Morre último chefe do SNI

General integrou o alto escalão militar do governo brasileiro no fim da década de 1980

Rio de Janeiro – O general Ivan de Souza Mendes, último ministro-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), faleceu aos 87 anos, por volta das 7h de ontem, vítima de infecção generalizada, na Casa de Saúde Santa Lúcia, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde estava hospitalizado desde a quinta-feira. O general integrou o alto escalão militar do governo José Sarney e, com status de ministro, foi o último chefe do SNI, que funcionou durante os 20 anos do regime militar. Souza Mendes completaria 88 anos na próxima terça-feira, dia 23. O general morreu de infecção generalizada.Em 1985, depois de exercer vários comandos e chefias, foi empossado no cargo de ministro-chefe do SNI. O militar passou para a reserva em 1986 no posto de general do Exército, mas permaneceu à frente do órgão até 1990, no fim do governo Sarney, quando o SNI foi extinto.

A história do general Ivan de Souza Mendes é marcada por sua atuação no Serviço Nacional de Informações. Durante sua passagem pelo órgão, ele foi o responsável por uma reforma da estrutura interna do SNI considerada por alguns historiadores como um desmonte da cultura de vigilância até então regente.

Outro episódio que marcou a carreira de Souza Mendes foi sua desavença com o então presidente Fernando Collor, que, no primeiro dia de mandato, dissolveu o SNI. Um dos motivos de tanta pressa, seria uma situação constrangedora ocorrida um ano antes, quando Collor ainda era canditado e o general Souza Mendes, diretor do SNI, se recusou a recebê-lo. O motivo. No dia anterior, Collor tinha feito críticas e acusações contra o então presidente José Sarney.

O presidente do Senado, senador José Sarney, lamentou em nota à imprensa, divulgada na tarde de ontem, a morte do general Ivan de Souza Mendes. “O general Ivan, colaborador de meu governo na condição de ministro da Informação, foi um profissional de extrema competência e grande compromisso com seus deveres institucionais. Marcou sua vida pelo serviço prestado ao Exército brasileiro, sempre com o sentimento de dever, trabalho e responsabilidade”, disse o presidente do Senado na nota.

Souza Mendes nasceu em Cordeiro, no Rio de Janeiro, em 23 de fevereiro de 1922. Ingressou na carreira militar aos 18 anos na Escola Militar do Realengo, na capital fluminense. Em 1964, integrou o grupo de militares liderados pelo general Humberto de Alencar Castelo Branco, envolvido no movimento para derrubar o presidente João Goulart.

COMANDO Ainda em 1964, o então tenente-coronel foi nomeado interventor na extinta prefeitura de Brasília – em substituição a Luís Carlos Vítor Pujol – onde permaneceu até maio daquele ano. Ivan de Souza Mendes Serviu em seguida no gabinete militar, então sob o comando do general Ernesto Geisel. Em julho do mesmo ano, foi trabalhar na embaixada do Brasil no Peru. Retornou ao país em 1967, já promovido a coronel. No governo do marechal Artur da Costa e Silva esteve lotado no gabinete do ministro do Exército, e na gestão do general Emílio Garrastazu Médici trabalhou no gabinete do presidente da Petrobras. O general era casado com Maria Estela de Souza Mendes, com quem teve três filhas.

Fonte: NOTIMP

4 Comentários

  1. Comentário do falecido ideólogo do SNI, general Golbery do Couto e Silva, em uma entrevista com Mino Carta sobre a ditadura e o antigo Serviço Nacional de Inteligência: “Eu criei um monstro!!!” Dizer mais o quê??

    Sds.

  2. Uma era que passou e acabou, mas o próprio Souza Mendes já demonstrou em seu posto final a atualização dos tempos…

    O importante é que esse período passou e trouxer tanto tristezas, quanto alguns motivos para se comemorar…
    Tudo (ou quase tudo) tem dois lados

  3. O SNI traiu o regime militar, desde o primeiro dia.Sua extinção, não deixou saudades a quase ninguém; sobretudo entre os militares.A ABIN hoje faz o mesmo que o SNI:espionar militares e informar enganos e inutilidades.Sobre Lula, nos anos 1970, o SNI informou:”Lula é fraco e manipulável”.

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