O ministério das Relações Exteriores da China voltou a pedir a continuidade das negociações sobre o programa nuclear do Irã no dia em que Teerã anunciou o início do processo de enriquecimento de urânio a 20%, violando as sanções internacionais. O tom do discurso chinês já era esperado, mas contradiz o consenso da véspera entre França e Estados Unidos ao condenar a ação iraniana e pedir mais sanções.
“Esperamos que as partes envolvidas dividam os pontos de vista sobre o projeto de acordo relativo ao reator de pesquisas iraniano e cheguem a um consenso o mais rápido possível, que permitirá resolver a questão”, declarou o porta-voz do ministério, Ma Zhaoxu.
O chanceler francês, Bernard Kouchner, que classificou o mais recente anúncio iraniano como chantagem, Kouchner reconheceu nesta segunda-feira que não será fácil aprovar um novo pacote de sanções e que a China precisa ser convencida da necessidade de medidas mais duras.
A pressão internacional por mais sanções contra o governo do Irã cresceu nesta segunda-feira (8) depois que Teerã anunciou planos para produzir urânio enriquecido e construir mais dez usinas nucleares em apenas um ano.
Possíveis sanções incluiriam medidas contra o Banco Central, a Guarda Revolucionária, empresas de exportação e contra o setor de energia, de acordo com diplomatas.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, e o ministro de Defesa da França, Hervé Morin, defenderam nesta segunda-feira novas sanções da ONU sobre o Irã por fabricar urânio altamente enriquecido em seu próprio território.
O anúncio viola as resoluções da ONU, vai contra acordo nuclear debatido com potências ocidentais e aumenta temores de que Teerã mantenha programa secreto de fabricação de armas –como reiteraram EUA e França nesta segunda-feira.
“Temos que encontrar uma forma pacífica de resolver esta questão. O único caminho que nos restou, neste ponto, me parece ser o caminho da pressão. Mas isso exigirá que toda a comunidade internacional aja junto”, ressaltou Gates, após uma reunião com Morin em Paris.
O ministro francês, por sua vez, ressaltou que “toda a comunidade internacional tentou estabelecer condições de diálogo durante meses” com o Irã, embora “não se tenha conseguido nada”. “Infelizmente, será necessário um diálogo internacional que conduzirá a novas sanções”.
A Alemanha também citou a ameaça de sanções, enquanto o Reino Unido disse que os novos planos do Irã violam resoluções da ONU e que está preocupado com o anúncio.
A Rússia ainda se mostra oficialmente reticente quanto a novas sanções.
O chefe do Comitê de Relações Exteriores da Câmara Baixa do Parlamento russo, Konstantin Kosachyov, pediu, contudo, que a comunidade internacional prepare sérias medidas em resposta. Kosachyov disse ainda que o fortalecimento das sanções econômicas internacionais deve ser considerada, segundo a agência de notícias Interfax.
Um novo pacote de sanções contra o Irã depende da maioria dos votos dos membros do Conselho de Segurança, do qual o Brasil faz parte, e da aprovação de todos os cinco membros com poder de veto –China, Rússia, EUA, França e Reino Unido.
Enriquecimento
O diretor da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA), Ali Akbar Salehi, anunciou nesta terça-feira que as operações de produção de urânio enriquecido a 20% começaram no país. “Começamos hoje a enriquecer urânio a 20% em uma cascata (de centrífugas) separada da fábrica de Natanz”, declarou Salehi, citado pela agência oficial Irna.
“Esta cascata produzirá três a cinco quilos de de urânio enriquecido a 20% por mês para nosso reator de pesquisas de Teerã, o que equivale ao dobro de nossas necessidades”, acrescentou.
O início do processo de enriquecimento de urânio a 20% –suficiente para o reator e bem abaixo dos 90% necessários para fabricação de bombas– foi anunciado no domingo (7) pelas autoridades iranianas e notificado na segunda-feira à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Segundo o governo, o Irã tomou a decisão em consequência do bloqueio das discussões com o grupo dos Seis (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) a respeito da entrega de combustível nuclear para um reator de pesquisa médica.
No entanto, o governo de Teerã afirmou que a porta continua aberta para o envio de urânio para enriquecimento no exterior.
Suegstão: Gérsio Mutti e Konner
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Os EUA dobraram a Rússia em relação ao Irã retirando os mísseis da Polônia, mas como dobrar a China? A troco de quê a China colaborará com EUA e França?
Pelos lindosa olhos azul deles…vendem armas a formaosa e querem colaboração…pensem.