Brown diz que Guerra no Iraque foi decisão ‘correta’

Em depoimento nesta sexta-feira ao inquérito sobre a participação da Grã-Bretanha na Guerra do Iraque, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown disse que a invasão do país do Oriente Médio foi uma decisão “correta pelos motivos corretos”.

“Eu recebi informações dos serviços de inteligência que me levaram a acreditar que o Iraque era uma ameaça com a qual precisávamos lidar por meio de ações da comunidade internacional”, respondeu ao ser perguntado sobre se considerava certa a decisão de atacar Saddam Hussein.

Para ele, o principal motivo que originou a guerra era o fato de o Iraque vir desrespeitando diversas resoluções da ONU com relação às armas de destruição em massa.

Em sua visão, se a comunidade internacional não pudesse agir conjuntamente em relação à essa ameaça, “a nova ordem mundial que nós estávamos tentando criar seria posta em risco”.

Segundo o premiê, “o que queríamos era que o caminho diplomático tivesse tido sucesso” e que essa esperança se manteve “até o último final de semana” antes da invasão.

Relação com Blair

Brown, que em 2003 era ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, revelou que teve diversas reuniões privadas com o então primeiro-ministro britânico Tony Blair desde o início de 2002 para tratar da ameaça iraquiana.

O então chanceler teria dito a Blair que “não havia nenhuma restrição financeira que nos impedisse de fazer o que era melhor para os militares”.

É esperado que Brown seja perguntado sobre a acusação de Kevin Tebbit, um ex-membro do Ministério da Defesa, de que ele teria “guilhotinado” o orçamento das Forças Armadas seis meses após o início do conflito.

No depoimento, o premiê também admitiu que o país deveria aprender algumas lições com a Guerra do Iraque em relação ao processo de tomada de decisão de ir à guerra, à cooperação internacional e a como construir a paz depois do conflito.

Brown explicou que o governo britânico discutiu a inclusão de organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), na reconstrução do Iraque. “Eu gostaria que tivesse sido possível levar isso adiante depois da batalha”, reconheceu o premiê.

O inquérito

O depoimento de Gordon Brown começou às 10h00 da manhã no horário local (7h00 em Brasília) e deve durar por quatro horas.

Iniciado no final de novembro, o inquérito está analisando o período entre 2001 e 2009 e observar três pontos principais: a justificativa para a entrada no conflito, a preparação para a invasão do Iraque e as deficiências no planejamento para a reconstrução do país asiático.

Com membros nomeados pelo próprio primeiro-ministro, o júri presidido por John Chilcot não vai estabelecer culpa ou determinar responsabilidade civil ou criminal, mas apenas emitir advertências e recomendações para evitar que eventuais erros cometidos no episódio sejam repetidos no futuro.

O relatório final será debatido no Parlamento.

Fonte: BBC Brasil

4 Comentários

  1. Mais um motivo para ficar – mos preocupado com nossas riquezas naturais (alias acho que nossa Forças já estão em “alerta”). Pois se a Otan não respeitou a ONU no caso do Iraque, quem garante que eles vão respeitar quando a ameaça bater as nossa portas?

    Alias acho que já bateu… =/

  2. O primeiro-ministro britânico se trai nestas palavras:

    “a nova ordem mundial que nós estávamos tentando criar seria posta em risco”.

    Ou seja, assume que o motivo da guerra não foram as imaginárias armas de destruiçõa em massa do Iraque e sim uma geopolitica traçada no anos 90 e inicio de 2000, quando os “neocons’ anglo-saxões estavam literalmente bêbados de euforia com a queda da URSS e o estabelecimento do EUA como a única potência dominante no planeta.Imaginaram seu poder se extendendo, o retalho da antiga URSS, o dominio do oriente médio…nos dias atuais seguem tentando, Kosovo, a invasão do Afeganistão, do Iraque e o cerco ao Iran, fazem parte desta geopolítica préviamente traçada.

  3. Wi, mas essa “nova ordem mundial” vem se mostrando um tanto precipitada não é mesmo?
    Será que não pensaram que no futuro, novos países também iriam crescer?
    Essa nova ordem mundial passou de “liderança anglo-saxônia” para (ja caíram na real) mundo Multi-Polar.

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