITOS DRÁSTICOS”

O chanceler sueco, Carl Bildt, disse em um blog que a votação pode complicar os esforços de Turquia e Armênia para normalizarem suas relações após um século de hostilidade.

Os dois países concordaram no mês passado em estabelecer relações diplomáticas e abrir mutuamente suas fronteiras se os seus respectivos Parlamentos aprovassem acordos de paz. As votações, no entanto, ainda não ocorreram, e os governos se acusam mutuamente de tentarem reescrever os textos.

“A decisão tampouco ajuda o debate na Turquia, que se torna bem mais aberta e tolerante ao se aproximar da União Europeia e (realizar) reformas democráticas”, disse Bildt.

O embaixador turco na Suécia, Zergun Koruturk, disse a uma TV local que a resolução terá “efeitos drásticos” e duradouros sobre as relações bilaterais.

“Estou muito desapontado”, disse Koruturk. “Infelizmente, os parlamentares estavam pensando que eram historiadores em vez de parlamentares, e isso é muitíssimo lamentável.”

Uma fonte do governo turco disse à Reuters, no entanto, que Koruturk deve voltar em breve a Estocolmo. “Sabemos que o governo sueco tem sido muito ativo em tentar impedir essa resolução”, disse a fonte.

A Turquia sinaliza que seu embaixador em Washington não voltará ao seu posto até que fique claro o destino da resolução parlamentar, que não acarreta qualquer medida de cumprimento obrigatório.

Tentando limitar o estrago diplomático, o governo de Barack Obama promete impedir sua aprovação. A Turquia é crucial para os interesses dos EUA no Iraque, Irã, Afeganistão e Oriente Médio.

Reportagem adicional de Mia Shanley

Fonte:  Estadão

2 Comentários

  1. Os governos adoram viver de passado, com coisa que isso resolveria algo! “Quem vive de passado é museo!”

    Adoram criar intrigas…

    “O Sahara precisa de liberdade! Repúdio ao Marrocos!”

  2. Não acho certo países de ‘fora’ se meterem agora (na época ninguém se meteu, não é ?) na questão.
    Primeiro deviam deixar turcos e armenos tentarem superar esses acontecimentos passados.
    Provavelmente se entenderão, são vizinhos e o mundo mudou muito.
    Ambas nações têm de construir seus futuros.
    Os ‘de fora’ só ‘piam’ para atrapalhar, na minha opinião.

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