Futuro incerto para a Europa

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O Brasil é fruto da expansão europeia pelo mundo. Em 1500, a história moderna do país começou com a chegada de Cabral e Cia, que era apenas um entre vários navegadores europeus que se lançavam mares afora exportando a força militar e política do Velho Mundo. Somando os períodos de colonialismo e neo-colonialismo, até as duas guerras mundiais do século 20, foram 400 anos de dominação europeia, em que nações como Grã-Bretanha, França, Espanha, Portugal e Holanda levaram aos quatro cantos do planeta suas armas, cultura e religião. Após serem superados por Estados Unidos e União Soviética no século 20, a recém-criada União Européia parecia ser a nova força capaz de peitar americanos e japoneses na disputa pela hegemonia econômica e política no planeta. Mas, pouco tempo depois, o projeto todo está em maus-lençóis. A crise financeira de 2008, que levou à crise econômica de 2009, 2010 e talvez 2011, paralisou as economias do bloco europeu. As dificuldades mais agudas, enfrentadas por nações como Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, deixaram o euro em um dos seus piores momentos da história recente. Na Grécia, onde a crise já tomou as ruas na forma de protestos, com direito a violentos confrontos com a polícia, o medo é de um colapso da economia. Os mais poderosos governos do continente sinalizam que ajudarão o governo grego, mas o euro continua apanhando no mercado de câmbio, chegando ao seu menor nível em relação ao dólar em dez meses. A crise vem inclusive em meio à adoção do Tratado de Lisboa, antes conhecido como Constituição Européia, estragando a festa de quem apostava na reforma para fortalecer o bloco.

Os problemas dos antigos reis do mundo não se restringem à zona do euro. Única potência da região a ter rejeitado até hoje a moeda única, a Grã-Bretanha ainda enfrenta sua maior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial. Pior: passa por um período de incerteza política, com uma eleição prevista para o início de maio cujo resultado é ainda imprevisível. Pode, inclusive, dar uma espécie de empate: nem o governo trabalhista nem a oposição conservadora conseguiriam a maioria absoluta, o que pode gerar um governo de composição, fraco, ou mesmo uma nova eleição meses mais tarde. Com isso, a libra sofre destino parecido ao euro, despencando nos mercados de câmbio. Sem freio. Turistas brasileiros que costumavam achar a Grã-Bretanha cara demais, especialmente quando uma libra valia R$ 5, quatro anos atrás, devem se surpreender com o valor desta terça-feira: R$ 2,68.

Com suas economias se arrastando para tentar voltar ao azul e dele não sair mais, a Europa vê-se ameaçada de ser mais uma vez colocada para escanteio na disputa por espaço político no mundo. Operações militares custosas, tanto em termos de dinheiro como em vidas humanas, como a no Afeganistão, poderão se tornar mais raras no futuro para os europeus. Cada vez mais China e Rússia, importante fornecedora de energia para a Europa, e até mesmo o Brasil, ocupam espaço de influência em áreas que no passado eram domínios europeus, como a África. Não é à toa que a revista americana Time colocou em sua capa um pedaço do globo terrestre sem a Europa, perguntando em sua manchete: “Para onde foi a Europa?” Líderes franceses, alemães e britânicos hoje olham um para o outro em busca de saídas rápidas para seus momentos difíceis, sabendo que elas não existem. A recuperação econômica tanto no continente como do lado de cá do Canal da Mancha é bem mais lenta do que se sonhava, e com isso vai-se embora boa parte do poder político da Europa sobre temas como paz no Oriente Médio ou aquecimento global. O Velho Continente passa por um duro choque de realidade.

Fonte: BBC Brasil

12 Comentários

  1. Texto um pouco pessimista, o principal problema na europa na minha opiniao é a disparidade de nivel de vida entre alguns dos seus membros e isso é muito dificil de eliminar e a curto/medio prazo é impossivel, a Grecia ja a alguns anos q tentava esconder a realidade de Bruxelas mas acabou por nao ter sucesso, qt ao euro existe quem defenda q o euro estava sobrevalorizado condicionando demais as exportacoes, talvez depois da crise se chegue a um valor mais admicivel tanto para importacoes como exportacoes, bom, energia, a europa depende quase completamente da Russia e nao tem grandes solucoes para diversificar essa indepencia

  2. Certo que estão em crise, eu mesmo que morava na Itália tive que voltar depois de 11 anos de luta!!

    A crise está feia mesmo lá, parece que o mercado está saturado, que ninguém mais tem grana pra fechar o mês, e faz cada vez mais emprèstimos em banco e no cartão de crédito!!! EU sei, Eu ví, Eu vivi isso junto com os colegas de trabalho!!!!

    Quero ver sai da crise rápido, eu duvido, mas que sairão unidos como União Europeía eu tenho certeza, pois eles não tem muita escolha, ruim com o EURO, pior sem ele, como demonstra nos fatos a Grã-Bretanha.

  3. Eu acredito francoorp, q o nacionalismo vai falar + alto, se ñ acontecer alguma coisa de positivo nas vidas dos cidadãos da UE..td o projeto poderá sofrer sério atraso..retrocesso mesmo.

  4. Não creio Argus, eles pregam demais os valores da U.E., eles sabem que um retrocesso seria catastrófico para o continente, eles perderiam ainda mais com o fim da U.E.

    Acho que esta crise seja uma especie de prova geral para o inicio da integração definitiva. Posso me enganar é claro, mas vivi lá por longo tempo, creio de ter entendido bem o modelo “Europeu”.

    Abçs.

  5. Francoorp, claro q estamos em crise, quem nao esta? dizes q tiveste q voltar, nao sei as razoes pq sais-te por isso nao vou comentar.
    Quem tem emprego por norma tem dinheiro para fechar o mes, eu tb sei, tb nasci e vivo ca.
    Emprestimos, boa, quem nao tem? Eu pessoalmente comprei uma casa, sem emprestimo como seria isso possivel?
    Que diferenca faz pagar ao banco ou pagar o aluguer ao senhorio?
    No final concordo plenamente contigo, muito pior sem a europa unida, a prova esta ai, apesar de a Grecia criticar a Alemanha no fim vai ter q se acalmar, pedir ajuda financeira e dizer obrigado.
    Ve o caso da Islandia, pais modelo, simplesmente rui, faliu, onde ela pede ajuda? Quem ajudou? A Russia e a UE e agora esta em negociacoes para aderir ao bloco, as razoes sao obvias.
    Outro problema é a deslocalizacao de empresas dentro do bloco dos paises medianos para os inferiores onde a mao de obra é ainda mais barata, isso aconteceu em paises como Portugal e Grecia e tem outros problemas ainda muitos.

  6. Antes demais gostaria de fazer um parentesis à introdução. Em 1500 Pedro Álvares Cabral não era apenas um de muitos navegantes a fazerem-se ao mar.
    Cabral era um dos poucos europeus, portugueses e espanhóis, que tinham o conhecimento, o investimento e o proveito de darem novos mundos ao Mundo.

    Em 1500 a Inglaterra, a França ou a Holanda (que ainda nem sequer existia) não tinham nem a capacidade, nem a sabedoria de navegarem em alto mar, quanto mais a tecnologia. Por falar em tecnologia, só um aparte para situar as coisas, a artilharia naval portuguesa era a mais avançada do mundo no sec XVI, tão avançada que permitiu à Armada Portuguesa dominar dois oceanos (Atlântico Sul e Índico) por 150 anos. Em 1500, Portugueses e Espanhóis (venezianos e outros italianos, em muito menor número e a serviço de uma das duas coroas) faziam parte dos “few”, não dos muitos.
    Basta ver quem foi que descobriu a maioria dos pedaços de terra que cobrem o globo – se calhar os visitantes deste blogue vão-se admirar pela quantidade de terras descobertas por portugueses.

    – Quanto ao texto em si. Permitam-me fazer uma segunda chamada de atenção.
    Muito se tem escrito nos últimos meses e anos sobre a emergência de novos líderes regionais e até mundiais. Isto mesmo até na própria imprensa norte-americana, como na Time, Newsweek ou mesmo na britância The Economist, onde todas as semanas surgem artigos com chamada à primeira página sobre o Brasil, a Índia, a Rússia ou a China.

    Pois bem, quase todos os artigos apontam um destes países, ou todos, com um futuro brilhante e rico. Esquecem-se é de referir que tal só acontecerá SE os países líderes actuais NÃO FIZEREM NADA para inverter a situação. NUNCA na História um líder se deixou ficar sossegado enquanto via a sua liderança ser posta em causa. Não só isso nunca aconteceu, como em grande parte dos casos, ganharam a guerra (económica).

    Por muito que gostasse de ver o Brasil como uma potência mundial, dificilmente veria a França abandonar o seu lugar no Conselho de Segurança da ONU,como membro permanente, para dar o lugar ao Brasil, ou a Índia. Ou, por outro lado, mais facilmente seria criado um posto para a Alemanha, caso quisesse, o Canadá, ou a Austrália.

    Não estou a dizer que concordo com esta visão do mundo, apenas estou a relembrar quem manda. E quem manda não vai abrir mão do poder tão facilmente, especialmente quando dominam o que vai continuar a importar. Dinheiro e tecnologia. Nenhum dos países emergentes dá cartas nas ciências do futuro, nanotecnologias e ecologia – o caso do Brasil para mim, opinião pessoal, é um paradoxo. Por um lado produz combustível a partir da cana-de-açúcar, por outro lado permite circular carros com 1000cc e 100 cv de potência (com uma emissão absurda de CO2 por km).

    Chegamos então à Europa. Onde também há a visão anglo-saxónica destorcida. Os países do Sul da Europa são apontados como os empecilhos na máquina europeia. Contudo, na verdade, o segundo maior déficit das contas públicas é o Britânico, a seguir à Grécia, e o caso da Islândia é muito pior que muito país do “terceiro mundo” alguma vez viveu, ou pelo menos é no mínimo igual. No entanto, como é Europeu e do primero mundo, já nem se fala nisso.

    No caso da Inglaterra, vale a pena referir que esta nunca se sentiu europeia, fundou até a EFTA para batalhar contra a formação da CEE/UE e a junção da França e a Alemanha, mais tarde juntou-se à UE após ter sido vetada por três vezes, pelo senhor De Gaule. Só entrou quando ele morreu.

    O Marechal tinha razão. Hoje, a Inglaterra não assinou a livre circulação de pessoas e bens no espaço europeu, acordo de Schengen, não faz parte do Euro, e contribui com menos dinheiro para o orçamento comunitário, em comparação com a França ou Alemanha, fruto de um acordo firmado desde os tempos de crise da senhora Thatcher. Até hoje, todos os anos negam renegociar essa percentagem favorável.

    Isto para dizer, que não é assim muito correcto falar da economia europeia, dando a economia inglesa como exemplo. Não caminham juntas.

    O problema do Euro (moeda) está nas regras demasiado rígidas. Ainda assim, recentemente caiu a regra dos 3% do deficit público de individamento para que os países pudessem investir na criação de empregos e fazer face á crise.

    Há crise, há sim senhor. As pessoas estão a perder o emprego, é um facto. Mas no essencial continua a ser uma crise de ricos.

    Peço desculpa por um post tão longo, mas espero que tenha sido elucidativo.

    Cumprimentos a todos

  7. Olha, tratando-se de países que já agrediram outros povos em busca de riquezas e recursos, todo cuidado é pouco.
    Apesar de sermos fruto dessas ‘expansões’ em busca de riquezas, sofremos muito com os europeus, nada devemos a eles.
    Se agora estão enfraquecidos, não devemos mover uma palha para melhorar a situação, e sim fazer os melhores negócios possíveis para nós, para ver se recuperamos o que nos ‘sugaram’ por séculos. No que for de nosso interesse, vamos à eles; no mais danem-se eles. Sempre foi assim que agiram com relação ao resto do mundo, principalmente com os povos ‘atrasados’ que eles, em geral, massacraram.
    Vamos também nos armar mesmo, pois virão feito lobos famintos pra cima de regiões e nações que tenham recursos.
    Não são confiáveis. Talvez até menos confiáveis que os EUA, pois estes pelo menos são um grande território com grandes recursos, são auto suficientes em quase tudo (senão em tudo).
    Vamos extorqui-los em tecnologia, por exemplo.

  8. Afonso

    Realmente, é a crise dos ricos, mas muitos países pobres ou menos desenvolvidos que dependem muito de países ricos (como o México depende dos EUA) também sofrem. Talvez seja essa a razão do Brasil não ter sofrido tanto nesse crise. Não dependemos tanto ( ou exclusivamente) dos países ricos (na maioria ocidentais) pois o Brasil é um grande exportador de commodities e produtos agrícola, vende para a Ásia, África, os vizinhos e para os ocidentais também.

  9. Antes pelo contrário…

    O Brasil, assim como os outros países em vias de se tornarem líderes são vendedores… não compradores.

    e quem são os compradores?? Quem tem o dinheiro e compra os recursos que escasseam e os produtos de pouco valor acrescentado??

    Já viu Eduardo Carvalho se os países europeus dissessem “que se dane o Brasil, ou a China, não lhes compramos nada”, vamos antes voltar a investir em nós próprios.

    Todos dependem de todos, essa é a beleza da “coisa”.

    E como tal, se os europeus ou outros do género deixassem de comprar lá se ia o crescimento económico e o combate à pobreza e à desigualdade que tanto emperra os grandes com pés de barro.

    O melhor mesmo é europeus e norte-americanos recuperarem económicamente, e com eles o Brasil, a China, a Rússia, o México, etc… continuarem o seu crescimento.

    Uns sem outros não vão a lado nenhum, é errado pensar o contrário.

    Quanto ao extorquir tecnologia, isso é um pressuposto totalmente errado. A tecnologia está no lado destes. Basta pensar num avião da Embraer por exemplo e ver que o que é tecnologico mesmo é americano, ou britânico.

    Quanto ao resto, não assino por baixo qualquer visão de “coitadinho da História”.

  10. O termo ‘extorquir’ talvez tenha sido mal compreendido.
    É mais no sentido de se aproveitar um momento único na história do país em que não estamos na posição ‘de pires na mão’, como sempre foi ao longo do séc.XX, ou mesmo de toda nossa história, desde o séc XIX.
    O que nos interessa em obter da europa ? queijo, vinhos, oleo de oliva ?
    Não, claro que não, pois isso é supérfluo, embora retrate um nível de conforto que logo esperamos alcançar. Talvez quando nossas necessidades nacionais mais preementes estejam satisfeitas, e elas são muitas, tais produtos nos sejam uma necessidade.
    O que queremos e precisamos é tecnologia, para queimar etapas de nosso atraso. A tecnologia permitirá agregar valor aos recursos naturais que temos, e muito.
    D tudo mais que é realmente importante, podemos nos suprir, seja porque temos, ou porque podemos conseguir em outras paragens.
    ‘Extorquir’ tecnologia é apenas no sentido de tornar muito mais favoráveis para nós as condições de relacionamento econômico entre norte-sul, que históricamente têm se caracterizado por uma brutal transerência de riquezas para o hemisfério norte.
    Entre as diversas providências dos norte-hegemonista com relação às riquezas geradas ( e também transferidas) foi gerar conhecimento técnico-científico, que não se exala, é razoavelmente imune às crises econômicas, e agrega alto valor aos produtos de suas economias. Estamos apenas tentando seguir a cartilha.
    Claro que não somos ‘coitadinhos’ na história, e mesmo que fossemos, disso não se vive, nem se progride. Tal situação se supera, e essa superação se conquista, não se pede, já que não será mesmo dada.
    E como ‘gato escaldado tem mÊdo de água fria’, devemos nos precaver sim, militarmente inclusive (mas não somente), das ‘economias’ européias.
    Já fomos colonia, e isso não queremos mais voltar a ser, seja na ‘marra’, seja por dominação econômica.
    Interdependencia das nações não é bem a proposta européia para AL e Africa, e sim a preservação de suas ‘fontes de recursos naturais e mão de obra barata para sua manufaturas menos importantes, e mercado para seus produtos caros’.
    Isso não é senão a política óbvia do dominador, não é revestida de mérito ou demérito. Sempre foi assim, e parece que sempre será.
    Aos que não querem se sujeitar à dominção cabe lutar, de todas as formas possíveis. E não se pode perder nenhuma oportunidade de auferir ganhos realmente importantes.

  11. Eduardo Carvalho…

    Pensava que já estávamos a desconversar, mas não. Estou totalmente de acordo consigo, nada a apontar.

  12. Pode-se perceber a crise da europa na contínua saída da França em busca de relações com outros países (leia-se Brasil). Em nosso país é visível o avanço francês em várias áreas da economia. Eu mesmo, trabalho em uma empresa francesa…

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