Kosovo: dois anos de independência pouco festejada

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Situação sócio-económica do novo país faz temer uma crise profunda e mesmo explosiva no berço da “nacionalidade sérvia”

“Há ainda muito por fazer para ter um Estado viável e totalmente eficaz”, afirma Adem Demaçi. Para este antigo dissidente que passou cerca de 30 anos nas prisões da Sérvia, o Kosovo – ao autoproclamar a sua independência há precisamente dois anos -, apenas fez “metade do percurso”.

Demaçi, que nasceu em Pristina – capital do Kosovo – em 1936, não conseguiu evitar a ironia nas suas declarações à AFP: “Ainda conservamos o código telefónico sérvio (381). De tal modo que quando falo com alguém no estrangeiro, Belgrado pode colocar-me sob escuta como antes. E mesmo intervir.”

Ao fazer estas afirmações, Demaçi – escritor e político kosovar – limita-se a chamar a atenção para a fragilidade do mais joveme mais pobre estado europeu que, dois anos após ter proclamado a sua independência, ainda não foi reconhecido pelo número suficiente de países de forma a poder ter um lugar nas Nações Unudas.

A braços com uma crise financeira, os doadores internacionais, começam a mostrar sinais de cansaço face ao Kosovo, que enfrenta uma crise económica e social que pode tornar-se explosiva: a taxa de desemprego ultrapassou os 40% e o salário médio não vai além dos 320 euros. Perante esta situação, grande parte dos jovens que constituem cerca de 65% dos dois milhões de habitantes do Kosovo procuram a fuga para a Europa Ocidental. Muitos, revela a Reuters, chegam a pagar entre dois mil a três mil euros aos passadores de imigrantes ilegais.

O Tribunal Internacional de Justiça deve tornar pública, na próxima Primavera, a sua decisão sobre a validade da declaração de independência do Kosovo. Um parecer pedido pela Sérvia que continua a não abdicar da sua “província meridional e berço da nacionalidade”. Embora não sendo vinculativo, o parecer do Tribunal – melhor, a sua ausência – tem servido de justificação para uma série de países continuarem a não reconhecer o Kosovo como Estado independente. Talvez por tudo isso, o analista Bardh Hamzaj considere que o Kosovo poderá conhecer uma “Primavera quente”.

Entretanto, e numa tentativa para manter a calma nos Balcãs, a UE, através da sua responsável para a política externa Catherine Ashton, fez saber que apoia a inciativa da Eslovénia e Croácia para uma cimeira que irá promover a integração dos países dos Balcãs, incluíndo Kosovo e Sérvia, na UE. A reunião será em Março.

Sugestão: Ricardo Carvalho

Fonte: SAPO

9 Comentários

  1. A declaração unilateral de independência de Kosovo, província da República Sérvia, foi feita em violação a normas cogentes de direito internacional.

    Apesar disso, Kosovo foi reconhecido como estado independente por alguns países, dentre eles os EUA, a Turquia e alguns dos 27 membros da UE, que restou dividida na questão.

    A atual situação política de Kosovo é um dos resultados da desastrosa guerra promovida pela Otan na região com o objetivo de desestabilizar a Sérvia e, ainda hoje há, no território kosovar, uma tropa daquela aliança militar ofensiva e defensiva, algo creio por volta de 15 a 20 mil combatentes, ou seja um soldado para cada 10 habitantes.

    A declaração de independência de Kosovo foi, é claro, encorajada pelo regime arbitrário, brutal e criminoso dos EUA, que tem promovido a contínua deconstrução do direito internacional.

    Pois bem, ao induzirem Kosovo à declaração unilateral de independência, os EUA e seus Estados clientes, como o Reino Unido, estão a semear o germe da instabilidade nas relações internacionais, como consagrado no artigo 2 da Carta da ONU, o tratado internacional de mais alta hierarquia.

    O precedente é muito perigoso para as relações internacionais.

    Praticamente todos os países europeus têm situações étnicas semelhantes à de Kosovo.

    Veja-se, por exemplo:

    — A questão dos bascos na Espanha e França;
    — A Catalunha e a Galícia, ainda na Espanha;
    — A Padania, na Itália;
    — A Escócia, o País de Gales e a Irlanda do Norte, no Reino Unido;
    — Os flamengos e os valões, na Bélgica;
    — E as Osétias do norte e do sul e diversas outras nacionalidades a reinvidicar a figura de Estados independentes.

    Em outras partes do mundo, a situação apresenta-se da mesma forma potencialmente crítica, como por exemplo a questão da província de Taiwan com a República Popular da China.

    No México, há a questão de Chiapas.

    Até mesmo no Brasil há o risco de certas reservas indígenas buscarem a independência e o reconhecimento como Estado.

    A história registra que o repúdio ao jus inter gentes é sempre feito com um altíssimo preço a ser pago pela humanidade.

    O reconhecimento da independência de Kosovo é um desses casos.

    É meu caro “carlos argus”, engana-se quem imagina que a questão do Kosovo foi resolvida, a unica coisa de certo, que ficou realmente clara, é que o direito internacional só direito, quando do interesse dos que “julgan-se donos do munto”.

  2. me desculpa SENHOR voce esta totalmente errado,poruqe o Kosovo sempre foi um territorio dos Albaneese e dai por causa dos países poderoses foi partido.E não é caso como voce disse la na Espanha Italia não sei o que não sei o que mais então voces precisa abrir a cabeça e caminhar num caminho certo como maioria dos países que aceitarem o Kosovo como país.Sou um albanes que mora e estuda no Brasil…

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