A Pirelli deve apresentar, até o início do segundo semestre, os primeiros pneus com sílica produzida a partir das cinzas da casca de arroz. A novidade é uma parceria entre um pesquisador independente e o centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da empresa no Brasil.
Dona de um orçamento anual de aproximadamente R$ 35 milhões, a área de P&D, que conta com uma equipe dedicada de 170 profissionais, planeja ainda desenvolver este ano uma linha completa do pneu verde da Pirelli para entrar no mercado em 2011, entre outros estudos.
“O projeto brasileiro de obtenção de sílica a partir da cinza da casca do arroz é um típico caso de inovação reversa, quando a unidade local desenvolve um novo produto ou processo e esta invenção é adotada pela matriz”, afirma Roberto Falkenstein, diretor para a América Latina da área de Pesquisa e Desenvolvimento da Pirelli. Ao reduzir o impacto ambiental causado pela cinza da casca de arroz – antes sem grande utilidade –, o processo está sendo avaliado pela matriz italiana, que planeja utilizá-lo na própria Itália e na China, grande produtor de arroz.
A inovação envolvendo a nova matéria-prima é apenas uma das vertentes do trabalho desenvolvido no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento brasileiro da Pirelli. Uma das linhas de trabalho concentra-se em cima de uma da criação de uma linha mais ampla do pneu verde, a ser lançada no mercado em 2011.
O pneu verde é feito com praticamente os mesmos materiais do pneu tradicional, mas economiza em média 5% do combustível consumido pelo automóvel, pois apresenta menor resistência à rolagem. Isso é possível graças à utilização de sílica na banda de rodagem. Lançado pela Pirelli em 1999, ele corresponde, entretanto, a apenas 5% do total de vendas da empresa no País hoje. “Exportado para os Estados Unidos, o pneu verde brasileiro é usado em ícones americanos, como o Ford Mustang. Mas, aqui, ainda temos poucos modelos de veículos que saem de fábrica com o produto”, diz o executivo.
Ganho de escala deve reduzir preço final do pneu verde
Com o lançamento da nova linha, Falkenstein acredita que será possível minimizar um dos maiores entraves para a massificação do produto no Brasil, a diferença de preço frente ao pneu tradicional, que já chegou a quase 20%. “Ao lançar uma linha completa de pneus verdes, esperamos ganhar escala para reduzir o valor de mercado do produto”, diz. As metas são ousadas. O objetivo é que em 2012, o pneu verde já represente 40% de todas as vendas da Pirelli no País.
“Estados Unidos e países da Europa têm uma série de exigências relacionadas à sustentabilidade da produção dos pneus e também ao descarte dos produtos já usados”, diz ele. “A despeito do aumento da consciência ambiental, o Brasil ainda é pouco exigente nessa área.”
Falkenstein diz ainda que a área de pesquisa está trabalhando para desenvolver nichos de mercado nos quais a Pirelli ainda tem pequena participação de mercado. Na lista de prioridades estão os pneus utilizados na agricultura e na construção civil. As obras do PAC e, sobretudo, a Copa do Mundo no Brasil e as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, estão no horizonte dos investimentos nessas linhas.
Todo o planeta só rem a agradecer .
O arroz é definitivamente um coringa!
Vira comida, vira pneu e até SAKÊ!