Fábio de Castro – Agência Fapesp – 05/02/2010
Biocombustível Avançado
A Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) anunciou que o etanol brasileiro de cana-de-açúcar reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 61% em relação à gasolina – o que o caracteriza como um “biocombustível avançado”.
O reconhecimento da EPA abre o mercado norte-americano e mundial para o etanol brasileiro e deverá contribuir para a redução das tarifas de importação impostas ao produto pelo governo dos Estados Unidos.
Mais pesquisas
Segundo os pesquisadores, isso aumenta ainda mais a necessidade de investimentos em pesquisas relacionadas ao biocombustível no Brasil.
“O governo dos Estados Unidos reconheceu algo que já estava bem claro para a comunidade científica. Trata-se de uma excelente notícia para o etanol brasileiro porque a disponibilidade de um biocombustível avançado e comercialmente viável é um elemento importante para a estratégia norte-americana de redução de emissões de GEE [gases de efeito estufa],” disse Luís Augusto Barbosa Cortez, professor Engenharia Agrícola da Unicamp.
“No entanto, a provável abertura do mercado criará uma demanda que só poderá ser suprida se tivermos um grande avanço tecnológico”, complementa ele.
Mais álcool com a mesma cana
Segundo Cortez, a necessidade de aumento da produção poderá ter tal magnitude que somente seria possível de ser realizada com investimentos em pesquisa para o aprimoramento do etanol de primeira geração e para o desenvolvimento da produção de etanol celulósico – que deverá aumentar a produtividade sem expansão da área plantada de cana-de-açúcar.
“Essa boa notícia precisa ser acompanhada de investimentos para que o etanol tenha melhores indicadores, como custo de produção, redução de consumo de fertilizantes, produtividade agroindustrial, condições de trabalho no campo e redução de queimadas. A sustentabilidade do etanol tem que ser considerada em suas dimensões ambientais, sociais e econômicas”, disse.
Consumo mínimo de biocombustíveis
De acordo com avaliação feita pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a decisão da EPA abre o mercado para a entrada de 15 a 40 bilhões de litros de etanol brasileiro nos Estados Unidos até 2022. A nova legislação norte-americana estabelece que o consumo mínimo de biocombustíveis deve ser de mais de 45 bilhões de litros anuais e, até 2022, esse volume deverá ser elevado para até 136 bilhões de litros.
“A decisão não abre o mercado apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, porque a EPA é reconhecida em todos os países e o etanol brasileiro provavelmente ganhará importância nas estratégias de redução de emissões de todos eles”, disse Cortez.
O pesquisador também coordena estudos sobre expansão da produção de etanol no Brasil visando à substituição de 10% da gasolina no mundo em 2025 por etanol de cana-de-açúcar, feitos pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), da Unicamp.
O que é um biocombustível avançado?
Para ser considerado um biocombustível avançado, o etanol deve reduzir as emissões de GEE em pelo menos 40% em relação à gasolina. Artigos científicos indicaram que a redução do etanol brasileiro variava entre 60% e 90%, dependendo da metodologia de estudo. O etanol de milho norte-americano, em comparação, produz redução de cerca de 15%.
“Que eu saiba, por esse critério, não há nenhum outro biocombustível avançado comercialmente viável. O biodiesel europeu, que tem melhor desempenho, proporciona reduções na faixa de 20% a 30%. Os norte-americanos têm esperanças de conseguir essa classificação para o etanol de segunda geração, mas ele ainda não é comercial e quando estiver sendo produzido ainda será muito caro”, afirmou Cortez.
Protecionismo incoerente
O professor da Unicamp explica que o reconhecimento da EPA certamente ajudará a derrubar a tarifa de importação do etanol brasileiro nos Estados Unidos, que está estabelecida até o fim de 2010 em US$ 0,54 por galão.
A tarifa, estabelecida para proteger os produtores de etanol de milho nos Estados Unidos, é considerada um grande obstáculo para o produto brasileiro. Mas, segundo o cientista, o ideal é que elas sejam diminuídas gradativamente, com a criação de tarifas diferenciadas.
“Com essas tarifas eles protegem os fazendeiros, mas não reduzem as emissões o suficiente. Esse protecionismo é incoerente com as estratégias ambientais e deverá ser revisto. Mas é preciso que essa redução aconteça paulatinamente para que a indústria brasileira tenha tempo para se preparar para a imensa demanda que será gerada. Se a redução for repentina, isso poderá levar ao desabastecimento”, disse.
Desproporção
O reconhecimento da EPA do etanol brasileiro como biocombustível avançado não basta para que ele seja integrado à estratégia norte-americana, segundo Cortez.
“Para optar de fato pelo nosso etanol, eles precisarão analisar se o Brasil é um fornecedor seguro. O único jeito de garantir isso é aumentar a produção. Hoje, sabemos que uma simples alta na exportação do açúcar já é capaz de afetar o fornecimento de etanol no Brasil”, afirmou.
Cortez ressalta que hoje os Estados Unidos consomem cerca de 560 bilhões de litros de etanol por ano, enquanto o Brasil consome aproximadamente 40 milhões de litros.
“Se o mercado norte-americano começar a demandar uma quantidade importante como 5 ou 10 bilhões de litros por ano, isso vai afetar significativamente o mercado brasileiro. Esse mercado é muito sensível ao preço do açúcar em nível internacional e ao consumo de álcool em nível interno”, destacou.
Demorô,
As futuras potencias energéticas não serão as que possuem petróleo, mas sim as que produzem biocombustiveis avançados e baratos, e nisso o Brasil está liderando.
Existem iclusive pesquisas para termeletricas movidas a etanol.
Ótima notícia, mas como mencionou o texto, o Brasil precisa investir em tecnologia para a produção do combustível a um preço competitivo no mercado externo, assim, nos tornamos uma potência na produção de combustíveis, como já somos na produção de comida.
Abraço.
Off topic,
más aproveitando o viés capacitação tecnologica brasileira no setor de etanol deste post, uma noticia sobre outro setor tecnológico, altamente estratégico para o Brasil:
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“Lula inaugura em Porto Alegre a 1ª fábrica de chip da América Latina”
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Projeto do Ceitec teve início em 2008 e consumiu pelo menos R$ 400 milhões
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05.02.2010 – 09:38
O presidente Lula inaugura logo mais, às 15h30, em Porto Alegre, a primeira fábrica de chip da América Latina. O Centro Nacional em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) foi criado em 2008 e recebeu investimentos de mais de R$ 400 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Instalada em um complexo de 14,6 mil metros quadrados, a empresa tem como meta desenvolver a indústria de semicondutores no Brasil, gerando condições para a consolidação da indústria microeletrônica avançada. Esse segmento corresponde a apenas 1,7% do Produto Interno Bruto.
Em seu site, a Ceitec descreve como missão “desenvolver soluções inovadoras em eletrônica e tecnologias da informação, com alto padrão de qualidade, atendendo às necessidades do mercado”.
Lula deixa o Rio Grande do Sul às 17h15, com destino a Brasília. O desembarque na Base Aérea está previsto para as 19h45.
Com Agência Brasil
http://www.ceitecmicrossistemas.org.br/portal/empresa.php
salve Wi, estou editando esta matéria agora mesmo.
ela me foi enviada pelo participante G.Mutti.
Obrigado pela sugestão seu nome também constará na lista.
Grande Abraço
E.M.Pinto
Demorô , suas bestas…demorô, é p o bem do planeta tem de comprar o nosso ethanol..
“enquanto o Brasil consome aproximadamente 40 milhões de litros.”
Deve ter um erro aí, se a mistura do etanol amerifcano é +- 20% do combustivel misturado à fasolina, enquanto no brail o alcoll chega a 100% nos tanques, com 30% com a gasolina, como fazemos apenas 40 milhões de litros? Deve ter algum erro nessa noríticia.
Alguém ai sabe me informar se isso precede?