Sugestão: Lucas Urbanski
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu nesta quinta-feira o líder espiritual dos tibetanos, Dalai Lama, apesar dos protestos dos chineses. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, durante a reunião Obama expressou “forte apoio” à preservação da identidade tibetana e incetivou o diálogo entre o líder e a China.
Ao deixar a Casa Branca, o Dalai Lama disse estar “muito feliz”. O líder afirmou ter conversado com Obama sobre a importância de promover os “valores humanos” e a “harmonia religiosa”, além de ter exposto as preocupações do povo tibetano.O encontro ocorreu apesar dos alertas da China de que a reunião pode prejudicar ainda mais as relações Washington-Pequim, já abaladas por questões de câmbio, direitos humanos, censura na internet e venda de armas a Taiwan.
Analistas dizem que a relação China-EUA é crucial demais para que haja um confronto, mas a visita pode dificultar os esforços da Casa Branca para obter o apoio chinês nas ofensivas diplomáticas contra os programas nucleares de Irã e Coreia do Norte e por um novo tratado climático global.
Ao desafiar as objeções chinesas, Obama pode estar tentando demonstrar sua disposição em se contrapor à assertividade de Pequim, depois de ser criticado nos EUA por parecer brando demais na sua visita de novembro ao país.
“As autoridades chinesas sabem disso, e a reação deles é a reação deles”, disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, na véspera da visita do Dalai Lama, que é acusado por Pequim de promover o separatismo tibetano.
O religioso budista, exilado na Índia desde 1959, afirma que seu objetivo é apenas dar mais autonomia para o Tibete. Gibbs garantiu que EUA e China – maior e terceira maior economias do mundo, respectivamente – têm uma “relação madura”, capaz de resistir a discordâncias.
Mas, ciente das sensibilidades chinesas, a Casa Branca busca um equilíbrio, ainda mais depois de ter anunciado a venda de US$ 6,4 bilhões em armas para Taiwan, ilha que Pequim vê como uma “província rebelde”.
Obama teve o cuidado de só receber o Dalai Lama depois de visitar líderes chineses durante sua viagem à Ásia em 2009. A demora na recepção ao líder budista foi criticada por parlamentares e grupos de direitos humanos dos EUA.
Obama também não apareceu em público com o Dalai Lama e, a exemplo de seus antecessores na Casa Branca, não lhe concedeu o simbolismo de um encontro no Salão Oval. Tais detalhes sinalizam a Pequim que o monge tibetano não está sendo recebido com um líder político.
Por outro lado, ao se encontrar com o Dalai Lama Obama pode abrilhantar as credenciais do seu governo entre ativistas de direitos humanos, que o acusam de ignorar a necessidade de reformas democráticas na China para obter o apoio de Pequim a questões globais.
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