Helibrás vira plataforma de exportação da Eurocopter

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Subsidiária da fabricante francesa terá investimentos de US$ 400 milhões para a duplicação de fábrica em Itajubá (MG).

Ricardo Rego Monteiro – Correspondente do Brasil Econômico no Rio de Janeiro

A Helibrás vai se tornar uma plataforma de exportação de helicópteros civis e militares da francesa Eurocopter Company, do consórcio europeu EADS.Responsável pela produção de modelos difundidos no mundo, como Esquilo, Cougar e o Super Puma, a Eurocopter, por meio da subsidiária brasileira, começa a implementar, neste ano, o cronograma do projeto que resultará na fabricação em território nacional, a partir de 2013, da nova versão do modelo EC 725 para uso militar.

A nova aeronave, que terá 50% do conteúdo nacionalizado, representa o primeiro passo de um projeto de US$ 400 milhões que terá, como desdobramento, a criação de novo helicóptero totalmente desenvolvido no Brasil, a partir de 2020.

Presidente do conselho da Helibrás, o ex-governador do Acre Jorge Viana afirma que, como primeiro passo do processo de nacionalização, a companhia se prepara para entregar neste ano as primeiras três unidades do lote de 50 EC 725 previstos pela bilionária encomenda do Ministério da Defesa do Brasil.

O contrato, de € 2 bilhões (cerca de R$ 5 bilhões), foi firmado com o governo brasileiro em 2008, como desdobramento do plano de reaparelhamento das forças armadas. Prevê, como primeiro passo da nacionalização, a duplicação da fábrica da Helibrás, Itajubá (MG), cujas obras devem começar em 19 de março.

“As primeiras três aeronaves serão construídas na fábrica da Eurocopter da França, mas o cronograma de entregas vai obedecer a uma escala gradativa de nacionalização”, afirma o presidente executivo da Helibrás, Eduardo Marson Ferreira.

“O helicóptero número 4 já vai ser entregue semipronto, para ser montado em Itajubá. A partir do décimo modelo, o lote será todo construído e montado em Minas, quando já deverá estar concluída a duplicação da fábrica, prevista para 2013.”

Uso civil

A nova versão do helicóptero no Brasil – já com a designação EC 725 BR – será produzida com metade dos equipamentos fornecidos por empresas de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Com isso, a Helibrás também estará apta a fabricar a versão civil da aeronave, o EC 225 BR.

Diante da demanda prevista para o pré-sal da Bacia de Santos, a expectativa da companhia é vender tanto a versão civil quanto a militar. Atualmente, as empresas que prestam serviço para a Petrobras em Santos já operam com seis dessas unidades. O campo de Tupi está localizado a 300 quilômetros da costa, o que demanda a autonomia de voo dos EC 225.

“A ideia é fazer do Brasil uma plataforma de exportação desses helicópteros não só para os países da América do Sul, mas para todos aqueles hoje atendidos pela Eurocopter no mundo. Não faria sentido investir em uma nova fábrica só para atender a esse contrato com o Ministério da Defesa”, afirma Marson Ferreira.

“A ideia é exportar da França ou do Brasil, dependendo das condições de cada contrato e de cada cliente. Com a produção aqui (no Brasil), podemos eventualmente optar por uma linha de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar a venda. Essas são vantagens que passamos a ter, ao fabricar aqui.”

O processo de transferência de tecnologia já começou, na prática, independentemente do projeto de duplicação da nova fábrica. Marson revela que, ainda este ano, 20 engenheiros e técnicos franceses vão desembarcar no Brasil para trabalhar integralmente no desenvolvimento do novo projeto.

Defesa faz fabricante quintuplicar vendas

O novo contrato com o Ministério da Defesa, de acordo com o presidente do Conselho de Administração da Helibrás, Jorge Viana, deverá assegurar a quintuplicação do faturamento da empresa, em 2010, dos atuais R$ 100 milhões para R$ 500 milhões. Criada em 1978, em São José dos Campos (SP), e inaugurada em 1980, em Itajubá (MG), a empresa tem hoje como acionistas a MGI Participações, que pertence ao governo de Minas Gerais, e os grupo Eurocopter, da França, e Bueninvest. Na prática, atualmente a Helibrás é responsável pela montagem, venda e apoio pós-venda dos helicópteros da Eurocopter no país. Além da fábrica de Itajubá, a Helibrás mantém, no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, um complexo de 3.800 metros quadrados com área comercial, depósito de peças e oficina, que permite à empresa atender sua frota. Empresa brasileira com capital estrangeiro, a Helibrás emprega, em média, 250 funcionários. R.R.M.

CAIXA E PESSOAL

US$ 100 mi foi o faturamento líquido da Helibrás registrado em 2009. O novo contrato com o Ministério da Defesa, de acordo com o presidente do conselho, deverá quintuplicar o valor em 2010, para R$ 500 milhões. 250 pessoas integram o corpo de funcionários da companhia. Dela dependem diretamente mais de 800 pessoas, sem contar as empresas parceiras e os prestadores de serviço.

PONTOS FORTES

A duplicação da fábrica da Helibrás, com investimento de US$ 400 milhões, aumentará a capacidade de produção, com abertura para as exportações. ● Além do uso militar, o novo aparelho, que será batizado de EC725 BR, tem aplicação civil, atendendo à demanda que deverá ser gerada pelo pré-sal.

Meta é ter 1ª aeronave 100% nacional

Cronograma de investimentos farão do país uma base para desenvolvimento de produtos Em silêncio, como requer o estilo mineiro, a Helibrás prepara o grande salto tecnológico de sua história. Até 2020, a empresa deverá concluir o projeto do primeiro helicóptero totalmente desenvolvido no Brasil, a partir do programa de transferência de tecnologia previsto pelo contrato de aquisição das 50 unidades do EC 725 pelo Ministério da Defesa brasileiro. Presidente da empresa, que tem como sócio o governo mineiro, com 22% de participação, Eduardo Marson Ferreira revela que o domínio do ciclo total de produção das aeronaves vai demandar investimento de US$ 400 milhões do grupo no Brasil, mas vai assegurar ao país a condição de plataforma de concepção de novos projetos tecnológicos.

“O Brasil vai se tornar uma plataforma de concepção desse tipo de aeronave, com o domínio do ciclo completo de produção. Em dez anos vamos produzir o primeiro helicóptero com tecnologia 100%nacional, que também poderá ser exportado para os de – mais países da região e do resto do mundo”, afirma o presidente da Helibrás, ao assegurar que o novo helicóptero será totalmente diferente dos modelos hoje em produção pela empresa no mundo.Enquanto não inicia o projeto, a Helibrás se prepara para fabricar a nova versão do EC 725, com 50% de conteúdo nacional. O produto, que chegou a ser batizado como Super Cougar — já descartado —, vai representar uma evolução tecnológica em relação ao equipamento hoje fabricado na França. Além de mais econômico, terá maior capacidade de transporte.

Tudo por conta da substituição de material metálico, hoje empregado na fabricação, por similares em material composto, como fibra de carbono. Mais leve, a fibra assegura menor resistência do ar e menor demanda de combustível.

A cadeia de fornecedores, deverá ser ampliada pela Helibrás nos próximos anos. Ferreira revela que, na região da Baixada Fluminense, no estado do Rio, serão fabricados os motores dos helicópteros. Na capital carioca, por sua vez, será sediado o centro de simulação de voos da empresa.

Fonte: NOTIMP

10 Comentários

  1. Muito interessante este projeto. O único defeito é o governo mineiro dormir de touca e passar toda a fabricação de componentes para os estados do RJ-SP-RGS, sobrando para Minas apenas a montagem dos helicópteros.
    Isso sim, será marcar bobeira em silêncio, como requer o estilo Mineiro.
    Acorda Aercio Neves, temos 22% da empresa, é a oportunidade do estado se desenvolver na industria aeronáutica!!!

  2. Bom, taí a TT que o Brasil tanto almeja. Ainda falta dos subs, aviões, aero-espacial e armas. Mas já temos os Helis.
    Quero qual vai ser o discurso de alguns torcedores do contra.

  3. Itamar

    Tudo nesse país está concentrado no sudeste, mas precisamente São Paulo e Rio de Janeiro.
    Como estratégia de mercado, é uma faca de duas pontas.
    Por um lado, temos um mercado mais desenvolvido.
    Por outro, uma imensa dependência.

    Quem acha que é difícil atacar o Brasil, se engana.
    É so acabar com meia dúzia de usinas hidrelétricas que o Brasil para.

    Esse país nunca acaba com essa mania, só Rio e SP, sempre.
    Nenhum político fala isso em eleição.

    Só uma guerra nos fará acordar.

  4. As informações indicam que a Petro-Sal vai engolir um bocado de meia-estatal que abusam da subserviência brasileira por pressão do Tio Sam. Que o diga os mega-investimentos no NORTE/NORDESTE, frutos dos novos tempos.
    Melhor que investir nesta mentira que é a Helibrás Eurocopter é apostar todas as fichas na AVIBRÁS e nos estaleiros navais.

    Viva a INACE, viva SUAPE, viva o Porto do Pecém, viva a Base Espacial de Alcântara, viva a Usina do Belo Monte!!

    Libertas Quae Sera Tamen

  5. Bom, helicópteros são helicópteros e caças são caças, entretando mostra o compromisso dos franceses em transferir tecnologia para o Brasil,pode ser um bom indício para a escolha no FX-2.

    Abraço.

  6. Vou dar um banho d´agua gelada nos mais ufanistas mas isto se vocês estão denominado ´conseqüência de parceria estratégica´ chama-se na realidade de ´vantagem comparativa´. Desde o final de 2007 se discute na Europa a desindustrialização da produção da aviação tendo em vista o aumento de custos (impostos e salários) e cambio (Euro supervalorizado). Hoje a Airbus tem menos funcionários do que em 2005, e se tem discutido claramente a transferência de fabricas e equipamentos para o sul da Ásia. Quem teve a oportunidade de conhecer o mercado de informática viu isto acontecer nos anos 90. Dos quatro principais vendedores de notebook no mundo três são fabricantes americanos. Quantos notebooks os EUA exportam, nenhum! Os notebooks da Apple, Dell e HP são montados no sul da Ásia e no Brasil para o resto do mundo. Ai surge a pergunta, o que os EUA fazem? Resposta, desenham os projetos, escolhem as fabricas de onde comprarão as peças, o resto é feito fora dos EUA. Quantas fabricas a Intel tem nos EUA, nenhuma! Uma é na Malásia outra na Costa Rica. O que vai acontecer com a Eurocopter e a Helibras é a mesma coisa. Ele continuaram a construir seus projetos na Europa, importando peças onde elas puderem ser feitas pelo menor preço e depois montadas em Minas Gerais e estados industriais mais próximos. Helicóptero 100% nacional? Piada, sabem quantos são os países fabricantes de telas para glass cockpit, três: Japão, Taiwan e Coreia do Sul. A transferência de parte do parque tecnológico da Elbit para o Brasil via Aeroeletronica tem a mesma lógica, redução de custos para ganhar mercados. E a SAAB com o Gripen NG?, a mesma coisa com a diferença de que a SAAB pretende transferir parte da estrutura de desenvolvimento de aviões em face da expertise existente no interior de São Paulo (Embraer, Ita, CTA, etc..). No caso da SAAB ainda existe a probabilidade da parte aeronáutica da empresa pode ser vendida para outros países. A Suécia não vê a SAAB como uma empresa intocável, impossível de ser vendida como ocorre com a Dassault e a Airbus.

  7. Ricardo_Recife :
    Vou dar um banho d´agua gelada nos mais ufanistas mas isto se vocês estão denominado ´conseqüência de parceria estratégica´ chama-se na realidade de ´vantagem comparativa´. Desde o final de 2007 se discute na Europa a desindustrialização da produção da aviação tendo em vista o aumento de custos (impostos e salários) e cambio (Euro supervalorizado). Hoje a Airbus tem menos funcionários do que em 2005, e se tem discutido claramente a transferência de fabricas e equipamentos para o sul da Ásia. Quem teve a oportunidade de conhecer o mercado de informática viu isto acontecer nos anos 90. Dos quatro principais vendedores de notebook no mundo três são fabricantes americanos. Quantos notebooks os EUA exportam, nenhum! Os notebooks da Apple, Dell e HP são montados no sul da Ásia e no Brasil para o resto do mundo. Ai surge a pergunta, o que os EUA fazem? Resposta, desenham os projetos, escolhem as fabricas de onde comprarão as peças, o resto é feito fora dos EUA. Quantas fabricas a Intel tem nos EUA, nenhuma! Uma é na Malásia outra na Costa Rica. O que vai acontecer com a Eurocopter e a Helibras é a mesma coisa. Ele continuaram a construir seus projetos na Europa, importando peças onde elas puderem ser feitas pelo menor preço e depois montadas em Minas Gerais e estados industriais mais próximos. Helicóptero 100% nacional? Piada, sabem quantos são os países fabricantes de telas para glass cockpit, três: Japão, Taiwan e Coreia do Sul. A transferência de parte do parque tecnológico da Elbit para o Brasil via Aeroeletronica tem a mesma lógica, redução de custos para ganhar mercados. E a SAAB com o Gripen NG?, a mesma coisa com a diferença de que a SAAB pretende transferir parte da estrutura de desenvolvimento de aviões em face da expertise existente no interior de São Paulo (Embraer, Ita, CTA, etc..). No caso da SAAB ainda existe a probabilidade da parte aeronáutica da empresa pode ser vendida para outros países. A Suécia não vê a SAAB como uma empresa intocável, impossível de ser vendida como ocorre com a Dassault e a Airbus.

    Ufanistas! Blá, blá, blá.

    Meu camarada, todo mundo sabe que a SAAB está falida e a Suécia quer encontrar um trouxa para arrancar alguma coisa. O Brasil se decidindo pelo Gippen vai ficar com meio caça (só a estrutura) meia empresa (sem nenhum engenheiro e um projeto incompleto) e uma dívida inteira. Poxa, baita negócio esse que você defende. Tá que nem a Vale, vende a sua parte de adubos por 400 milhões e depois recompra por 3,5 Bilhões. Queria fazer uma faculdade de economia que me fizesse ser inteligente assim.

    Quanto ao Rafale, tudo como sempre foi sabido. Vai sair muito mais barato produzí-lo aqui. Esta é a aposta do Lula, do Sarkozi e da Dassault.

    Você foi perfeito em suas colocações, pena que os papéis estão invertidos no seu comentário.

  8. Duas coisas: a) todos os fabricantes europeus estão muito ruins de bolso, contudo, a SAAB pretendia transferir sua linha de produção para o Brasil para reduzir custos, a Dassault Aviation não! Coisa que ela já colocou com todas as letras, o Rafale não será construindo no Brasil, será montado (inclusive acredito que montar 30 no Brasil certamente elevará o custo final dos Rafales, se forem mais pode ser que se consiga um equilibro marginal no futuro, mas dependerá de quantos). b) li Esdras, o que eu não acredito é essa história de 100% nacional por que isto não existe (vide a questão das telas de cristal líquido e processadores dos computadores). No caso do modelo nacional certamente deve ser um helicóptero civil leve, como o Esquilo (coisa que já poderíamos estar desenvolvendo a pelo menos 10 anos), com possibilidade de versão militar, mas não será um modelo com função primária militar por uma questão de segurança industrial (tipo Tiger ou NH-90). Dou um exemplo, os Europeus não fabricam processadores para computadores militares de seus aviões de combate, utilizam americanos. Os do Rafale são PowerPC 740 (codinome Arthur) desenhados, pela IBM no final de 1999, e construídos no sul da Ásia, se não estou enganado na Malásia ou Indonésia. Os dos F-22 eram originalmente processadores I960MX de alto desempenho da Intel que estão sendo substituídos por PowerPC A2 de 64 bits. Todos foram desenhados dentro dos EUA.

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