Conheça o brasileiro que criou a impressora de alimentos no MIT e outras invenções

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Quando era criança, Marcelo Coelho gostava de brincar com lápis, tesoura e cola para fazer objetos a partir de folhas de papel. Aos 29 anos, ele ainda gosta de usar a imaginação para criar coisas. Com uma diferença: a brincadeira virou profissão. Coelho é um dos responsáveis por uma novidade recém saída dos laboratórios do Massachussetts Institute of Technology (MIT) e que ganhou manchetes no começo do ano: a impressora de alimentos. “A ideia é digitalizar a culinária, uma atividade que ainda é muito analógica”, disse Coelho ao iG, em entrevista por telefone do seu laboratório em Cambridge, nos Estados Unidos.

http://images.ig.com.br/publicador/ultimosegundo/231/231/29/7520241.marcelo_coelho_300_400.jpgA novidade pode soar estranha para a maioria das pessoas. Para quem não tem tempo de cozinhar, a promessa é, com o perdão do trocadilho, um prato cheio. Ao fim do expediente, basta abrir um programa de computador que funciona como um cardápio virtual e escolher o jantar. A receita do prato selecionado é enviada para uma impressora e, ao chegar em casa, não é preciso perder tempo na frente do fogão. O jantar está pronto para ser servido (veja como a impressora funciona no link ).

Entenda como funciona a impressora de alimentos

Deixar a comida pronta na hora programada não é a única função da Cornucópia, cujo nome foi inspirado no chifre que representa a fertilidade, a riqueza e a abundância na mitologia greco-romana. Ela também vai ajudar a preparar pratos mais saudáveis. Na tela sensível ao toque, será possível escolher a quantidade de alguns ingredientes usados na preparação do prato. A precisão será tamanha que permitirá estabelecer até mesmo o número de calorias e quantidade de carboidratos da refeição.

Comida feita em casa

Coelho teve a ideia da Cornucópia depois de sofrer com um trauma gastronômico nos Estados Unidos. “Muitas vezes você come algo e não sabe que ingredientes foram usados na comida”, afirmou Coelho. “Descobri há pouco tempo que tem até milho no suco de laranja vendido no supermercado”. A impressora ainda está em fase inicial de desenvolvimento e vai demorar pelo menos mais dois anos para ficar pronta, mas Coelho está animado com os resultados. “Fizemos testes com alguns ingredientes e ficou com gosto de comida feita em casa”.

Desenvolvida nos últimos seis meses ao lado do israelense Amit Zoran, a Cornucópia não é a primeira invenção de Coelho. Antes dela, trabalhou com os objetos que mudam de forma. Ao todo, três ideias saíram do seu laboratório. A que mais gosta é a Shutters, uma espécie de cortina cujas abas mudam de um lado para o outro para facilitar o fluxo de luz e de ar (veja outras criações de Coelho na galeria de fotos). Depois de um ano e mais de US$ 10 mil investidos, a novidade chamou a atenção de uma fabricante americana de brinquedos que pensou em usar o produto em ursos de pelúcia.

De Campinas para o mundo

Inventar objetos não foi a primeira opção de vida para Coelho. Em 1998, ele decidiu sair de Campinas, no interior de São Paulo, onde nasceu, para estudar cinema na USP. Um ano e meio depois, foi fazer um intercâmbio na Universidade Concórdia, em Montreal, no Canadá, onde estudou cinema por mais um ano e meio antes de perceber aquela não era bem a sua praia. “Estava mais interessado em montar e desmontar câmeras do que fazer filmes”, disse o jovem inventor. Coelho continuou em Montreal, mas mudou de curso. Em 2002, matriculou-se na faculdade de Arte e Computação.

O gosto pelas pesquisas inovadoras ele herdou da professora canadense de design Joanna Berzowska, com que foi trabalhar há cinco anos. Entre suas pesquisas estão tecidos inteligentes que mudam de cor de acordo com a temperatura ambiente. De lá para cá, Coelho não deixou mais o laboratório. Se a Cornucópia der certo, ele pretende montar uma empresa para comercializar o mais novo utensílio de cozinha. Caso contrário, vai voltar para o mundo das pesquisas. “Sempre tenho dez projetos acontecendo ao mesmo tempo”, disse. “No mundo das pesquisas, é bom não apostar tudo numa coisa só”.

Fonte: Último Segundo

4 Comentários

  1. Cara… esse guri é um gênio… porque nossos espertos precisam sair do país para receberem oportunidade e terem crédito por seu trabalho e dinheiro para coloca-los em prática… o Brasil precisa urgentemente investir mais em P&D…

  2. Exato ITO. Quando os brasileiros não tem grana, vão para o exterior, na maioria das vezes para os EUA. Onde la eles tem verba. Mas tem um problema. As empresas e órgãos financiadores botam limite para essas invenções. Elas tem a patente transferida para o governo ou empresa (em caso de uma descoberta de algo muito valiósa para eles, como armas e etc).

  3. Continuando a discussão: Vivo na pele o que vcs estão comentando. Trabalho atualmente na mais famosa empresa de design e inovação do mundo chamada IDEO (façam uma busca no Google para saber mais).

    Saí do Brasil para seguir a carreira de designer de interação, área praticamente inexistente no Brasil. Cursei mestrado na Suécia com dinheiro do meu bolso (não há bolsas pelo governo brasileiro). É mais fácil, como brasileiro, ter bolsa dos EUA ou de algum país Europeu que do Brasil!

    Trabalho atualmente na Alemanha sem previsão de voltar pro Brasil…

  4. Resposta: Por que no Brasil não existem empresas.
    Para entender: as fábricas que existem no Brasil simplesmente montam/fabricam as partes e/ou os produtos aqui.
    Para entender 2: Não se desenvolve nada por aqui. Não existe pesquisa, não se aplica em pesquisa; não se classificam os “cérebros” deste país.
    Uma pequena correlação: vejam o futebol: os “moleques” ganham destaque no futebol nacional, mas vão ganhar fama e dinheiro na Europa. Daí vocês vão pensando…
    Para concluir: Deve-se incentivar a iniciativa privada no Brasil e ações e investimentos da parte do governo não somente na formação destes profissionais e sim no seu emprego no Brasil.

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