Em editorial publicado nesta quinta-feira, o jornal espanhol El País criticou o presidente Luis Inácio Lula da Silva, afirmando que seu governo poderia exercer mais pressão sobre o regime cubano, em especial na área de defesa de direitos humanos.
O jornal cita a morte do dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo em uma prisão, após 85 dias de greve de fome, dizendo que o incidente representa um teste decisivo para Lula e para a comunidade internacional.
O periódico diz que Lula, na condição de líder e porta-voz regional, deveria ter se pronunciado sobre a morte de Zapata, que ocorreu no dia da chegada do presidente a Cuba.
“O silêncio de Lula diante de uma ditadura como a castrista…mancharia o que ele representa, que é tão importante para a América Latina e, na medida em que o Brasil estabelece sua posição de potência emergente, para o resto do mundo.”
Durante sua visita a Cuba, Lula negou ter recebido uma carta com um pedido de apoio supostamente entregue por um grupo de dissidentes do regime cubano, e afirmou que teria conversado com os dissidentes se eles tivessem solicitado um encontro.
“Se eles tivessem pedido para conversar comigo, eu teria conversado com eles, qualquer presidente teria conversado com eles. Nós não nos recusamos a conversar”, disse.
Para o jornal, a visita a Havana seria uma “oportunidade de demonstrar que o crescente papel internacional do Brasil não significa sacrificar o principal capital político que ele (Lula) arrecadou: a opção por uma esquerda capaz de oferecer progresso e bem-estar diante do fortalecimento e gestão das instituições e procedimentos democráticos”, afirma o jornal.
Segundo o El País, a morte do prisioneiro político, que protestava contra maus tratos sofridos na prisão e só recebeu ajuda médica quando sua saúde estava tão deteriorada que o fim era irreversível, é razão para forte condenação ao regime cubano, “a ditadura mais longa da América Latina e uma das que mais coíbe a liberdade da história do continente”.
O jornal lembra ainda que um grupo de dissidentes cubanos entregou uma carta a Lula pedindo ao presidente que interceda pela sorte dos presos.
“O compromisso que o Brasil tem demonstrado com os direitos humanos já seria suficiente para justificar esta ação, mas a morte de Zapata a torna inevitável.”
O jornal lembra que o mito da revolução cubana para parte da esquerda latino-americana torna difícil o trato com Havana para qualquer governo, sobretudo para o governo brasileiro.
“Mas as dificuldades para administrar as relações com este mito não podem levar a fechar os olhos diante dos abusos de poder que se cometem em Cuba, e que neste caso resultaram na morte de um preso político.”
É por causa deste tipo de reportagem que eu lembro Bagran.
Prisão de Bagram: a Guantánamo esquecida no Afeganistão
Matthias Gebauer, John Goetz e Britta Sandberg
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, manifestou-se contra o abuso de prisioneiros por parte da Agência Central de Inteligência (CIA) e quer fechar a prisão de Guantánamo. Mas ele tolera a existência da prisão militar de Bagram, no Afeganistão, onde mais de 600 pessoas estão encarceradas sem nenhuma acusação formal. Segundo um dos promotores militares, comparada a Bagram, Guantánamo parece “um bom hotel”.
Raymond Azar foi levado a força para Bagram em um dia tranquilo em Cabul. Não houve nenhum ataque e o sol brilhava.
Azar, que nasceu no Líbano, é gerente de uma companhia de construção. Ele seguia para Camp Eggers, a base militar norte-americana próxima ao palácio presidencial, quando dez agentes armados do Birô Federal de Investigação (FBI) subitamente o cercaram.
Os homens, todos usando coletes a prova de balas, algemaram-no, amarraram-no e o empurraram para dentro de um automóvel utilitário esportivo (SUV). Duas horas depois, eles deixaram Azar na prisão militar de Bagram, que fica 50 quilômetros a nordeste de Cabul.
Conforme Azar contou mais tarde, ele foi obrigado a permanecer sentado durante sete horas com as mãos e os pés amarrados a uma cadeira. Ele passou a noite em um contêiner de metal frio, e ficou 30 horas sem receber nenhum alimento. Azar alegou que militares norte-americanos lhe mostraram fotos da sua mulher e dos quatro filhos, e lhe disseram que, se ele não cooperasse, jamais tornaria a ver a família. Ele disse ainda que foi fotografado nu e que depois lhe deram um macacão para vestir.
“Necessidade desse tipo de lugar”
Naquela data, 7 de abril de 2009, o presidente Barack Obama estava no cargo havia exatamente 77 dias. Pouco após a cerimônia de posse, Obama ordenou o fechamento do centro de detenção da Baía de Guantánamo e mandou a CIA abandonar as suas prisões secretas clandestinas, os chamados “black sites” (“locais negros”). Ele desejava acabar com o legado sombrio dos anos Bush – não deveria haver mais torturas, operações secretas para sequestros de suspeitos de terrorismo e as chamadas “renditions” (transferência de presos para prisões clandestinas em outros países, nos quais os detentos são frequentemente torturados).
Pelo menos essa foi a promessa de Obama. Ele não mencionou Bagram nos seus discursos.
Azar estava em Cabul a negócios. A sua companhia assinara contratos com o Pentágono no valor de US$ 50 milhões (34 milhões de euros, R$ 90,8 milhões) para obras de reconstrução no Afeganistão. Em 8 de abril, Azar foi colocado em um jato Gulfstream e mandado para o Estado de Virgínia, nos Estados Unidos, para ouvir acusações formais. Ele foi acusado de ter fornecido propinas ao seu contato no exército dos Estados Unidos a fim de garantir que os contratos militares seriam concedidos à sua companhia, que mais tarde foi considerada culpada de praticar corrupção.
Foi um caso clássico de corrupção, e não aquele tipo de crime devido ao qual um suspeito costuma ser enviado para uma prisão militar. Ninguém é capaz de explicar por que Azar foi levado para Bagram, onde as forças armadas dos Estados Unidos o trataram como um suspeito de terrorismo e, ao fazerem isso, proporcionaram a ele o vislumbre de um mundo que elas normalmente preferem manter secreto.
“Bagram é uma segunda Guantánamo que foi esquecida”, afirma o especialista em direito militar norte-americano Eugene Fidell, professor da Faculdade de Direito da Universidade Yale. “Mas, aparentemente, continua havendo a necessidade desse tipo de lugar, mesmo durante o governo Obama”.
“Desde o início Bagram já era pior do que Guantánamo”, afirma Tina Foster, advogada de Nova York, que trabalhou em vários casos defendendo os direitos de detentos em tribunais dos Estados Unidos. “Bagram sempre foi uma câmara de torturas”.
E o que diz Obama? Nada. Ele nunca menciona Bagram nos seus discursos. Quando fala sobre os maus tratos dispensados pelos Estados Unidos a detentos, ele só se refere a Guantánamo.
Localização sigilosa
O centro de detenção de Bagram, atualmente a maior prisão militar norte-americana fora dos Estados Unidos, não está assinalada em nenhum mapa. Na verdade, a sua localização precisa, em algum lugar na periferia da enorme base aérea a nordeste da capital afegão, é sigilosa. Ela consiste de dois prédios cor de areia que lembram hangares de aeronaves, rodeados por altos muros de concreto e por lonas com pintura verde de camuflagem. A instalação foi construída em 2002 como uma prisão temporária em uma antiga base aérea soviética.
Atualmente, os dois prédios contêm grandes celas, cada uma com espaço para 25 a 30 prisioneiros. A prisão tem capacidade para até mil detentos. Os presos dormem em colchonetes, e há um vaso sanitário atrás de uma cortina branca em cada cela. Uma obra de ampliação das instalações no valor de US$ 60 milhões (R$ 109 milhões) deverá ser concluída até o final do ano.
Ao contrário de Guantánamo, Bagram fica no meio da zona de guerra afegã. Mas nem todos os detentos foram capturados em áreas de combate. Muitos suspeitos de terrorismo vieram de outros países e foram transportados para Bagram para serem interrogados após a captura. Desde que a prisão militar entrou em operação, todos os detentos que lá estiveram foram
classificados de “combatentes inimigos”, e não de prisioneiros de guerra, uma classificação que permitiria que ficassem sujeitos às normas da Convenção de Genebra
O mais famoso prisioneiro temporário de Bagram foi Khalid Sheikh Mohammed, o auto-proclamado arquiteto dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Após ter sido detido no Paquistão, Mohammed foi levado inicialmente para Bagram, onde ficou três dias, e a seguir foi enviado para uma prisão secreta na Polônia antes de ser mandado para Guantánamo. Ele disse a membros da Cruz Vermelha que, no Afeganistão, foi espancado, dependurado por correntes presas às suas mãos e sexualmente humilhado. “Me obrigaram a deitar no chão. Introduziram um tubo no meu ânus e injetaram água dentro de mim”.
“Tendo visitado Guantánamo várias vezes, acredito que, comparada a Bagram, Guantánamo parece um ‘bom hotel'”, diz o promotor militar Stuart Couch, que teve acesso ao interior de ambas as instalações. “Em Bagram os homens não parecem ter permissão para se locomoverem. Eles sentam-se em filas no chão. O lugar tem o odor da ‘gaiola dos macacos’ de um jardim zoológico”.
Privação de sono e humilhação sexual
Desde o início, Bagram ficou famosa pelas formas brutais de tortura lá empregadas. Indivíduos que lá estiveram detidos contam ter sido submetidos a privação de sono, espancamentos e várias modalidades de humilhação sexual. Em alguns casos, um interrogador colocava o pênis na face do detento enquanto este era questionado. Outros presos foram estuprados com pedaços de madeira e sofreram ameaças de serem submetidos a sexo anal.
Omar Khadr, um detento canadense que à época tinha 15 anos de idade, afirma que os militares o usaram como um ‘esfregão vivo’. “A polícia militar jogava óleo de pinho no chão e em mim. E, a seguir, me colocavam deitado de bruços, com as mãos e os pés algemados juntos para trás, e me arrastavam para frente e para trás sobre uma mistura de urina e óleo de pinho no chão”.
Pelo menos dois homens morreram durante a prisão. Um deles, um motorista de táxi de 22 anos chamado Dilawar, ficou suspenso no teto pelos pulsos durante quatro dias, tendo sido espancado repetidamente nas pernas, durante o período, por militares norte-americanos. No relatório da autópsia, um médico militar escreveu que os tecidos da perna do rapaz haviam se transformado basicamente em “uma pasta”. Os interrogadores já sabiam – e mais tarde disseram isso em um depoimento – que não havia nenhuma prova contra Dilawar.
Segundo uma investigação militar interna dos casos de abusos cometidos contra prisioneiros na prisão Abu Ghraib, no Iraque, que geraram uma indignação internacional quando vieram a público em 2004, as práticas na instalação iraquiana foram inspiradas no tratamento recebido pelos detentos de Bagram.
Centenas de detentos inocentes
Até hoje, praticamente não há fotos do interior de Bagram, e os jornalistas jamais tiveram acesso ao centro de detenção. Embora os números exatos sejam desconhecidos, acredita-se que haja cerca de 600 detentos em Bagram, ou quase o triplo do número de prisioneiros que encontram-se atualmente em Guantánamo. Segundo um relatório do Pentágono de 2009, que ainda não foi oficialmente publicado, 400 dos detentos de Bagram são inocentes que poderiam ser libertados imediatamente.
Os detentos de Bagram ainda não têm direito a um advogado, o que significa que não contam com recursos legais contra a detenção e tampouco com a oportunidade de prestar depoimentos sobre os seus casos. Alguns estão lá há anos, sem saber por que.
Obama anunciou novas diretrizes para o tratamento dos detentos de Bagram, que exigiriam que um militar norte-americano fornecesse assistência a cada detento – não como advogado, mas como uma espécie de conselheiro individual. A seguir, esse militar poderia revisar as evidências e prestar um depoimento sobre o caso pela primeira vez. Ele poderia ainda solicitar que um comitê revisor examinasse o caso.
Os piores abusos
No entanto, a advogada Tina Foster acha que a nova iniciativa é apenas uma medida cosmética. “Não existe absolutamente nenhuma diferença entre as posições do governo Bush e as do governo Obama em relação aos direitos dos detentos de Bagram”, disse ela durante uma entrevista a “Der Spiegel” no seu escritório no bairro novaiorquino de Queens.
Foster, uma mulher pequena de 34 anos, com olhos escuros e cabelos negros, trabalhou em casos de detentos de Guantánamo como advogada do Centro de Direitos Constitucionais, uma instituição de Nova York. Isso foi antes de ela descobrir que o piores abusos contra prisioneiros haviam ocorrido em Bagram, muito antes de os detentos terem chegado a Guantánamo.
Desde 2005, Foster trabalha exclusivamente com casos de Bagram. Ela já atuou em tribunais para solicitar habeas corpus para três detentos de Bagram. Normalmente, todo prisioneiro tem direito a habeas corpus, o que proporcionaria ao indivíduo a oportunidade de pedir a um tribunal dos Estados Unidos que investigasse as razões pelas quais foi preso.
“Esse capítulo feio da história norte-americana”
No início de abril deste ano um juiz deu parecer favorável à petição de Foster, argumentando que, como os três clientes dela, dois iemenitas e um tunisiano, não haviam sido “capturados em uma situação de campo de batalha” no Afeganistão, tendo sido, em vez disso, trazidos de um outro país para Bagram, eles também tinham direitos garantidos pela constituição dos Estados Unidos. “Foi um enorme sucesso”, diz Foster.
Na segunda-feira (21), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos submeteu um memorando de 64 páginas ao tribunal de apelação, recorrendo da decisão. Os advogados do Departamento de Justiça argumentam que, como prisão militar em uma zona de combate, Bagram constitui-se em um caso especial.
Foster, que apoiou Obama durante a campanha e voltou nele, está desapontada com o seu antigo ídolo. “Quando ouvi a declaração dele no sentido de fechar Guantánamo, dei um suspiro de alívio achando que talvez esse capítulo extremamente feio da história norte-americana fosse finalmente chegar ao fim”, conta a advogada. “Infelizmente, desde então o governo Obama fracassou completamente no que se refere a implementar a mudança que prometeu”.
Deixado de pé na neve
Foster pretende continuar lutando por essa causa, ainda que um dos seus clientes, cujo depoimento tem um papel proeminente no seu caso, esteja morto. Jawed Ahmad, conhecido como Jojo Yazemi, era um jornalista que trabalhava no Afeganistão para uma estação de televisão canadense. Ele tinha 22 anos quando foi preso em outubro de 2007.
Os norte-americanos acusaram-no de manter contato com o Taleban. Eles encarceraram Yazemi em Bagram, onde ele tornou-se simplesmente mais um “combatente inimigo” – o detento número 3.370. Eles o deixaram de pé na neve por seis horas, espancaram-no, ameaçaram-no e o submeteram a privação de sono durante semanas. Foi só quando colegas jornalistas de Nova York deram início a uma campanha na mídia em apoio a Yazemi que ele foi libertado – após 11 meses de prisão e sem nenhuma explicação sobre o motivo para a sua detenção.
Apenas seis meses após a sua libertação, homens armados dirigindo uma picape Toyota, o tipo de veículo preferido por vários talebans, mataram Yazemi a tiros em Kandahar. “Aquele foi um dos momentos mais terríveis da minha vida”, diz Tina Foster. “Ele era uma grande pessoa e um amigo”. Ele era também uma testemunha importante de Foster no seu processo contra Bagram.
Tradução: UOL
Creio que o nosso único motivo para com a visita a CUBA seja estreitar os laços comerciais Brasil-Cuba, e esta visita de forma alguma, significa para outros governos que somos contra ou a favor da política da ilha socialista, estamos lá apenas para negócios.
Abraço.
Meu comentário foi recusado? Não se pode fazer crítica ao atual governo e sua diplomacia externa?
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Salve Lecen, qual comentário?
O que você postou na seção do Kadhaf? e foi aprovado às 19:09h? ou outro que não tenha me apercebido?
cumprimentos
E.M.Pinto
Porem a nota não fala sobre o real motivo de o Presidente estar em Cuba! Negócios! Ele estava cuidando dos interesses da indústria brasileira. ex: foram vendidos 3500 ônibus brasileiros para Quatemala e o Brasil esta interessado no porto de Mariel que terá capacidade de receber navios de grande tonelagem.
O Brasil tem interesse em cuba da mesma forma que os estados unidos têm com a china e com os árabes.
Lula não foi discutir direitos humanos foi procurar oportunidades. Para cada assunto há seu tempo!
http://www.youtube.com/watch?v=c_y6K_9ZY18&feature=player_embedded
Mesmo que nosso presidente tenha ido discutir apenas negócios, algum tipo de pressão sobre os Castro o Lula deveria ter feito. Não só para se qualificar (mais) como líder global pleno, mas até por questões humanitárias.
Também me causa uma certa estranheza que a carta assinada por vários intelectuais, que circulou livremente na Internet não tenha chego ao presidente …
Sou a favor de que Cuba seja um país mais aberto e com mais liberdade, mas que esta reportagem do “El País” é hipócrita disto eu nao tenho dúvida!
Por que a Espanha e Zapatero nao falam mal, por exemplo, da falta de liberdades individuais na Arábia Saudita?? Porque os interesses comerciais espanhóis lá sao enormes e sao aliados dos EUA. Pura política! Fecham os olhos para uns e abrem os olhos para outros!
Obrigado pela resposta e atenção, Pinto. O explorer não deve ter processado a mensagem. Um abraço!
O Brasil está sendo apontado como “colaborador” do regime cubano. Estão enganados. O Brasil está fazendo o que o mundo capitalista faz: vende seus produtos. Porém, está levando uma grande vantagem sobre os concorrentes: não exporta ideologia e por ser democrático, entende que não deve interferir em “assuntos internos de outras nações”.
Não esquecendo que o regime cubano existe há décadas. O Brasil não o criou. Aqueles que hoje o contestam, de uma forma ou outra, colaboraram com ele ou ou, no mínimo, o fortaleceram.
Acredito que a melhor maneira para que a democracia também venha a existir em Cuba, seja o fim do embargo imposto a este País.
Aquele ditado, muito popular, que diz “cada povo tem o governo que merece”, é válido em qualquer lugar.
Quando o povo cubano quizer e achar conviniente, não tenham dúvidas de que, quem fêz uma revolução, poderá fazer outra.
Abraços.
Não tiro sua razão athalyba (26/02/2010 às 20:14 )também acho que o Presidente poderia dar alguma declaração.
Mas que é estranho este senhor ter falecido justamente agora e que algumas reportagens soltas pela mídia venham a distrair e manchar este momento em que um novo organismo surge para se contrapor a OEA e um de seus integrantes mais fortes!
Se pensarmos em médio prazo e a política de expansão das empresas brasileiras pelo continente americano continuar firme o Brasil pode ter um acesso muito facilitado a esses mercados e exercer uma maior influencia nesses países!
Isso acaba indo de encontro com interesses de outros países!
O Brasil começa a jogar um jogo mais pesado.
Ai ai,
A morte do dissidente cubano, Orlando Zapata Tamayo, um dia antes da chagada do presidente Lula a Cuba, a pequena e aprazível ilha caribenha, foi no mínimo uma estranha coincidência. Quem conhece as artimanhas da CIA e dos grupos anticastristas ficou de orelha em pé. Todos sabem e, o próprio governo cubano confirma que em Cuba não existe, o que chamamos aqui de “liberdade” de imprensa.
Em 51 ano de revolução, tampouco se constatou um único levante popular contra o regime.
Um país sitiado, que sofre uma permanente ameaça de invasão pela maior potência militar do mundo, não pode e nem deve abrir as suas portas ao inimigo, isso é elementar na política de defesa de qualquer nação. O governo cubano nunca negou as limitações existentes no país com relação às liberdades individuais. A democracia cubana é coletiva e não individualista. O governo cubano luta para oferecer ao seu povo o socialismo pleno, mas, até o momento os Estados Unidos tem conseguido impedir a concretização da utopia socialista, que é a democracia plena, democracia para todos.
Desde 1962, Cuba vive em um permanente estado de guerra, sendo ameaçado de invasão pelos os Estados Unidos e, sofrendo constantemente atentados terroristas financiados pela CIA e executados por cubanos que estão acantonados em Miami e, os dissidentes do regime que moram no país.
Falando sobre dissidentes políticos, sempre gosto de citar uma máxima de Santo Inácio de Loyola, onde ele diz: “Em uma fortaleza sitiada, toda dissidência é traição”. É o caso cubano.
É notório que Cuba, com o fim da União Soviética e dos países socialistas do leste europeu, sofreu, nos anos 90 do século passado, uma das maiores crises da sua história. Eu pessoalmente imaginei que o regime não suportaria a pressão, mas, suportou e superou aquele momento de crise aguda com muita dignidade. Só um povo com alto grau de consciência política e de sentimento nacionalista suporta as dificuldades que o povo cubano enfrentou e, ainda enfrenta. O povo cubano tem estas duas características: sentimento nacionalista e consciência política. Basta ler a história de Cuba ou ler o seu maior pensador, José Martí para constata isso. Na época dos países socialistas do leste europeu, mesmo sofrendo um cruel e imoral bloqueio econômico, o governo cubano tinha um relacionamento internacional que lhe permitia oferecer ao seu povo as conquistas da Revolução sem maiores atropelos, além do abastecimento, saúde, educação esporte e lazer, para todos. Cuba é um país que tem poucos recursos naturais, depende da importação de petróleo e isso dificulta o seu desenvolvimento. O fim da União Soviética foi um duro golpe. A URSS abastecia o país com petróleo. A percepção estratégica de Fidel, sua popularidade e o sentimento nacionalista do povo cubano, permitiram que o país supera-se a crise e inicia-se uma nova etapa da sua Revolução Socialista.
Apesar de todas as ameaças, Cuba ultrapassou a crise dos anos 90 e conseguiu alcançar, sem perder a sua dignidade e a autodeterminação do seu povo, os novos tempos que a América Latina está vivendo. Claro que em Cuba têm dissidentes, o governo cubano tem uma forte oposição, financiada pela CIA e a Máfia de Miami.
O jornalista Ignácio Ramonet, no seu excelente livro “Fidel Castro: biografia a duas vozes”, editora Boitempo – 2006, na página 19, falando sobre os relatórios da Anistia Internacional, que tratam sobre as liberdades em Cuba, diz: “os relatórios anuais da Anistia Internacional criticam a atitude das autoridades cubana em matéria de liberdades individuais (liberdade de expressão, liberdade de opinião, liberdades políticas) e recordam que, em Cuba, há dezenas de “presos políticos”. Esses relatórios críticos da Anistia não constatam, no entanto, casos de tortura física em Cuba, de “desaparecimentos”, de assassinatos políticos ou de manifestações reprimidas com violência pela força pública.
Tampouco se constatou um único levante popular contra o regime. Nem mesmo um caso em 51 anos de revolução. Ao passo que, em alguns Estados próximos considerados “democráticos”, como a Guatemala, Honduras, República Dominicana, até o México, sem falar na Colômbia, por exemplo, sindicalistas, opositores, jornalistas, sacerdotes, prefeitos, líderes da sociedade civil continuam sendo impunemente assassinados, sem que esses crimes habituais suscitem comoção na mídia internacional”. Nem comentários condenatórios.
A mídia internacional e os seus representantes aqui no Brasil, fazem um estardalhaço danado com qualquer problema que ocorra em Cuba ou em qualquer país que não siga a cartilha do consenso de Washington. Agora, eu não vi Arnaldo Jabor nem Boris Gasoy, nem A Folha de São Paulo comentar o assassinado de 70 civis afegãos mortos, recentemente, por militares norte-americano, segundo uma nota das forças militares sediadas no Afeganistão, foram mortos por engano e, pronto.
Antonio Capistrano – ex-reitor da Uern.
FONTE: HANGAR DO VINNA
http://moraisvinna.blogspot.com/2010/02/uma-estranha-coincidencia.html
Bem ou al , eles tem um governso, + a democracia tbm é necessária,esse tipo de coisa se resolve com + idéias..mt triste.