Ex-paramilitares colombianos formam novas quadrilhas

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Informe revela que a violência vem aumentando na Colômbia devido a falhas no processo de desmobilização

José Meirelles Passos

Os índices de criminalidade na Colômbia, que vinham caindo desde 2004, voltaram a atingir um nível preocupante no ano passado e continuam em carreira ascendente. Em Medellín, por exemplo, o número de homicídios quase duplicou. No primeiro semestre do ano passado (dado mais recente) foram registrados 889 assassinatos, contra 479 no mesmo período no ano anterior – um aumento de 85,6%.

O motivo de tal retrocesso foi apontado ontem através de um extenso informe do grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW): ex-militantes dos 37 grupos paramilitares que formavam as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), e que, segundo o governo, tinham sido desmobilizados, voltaram à ativa – agora na forma de quadrilhas independentes, agindo atualmente em 24 dos 32 estados colombianos.

A conclusão dos pesquisadores da HRW, que passaram dois anos investigando a situação, é a de que o processo de desmobilização das AUC – realizado entre 2003 e 2006 – foi falho, apresentando graves deficiências.

“O governo não verificou se aqueles que se desmobilizavam eram realmente paramilitares, e nem se todos os paramilitares efetivamente se desmobilizaram. Como resultado, em vários casos os grupos paramilitares agiram de forma fraudulenta e recrutaram civis para que se fizessem passar por paramilitares durante as desmobilizações, e assim conseguiram manter ativo um setor importante de seus grupos”, diz o estudo.

Intitulado “Herdeiros dos paramilitares: a nova cara da violência na Colômbia”, o documento mostra que as quadrilhas – que teriam no mínimo quatro mil homens – estão presentes em pelo menos 173 municípios, e crescem através do recrutamento de jovens que não conseguem obter um emprego.

O governo as define como “quadrilhas criminosas a serviço do narcotráfico”. Alguns especialistas insistem em que seriam nada mais do que uma continuação das AUC – originalmente criadas para defender fazendeiros e empresas dos ataques dos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

– Não importa como se chamem tais grupos: paramilitares, quadrilhas, gangues. O importante é que não se deve minimizar o seu impacto. Como os paramilitares, eles estão cometendo atrocidades horríveis, e precisam ser paralisados – afirmou José Miguel Vivanco, diretor do HRW.

A situação é complicada pelo fato de que os bandidos contam com a ajuda de policiais e inclusive de oficiais de Justiça. Miriam Cecília Medrano, coordenadora dos promotores especializados que vêm investigando a nova onda de violência, confirmou:

– Existem vínculos com a força pública, desde promotores, a policiais e agentes de inteligência. Os bandidos se movem como peixe na água. Eles são avisados de operações, e isso impede que sejam capturados – disse ela.

O informe reforça isso, dizendo que “o governo não tem feito praticamente nada para investigar e nem prevenir possíveis vínculos entre os grupos sucessores e os agentes do Estado, ou as forças de segurança pública. E tampouco tomou medidas específicas para proteger os civis diante dessa nova ameaça”.

Fonte: CCOMSEX

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