Enfim, o aço blindado verde-e-amarelo

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Etapa seguinte ao produto para carros do Exército, chegará ao mercado de defesa civil. Vale também acelera pesquisa

Marta Vieira

Pressionadas pelos concorrentes empenhados em retomar a produção, grandes empresas brasileiras da siderurgia e da mineração reforçam o orçamento para pesquisa e desenvolvimento científico neste ano, atrás de tecnologias de vanguarda nas fábricas. Nos laboratórios da Usiminas em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, a maior novidade em curso é a criação do aço blindado genuinamente brasileiro, empreitada que vai muito além de um produto capaz de substituir as importações. O trabalho que, hoje, têm a tarefa de atender a uma necessidade do Exército brasileiro de reduzir os custos de fabricação dos seus carros de combate, abre amplo leque de oportunidades para a siderúrgica no mercado de defesa. Elas vão da instrumentação para proteção da polícia à blindagem civil, que inclui matéria-prima para caixas de bancos, carros fortes, condomínios e os carros de passeio.

O aço blindado integra desembolsos para pesquisa e inovação de R$ 28,9 milhões, reservados pelo grupo siderúrgico para aplicação ao longo de 2010, cifra cerca de 50% superior a do ano passado. Os recursos se referem só ao dinheiro para investimentos, ou seja, não consideram salários pagos aos pesquisadores, viagens e consultorias. A Vale também recorre a versões novas da sua política de desenvolvimento tecnológico.

A busca de processos para extrair minério com teores muito baixos de ferro – na China, há quem garanta que as mineradoras já exploram material com apenas 10% de ferro – se junta ao financiamento de uma gama de pesquisas envolvendo processos tão diversos quanto eficiência energética e cuidados com o meio ambiente. Essas e outras áreas de conhecimento sugeridas pelos próprios pesquisadores serão incentivadas por meio do Instituto Tecnológico Vale (ITV), recentemente anunciado e orçado em R$ 39 milhões. Outros R$ 140 milhões serão direcionados às chamadas unidades de P& D da companhia.

Outro toque de modernidade do orçamento da Vale e da Usiminas é que elas passam a contar mais com as parcerias de universidades e fundações de ensino e pesquisa prestigiadas no setor. Um bom exemplo é o da Universidade Federal de Ouro Preto, que comanda, em associação com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas e o apoio de empresas do ramo da mineração o Centro de Estudos Avançados do Quadrilátero Ferrífero, aberto ano passado para trabalhar no futuro cenário da região até 2050.

No Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Usiminas, em Ipatinga, obras de expansão física e modernização “adubam” o fértil campo de ação dos pesquisadores, informa o diretor de pesquisa e inovação da siderúrgica, Darcton Policarpo Damião. O horizonte máximo para a obtenção do aço blindado de uso militar é o dos próximos dois anos e meio. O produto está sendo desenvolvido para substituir o aço alemão que compõe os cascos dos carros do Exército da família Guarani – os sucessores dos antigos Urutus – que estão sendo desenvolvidos na fábrica da Iveco, marca de caminhões e utilitários do grupo Fiat, em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais.

“O governo brasileiro entende que o nosso projeto é importante para dar independência ao país na área de defesa. Quando dominarmos o processo de produção do aço blindado militar estaremos preparados para atender uma demanda latente da própria sociedade”, afirma Darcton Damião. O projeto faz parte de um grupo de três programas de pesquisa da Usiminas, avaliados em R$ 3,8 milhões, aprovados pela Finep, empresa pública vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia e que participará com 33% dos investimentos.

Os outros dois projetos são, também, considerados inovadores, observa o diretor de inovação da siderúrgica. A Usiminas está desenvolvendo aços para equipamentos de geração de energia eólica e para casas e prédios. Neste último caso, são produtos que permitem a redução do tempo de construção em pelo menos um terço do cronograma, com mais resistência e ganhos como a perspectiva de reciclagem do material. A siderúrgica decidiu acelerar, da mesma forma, as pesquisas de aços aplicados na exploração de pretróleo no pré-sal. Recursos de R$ 10,1 milhões serão investidos num centro de desenvolvimento na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, em associação com a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio e a Patrobras.

Fonte: NOTIMP

5 Comentários

  1. É realmente bom vermos que estamos privilegiando a indústria nacional ao invés de gerar lucro para empresas fora do país, e como o amigo Carlos disse, será que o Guarani terá realmente duas versões, uma para o EB que esta desenvolvendo o blindado e outro modelo para exportação?
    Abraço.

  2. Sex, 26 Fev, 10h48
    Caracas, 26 fev (EFE).- A Venezuela comprará do Brasil 90 mil toneladas de ferro fundido entre março e maio próximos, informou hoje a imprensa nacional, que disse que o material será usado nos setores petrolífero e da construção.
    FONTE: EFE

    Viva o povo brasileiro, viva a classe operária!!
    Viva aos engenheiros do Brasil

    INDICO A REPORTAGEM: Na China os engenheiros mandam (Por Marcelo Alencar)

    Muito se especula sobre o crescimento continuado da China nas duas últimas décadas.
    Qual seria o segredo da grande potência comunista para manter índices de
    crescimento acima de 10% por tanto tempo, desafiando as previsões dos Economistas
    ocidentais?

    Em termos de poder de compra, a China já é o segundo país do mundo, com um PIB de
    7,263 trilhões de dólares e uma renda per capita de 5,6 mil dólares, atrás apenas
    dos Estados Unidos, que tem um PIB de 11,750 trilhões de dólares e uma renda per
    capita de 40,1 mil dólares anuais. O Japão fica em terceiro, com PIB de 3,745
    trilhões e renda anual por habitante de 29,4 mil dólares. O Brasil vem em nono
    lugar, com um PIB ajustado pela paridade do poder de compra de 1,492 trilhões de
    dólares e uma renda per capita de 8,1 mil dólares.

    A população chinesa chega a 1,3 bilhões de pessoas, mais de sete vezes a população
    do Brasil, para uma área de 9,6 milhões de quilômetros quadrados, dez por cento a
    mais que a área do Brasil. Com essa densidade populacional, a China apresenta um mercado fenomenal para comunicações. São 174 cidades com mais de um milhão de
    habitantes.

    As maiores companhias de telecomunicações do mundo como Alcatel, Juniper e Cisco
    estão na China, para construir uma rede de alta velocidade que vai interligar 200
    cidades, com investimento da China Telecom Corporation da ordem de 100 milhões de
    dólares.

    A China também está desenvolvendo um padrão de televisão digital próprio, o que é natural para um mercado de 40 milhões de televisores vendidos anualmente e perto de
    350 milhões de televisores instalados. A China produz quase a metade dos
    televisores do mundo e compra um terço deles. Isso faz com o país tenha uma demanda de 65 bilhões de dólares em circuitos integrados (chips), suficiente para manter o mundo atento, visto que a produção chinesa supre apenas 3,1 bilhões.

    Entretanto, provavelmente o grande segredo da China esteja na proporção de
    Engenheiros no poder. Todos os membros do Comitê do Politburo são Engenheiros. Hun
    Jintao, Presidente da República Popular da China, é Engenheiro Civil. Wen Jiabao,
    Premier do Conselho de Estado, e Luo Gan são Engenheiros de Minas. Huang Ju, Jia
    Qinglin, Li Changchun, Wu Bangguo, Wu Guanzheng e Zeng Qinghong são Engenheiros
    Eletricistas.

    O Brasil, em contrapartida, é o País dos Advogados no poder. Mais de setenta por
    cento do Congresso é formado por Advogados. Poucos Ministros do governo Silva são Engenheiros. Isso sem falar no Judiciário, no Ministério Público e na Polícia, feudos dos Advogados. Segundo estatísticas, o País forma mais Advogados por ano que Estados Unidos, Europa e Coréia juntos, apesar da própria Constituição tornar a profissão de Advogado, em teoria, supérflua, visto que
    obriga todo brasileiro a conhecer a Lei.

    Quem sabe, o exemplo chinês possa influenciar os governantes e o povo a colocar em posições de comando profissionais que realmente têm
    algo a dar ao País e não apenas
    tirar, como mostra a crise atual. Pode ser a solução para garantir ao Brasil um
    futuro em ciência e tecnologia.

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