O governo chinês demorou menos de um dia para responder às duras críticas do relatório anual do Departamento de Estado americano –que apontou a piora na situação dos direitos humanos na China, principalmente em temas como liberdade religiosa e uso da internet.Nesta sexta-feira, Pequim publicou seu próprio relatório através do Escritório de Informação do Conselho de Estado (Poder Executivo), no qual diz que o governo americano utiliza os direitos humanos “como um instrumento político para interferir nos assuntos internos de outros países, difamar a imagem de outras nações e perseguir seus próprios interesses estratégicos”.
“Como em anos anteriores, os relatórios [dos EUA] estão cheios de acusações sobre a situação dos direitos humanos em mais de 190 países e regiões, incluindo a China, mas fecham os olhos, se esquivam e até encobrem abusos dos direitos humanos em seu próprio território’, afirma o texto do Executivo chinês.
O relatório de Pequim destaca que os EUA não permitem a liberdade de imprensa e expressão, e remete a casos de escutas telefônicas e de controle e monitoração da internet depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, assim como à iniciativa do Congresso americano de impor sanções a cadeias árabes de televisão via satélite.
Pequim também afirma que os norte-americanos estão vivendo um aumento das situações de abuso de poder e de delitos violentos.
“Em um momento no qual o mundo está sofrendo um desastre nos direitos humanos causado pela crise financeira global induzida pela crise “subprime” dos EUA, o Governo americano segue ignorando seus próprios problemas de direitos humanos e só aponta os dedos aos outros países. É realmente uma pena”, conclui o documento.
Trata-se do 11º documento anual emitido por Pequim sobre os direitos humanos nos EUA, em resposta à apresentação, quinta-feira, de um relatório de Departamento de Estado americano sobre a evolução dos direitos humanos no mundo, que faz duras críticas a China, Irã e Cuba.
Americano
Para Washington, a situação na China “segue ruim, e piorou em algumas áreas” em 2009, especialmente em respeito a castigos aos dissidentes e algumas minorias étnicas, como uigures e tibetanos.
O documento do Departamento de Estado americano destaca a situação em Xinjiang, a região muçulmana do nordeste do país que viveu no ano passado confrontos étnicos entre a minoria uigur e a maioria han com saldo de cerca de 200 mortos.
Pequim “intensificou uma repressão severa, nos planos cultural e religioso”, diz o documento.
O relatório americano também denunciou “abusos graves dos direitos humanos”, que incluem “mortes extra judiciais, execuções sem processo devido, tortura e confissões obtidas sob coerção e uso de trabalhos forçados”.
Relações
As relações diplomáticas entre Pequim e Washington passam por momentos de grandes tensões, após o anúncio do plano americano de vender um pacote de armas a Taiwan, avaliado em US$ 6,4 bilhões, e o encontro recente entre o presidente americano Barack Obama e o dalai-lama, o líder espiritual tibetano.
A China tomou medidas de represália, como a suspensão dos intercâmbios militares bilaterais com os EUA, e anunciou sanções contra empresas americanas que participem da venda de armas a Taiwan.
O conflito da censura do Google na China, os direitos humanos e a valorização do iuane são outros assuntos que dificultam as relações bilaterais.
Com Efe e France Presse
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