Gilberto Scofield Jr.
WASHINGTON. O ministro da Defesa Nelson Jobim disse ontem em encontro com o colega americano, Robert Gates, que há um clima de desconfiança nas relações entre os EUA e os países da América Latina e que este clima precisa ser melhorado através não apenas de discursos favoráveis do presidente Barack Obama, mas através de ações efetivas. Segundo Jobim, Gates teria concordado com a análise e afirmou que, ao menos em termos do ministério que comanda, trabalharia para reduzir as desconfianças entre os países.Numa clara menção à decisão americana de reativar o acordo militar com a Colômbia, mantida em segredo até o fim das negociações, Jobim afirmou que acordos militares com outros países são geralmente comunicados a autoridades de países vizinhos ou com os quais se mantém relações estreitas – comerciais e políticas -, para reduzir desconfianças. O ministro brasileiro também sugeriu que mudar a política com relação a Cuba, especialmente o embargo econômico à ilha, é uma boa oportunidade para os EUA criarem um ambiente de confiança.
– Disse a ele que este seria um bom começo porque o embargo só provocou três fenômenos: o empobrecimento de Cuba, um aumento no orgulho dos cubanos por sobreviverem às adversidades e uma atmosfera de desconfiança na América Latina, que também se justifica pelo passado do país na região – disse o ministro.
Outra contribuição para o processo seria a ajuda dos EUA no trabalho de pacificação e reconstrução do Haiti, devastado por um terremoto há mais de um mês. Jobim afirmou que Robert Gates visitará o Brasil em abril e que a intenção é levá-lo para conhecer os postos de fronteira do país na região amazônica, que este ano serão ampliados de 21 para 49.
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