Yulia não admite derrota na Ucrânia

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Candidato pró-Moscou, Yanukovich vence eleições com 3 pontos de vantagem; para observadores, votação foi justa.

O líder da oposição na Ucrânia, Viktor Yanukovich, garantiu nas urnas sua revanche após a humilhante derrota nas eleições de 2004, quando teve sua vitória contestada pela população, que o acusou de fraude. Com 99% das urnas apuradas, o político pró-Moscou aparecia com 48,7% dos votos, enquanto a primeira-ministra Yulia Tymoshenko tinha 45,7%. A estreita vantagem ameaça provocar um novo impasse político na Ucrânia, já que a premiê não admite a derrota e pode contestar os resultados na Justiça, apesar de observadores internacionais terem qualificado a votação de “transparente”.

Os resultados oficiais simbolizam uma grande recuperação política para Yanukovich, de 59 anos, cuja vitória na eleição presidencial de 2004 foi anulada após enormes manifestações populares que ficaram conhecidas como “Revolução Laranja”, liderada por Yulia. A euforia do movimento popular deu lugar a uma fase de frustração, divergências políticas e crise econômica e agora a Ucrânia, uma ex-república soviética com 46 milhões de habitantes, pode voltar à órbita russa.

Observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) afirmaram que a votação foi justa e “verdadeiramente competitiva”. Eles disseram que não houve sérios indícios de fraudes e descreveram a eleição como uma “demonstração impressionante de democracia”. A OSCE sugeriu que Yulia admita a derrota, pois em qualquer eleição há “vencedores e perdedores”. “Agora é o momento de ouvir o veredicto do povo e garantir uma transição de poder pacífica e construtiva”, afirmou o coordenador da missão da OSCE, João Soares.

Yanukovich pressionou a adversária a reconhecer a derrota e renunciar ao cargo de primeira-ministro. “Farei o possível para garantir que os cidadãos da Ucrânia se sintam confortáveis num país estável.”
A grande questão é como Yulia deve reagir. Na semana passada, a premiê acusou Yanukovich de roubar votos e ameaçou liderar novos protestos como em 2004, quando incitou a população a protestar contra as fraudes e a ingerência do Kremlin na disputa. “Ainda é cedo para tirar conclusões”, afirmou Yulia após o fechamento das urnas. “Até que o último voto esteja contado, é impossível falar sobre qualquer tipo de resultado”, disse a premiê no domingo.

Se a derrota de Yulia foi confirmada, ela permanecerá no cargo de premiê e poderá atrapalhar a agenda de governo de Yanukovich até que ele consiga formar uma coalizão no Parlamento para substituí-la. Ele ainda pode convocar eleições parlamentares para renovar a Casa e garantir apoio.
O comparecimento às urnas foi de 69%. Mais de 4% dos eleitores anularam os votos, marcando a opção “contra todos”, num sinal de insatisfação generalizada com o governo eleito após a Revolução Laranja.

PROMESSAS DO ELEITO

Gás natural: fim de acordo que obriga o país a pagar o mesmo que a Europa pelo gás russo – ele exige um desconto. Promete criar empresa com Moscou para administrar gasodutos ucranianos

Economia: é pressionado a revogar aumentos de salários e de pensões concedidos durante a campanha eleitoral. Energia elétrica deve ter reajuste de 90%

União Europeia: acordo para reduzir barreiras comerciais com a UE, abrindo caminho para eliminar a necessidade de visto

Otan: diz que o país não precisa fazer parte da aliança militar nem do tratado de segurança coletiva proposto pela Rússia

Rússia: é favorável à expansão da concessão do Porto de
Sebastopol, no Mar Negro, e pode reconhecer a independência de
regiões separatistas da Geórgia

Assuntos domésticos: fazer do russo a segunda língua oficial da Ucrânia para integrar a população do leste do país.

Sugestão: Konner e Gérsio Mutti

Fonte: Estadão

2 Comentários

  1. Me desculpe E.M. Pinto, mas…
    Com uma candidata dessas eu não só virava pró-Moscou não…
    Eu virava o que ela quisesse!!!

    Só que a observação importante dessa história toda é a Ucrânia sem um governo pró-Moscou está em mais apuros do que em segurança…

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