Presidente do Irã defende mediação do Brasil em crise nuclear

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Da Efe, em Teerã da Folha Online

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, defendeu nesta terça-feira uma possível mediação do Brasil na crise nuclear envolvendo seu país e potências ocidentais. Em entrevista coletiva dada em Teerã, ele ressaltou pontos em comum entre os dois países. Para ele, da mesma forma que o Irã, o Brasil “procura mudar as coisas”.

“Temos muitos amigos no mundo interessados em ajudar e colaborar e que, como nós mesmos, não estão de acordo com as tensões e buscam a paz”, afirmou Ahmadinejad.

“Entre eles estão o povo e o governo do Brasil, com quem mantemos boas relações. O Brasil foi um dos países que defendeu o Irã”, acrescentou Ahmadinejad, reiterando ue o Irã aceitaria a participação e os esforços do Brasil, que, para ele, “seriam frutíferos”.

Em visita a Madri, o chanceler Celso Amorim confirmou hoje à agência Efe que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve viajar ao Irã em 15 de maio.

O ministro voltou a defender uma nova via de diálogo para buscar uma solução à disputa de Teerã com o Ocidente sobre a questão nuclear.

Segundo o chanceler brasileiro, o presidente Lula o encarregou de fazer gestões e participar de vários diálogos de modo a abrir caminho para uma solução negociada.

O ministro disse que, após conversas com as autoridades iranianas e ocidentais, vê que a distância para se chegar a isso “não é tão grande”. “Talvez seja questão de se sentar à mesa e ver se realmente é possível preencher as brechas que ainda existem”, afirmou.

“A impressão que tenho é que não é impossível e acho que seria um desejo do governo iraniano fazê-lo, depende da vontade política, da percepção que esse caminho, embora possa parecer um pouco tortuoso, é talvez o mais seguro”, acrescentou.

EUA

Também na coletiva, Ahmadinejad disse que seu país “não leva a sério” as declarações da secretária de Estado americana Hillary Clinton. Em visita ao Oriente Médio, ela usou um tom extremamente duro contra o Irã, dizendo que o país se torna uma ditadura militar, e que as instituições civis e lideranças religiosas estão sendo substituídas pela Guarda Revolucionária.

“Não levamos a sério os seus comentários. Ela é obrigada a dizer essas coisas (…) Vemos contradições na administração americana, e não sabemos qual a sua verdadeira posição”.

O líder do Irã disse ainda que o presidente americano, Barack Obama, “perdeu uma oportunidade”. “Esperávamos que ele fizesse mudanças, e lhe dissemos que ajudaríamos. Onde está a resposta para minha mensagem?”, questionou ele na coletiva de imprensa.

Estados Unidos e Irã romperam relações diplomáticas em abril de 1980, depois da Revolução Islâmica que derrubou o xá Mohammed Reza Pahlevi e à invasão da Embaixada dos EUA em Teerã, na qual estudantes revolucionários mantiveram 52 pessoas reféns durante 444 dias.

Após chegar à Casa Branca, Obama se mostrou disposto a tentar estabelecer uma nova relação com Teerã. No entanto, assessores do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Jamení, sugeriram que mudar a relação com os EUA “não é do interesse do Irã neste momento”.

Carta

A França, os Estados Unidos e a Rússia disseram estar preocupados com a escalada do programa nuclear do do Irã em uma carta assinada por seus embaixadores e entregue à Agência Internacional de Energia Atômica, organização ligada à ONU.

Segundo os três países, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), o enriquecimento de urânio a 20% por Teerã é injustificado –já que a proposta nuclear entregue pelas potências para a troca do material por combustível nuclear incluía garantias para o benefício do país.

A carta enviada nesta terça-feira ao diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, é uma resposta ao argumento iraniano –reforçado nesta terça-feira pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad– de que Teerã não aceitou a proposta nuclear das potências por não considerar os termos adequados.

Os diplomatas disseram que a carta foi entregue à imprensa para refutar as declarações de uma autoridade iraniana de que as potências ofereceram um novo acordo para o Irã.

Sugestão: Helder Pinto, Konner

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6 Comentários

  1. Briga de cachorro grande, não sei se já é a hora de entrar nessa peleja, por mim continuava quietinho desenvolvendo nosso programa nucleare quem sabe numa calada da noite se mudaria nossa constituição e colocava o físico Dalton Ellery Girão Barroso,esse pesquisador desenvolveu cálculos e equações que permitiram interpretar os modelos físicos e matemáticos de uma ogiva nuclear americana, a W-87, cujas informações eram cobertas de sigilo, mas vazaram acidentalmente.
    Então, na minha opinião é melhor não chamar atenção, senão daquia pouco eles os gringos vão é pegar no nosso pé

  2. Esse cara sabe jogar xadrez é mt bem, nós estamos só começando, é bom ficarmos de fora, mô vespeiro, aviso: É bom ficarmos de fora desta briga, só vamos sujar nossa diplomacia q é mt boa , pois nada será resolvido .

  3. Thierry, nice link!

    É… se nossa diplomacia não tivesse apodrecido por dentro com interesses partidários e doutrinação, quem aí tiver contato com o MRE pode procurar saber da “escolinha do professor Gusmão” (acho que é esse o nome), até acreditaria que poderíamos mediar as coisas.

    Aliás, colocando o português na conversa, essa posição de “mediar” é interessante, agora se “alinhar” será um grande problema.

  4. Diplomacia tupiniquin sempre nos pôs em apuros. Agora, eu não acho que os americanos poderiam si quer ter “morau” para vir atirando pedra no Brasil. Ora, se não fôssemos nós para mediar algo, acham mesmo que outro país do mundo ia fazer isso.

    Desta vez, os EUA terão é que nos agradecer. Afinal de contas, precisa-se de algum país que sirva de intermediário ja que os países ocidentais parecem ter virados as costas para o Irã.

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