Opinião:Quem está certo?

http://www.sukhoi.org/img/gallery/wallpaper/su35/13_11_08_27_sm.jpgSu-35 BM


Na moita, a Marinha do Brasil abriu concorrência para a compra de cinco Navios Patrulha Oceânicos (NaPaOcs). Oito empresas de sete países entraram na disputa. Enquanto isso, a Aeronáutica não fecha consenso. Em setembro o ministro Nelson Jobim recebeu TODOS os pilotos que testaram os aviões e a opinião deles, em muitos pontos, não bate com a dos engenheiros da COPAC. O Gripen NG ficou em terceiro em termos de desempenho, depois do Rafale e do F/A-18E/F. O relatório da “Gerência” foi extremamente criticado pelo Alto Comando que modificou o vencedor. Sim, o relatório que chegou ao Jobim e ao Presidente Lula NÃO TRAZ o caça sueco como vencedor. Sabe porque? Os pilotos morrem de medo de um novo AMX pela proa. O programa de fabricação do avião projetado pela Aeritalia (hoje Alenia) e pela Aermacchi deveria custar US$ 700 milhões. Ficou por US$ 3,5 bi e quase faliu a Embraer. Em 1994, fiz uma visita melancólica à empresa. No pátio, quatro aviões prontos. A Força Aérea Brasileira não tinha como pagá-los (deveriam custar US$ 10 milhas e o preço saltara para US$ 32 milhões). Oito estavam em diversas fases de finalização na linha de montagem vazias.

O resultado desse programa caótico foi uma frota desigual, com quatro padrões diferentes de painéis e equipamentos. Diga-se de passagem: de projeto brasileiro, pouco há. Na versão brasileira nossos engenheiros introduziram dois pontos para tanques ejetáveis nas asas e, por causa de um embargo norte-americano, substituíram o canhão Vulcan de 20mm por dois DEFA de 30mm. A vibração dos canhões maiores descalibrava todos os radares testados no aparelho, até que os italianos da Galileo conseguiram desenvolver uma versão do Scipio capaz de aguentar o tranco. Com isso, o avião ficou sem equipamento de detecção, que só será integrado na modernização prevista a partir deste ano.

A falta de critério da COPAC ficou evidente na semana passada. Os russos foram expulsos do F-X2 porque sua proposta “não apresentava garantias”. A desculpa era que o Su-35BM, modelo oferecido pela Rosoboronexport, ainda era um protótipo sem encomendas. No momento da decisão, havia cinco aparelhos voando. Os geniais engenheiros da FAB selecionaram o Gripen NG da SAAB, que não passa de um demonstrador. Cabe uma explicação: um protótipo é representativo do aparelho em produção. Um demonstrador não passa de uma gambiarra que antecede o protótipo. O protótipo do caça sueco deverá voar neste ano. É preciso ressaltar que o Su-35 tem dois modelos de radar integrados, ambos de varredura eletrônica. O de varredura passiva (PESA) tem um alcance de 220km. O de varredura ativa chega a 250km. São os mais potentes disponíveis no mercado. O do Gripen NG está em desenvolvimento pela SELEX, empresa escolhida depois que a Raytheon, a Thales e a Elta pularam fora do programa…

De lá para cá, o governo da Federação Russa encomendou 48 Su-35BM. A proposta russa previa a venda de 36 Sukhois Su-35BM, de 4ª geração, e a transferência de tecnologia crescente a partir da 37ª célula, até chegar a 100% de nacionalização a partir da 72ª unidade. O preço unitário pelos Su-35BM seria de € 40 milhas. Para baratear e garantir o suprimento de componentes, a Rosoboronexport instalaria um armazém alfandegado em Viracopos com peças suficientes para manter os aviões voando por 30 anos. Como atrativo adicional, previa a participação brasileira no PAK FA T-50, o único caça de 5ª geração desenvolvido fora dos Estados Unidos. Os geniais engenheiros da COPAC decretaram que esse era um sonho impossível, apesar de dois países, Rússia e Índia, estarem comprometidos com o projeto, que conta com mais de 500 opções de compra. A KNAAPO, fábrica responsável pelo desenvolvimento, não estaria capacitada para a tarefa.

Para azar da Gerência F-X2, o PAK FA T-50 voou na última quinta-feira! Tem três protótipos prontos, dois voando e um terceiro em ensaios estruturais em Moscou. Ou seja, a proposta sem garantias colocou dois modelos de avião diferentes no ar, um deles de 5ª geração, enquanto a proposta garantida só possui um demonstrador no ar sem radar! E o que é pior: não passa de um caça de 4ª geração, potencialmente obsoleto antes mesmo de voar. A data prevista para a entrada em fabricação do T-50 é 2013. Tem um radar AESA revolucionário (são cinco antenas espalhadas pela fuselagem, cobrindo todos os ângulos de ataque). É interessante observar que os dois aviões de combate russos compartilham motores, computadores de bordo e radar (no caso do Su-35BM, a antena de proa), o que facilitaria a manutenção.

http://www.sombrero.com.br/luiz/avante1400.jpg

Avant 1400 (NAVANTIA)

MARINHA


Comparando a atuação da Aeronáutica com a da Marinha dá para observar uma grande diferença no modus operandi. A Força Naval teve aprovado três programas, de tecnologia francesa, para a construção de um estaleiro e a fabricação de 4 submarinos convencionais e 1 de propulsão nuclear. Foi mais além. Sem despertar o interesse da mídia, contactou mais de dez estaleiros internacionais para a construção de cinco (três unidades firmes com duas opções adicionais) NaPaOcs. Sete deles responderam. Dois alemães, Thyssen e Fassmer; um britânico, BAe; um chileno, ASMAR; um coreano, Daewoo; um espanhol, Navantia; um francês, DCNS; e um italiano, Fincantieri. A Fassmer e a Asmar vão trabalhar em conjunto. Ofereceram uma versão atualizada do OPV-80. Duas unidades operam na Marinha do Chile, onde é conhecida como classe Piloto Pardo, que pretende comprar mais quatro. Argentina e Colômbia também selecionaram o modelo. Dentro do governo, que trabalha na integração do continente, esse é um argumento de peso.

Os requerimentos da Marinha do Brasil preveem navios com velocidade igual ou superior a 20 nós, armados com um canhão de 76mm, capazes de receber helicópteros Linx, Pantera ou Esquilo. O deslocamento ficaria entre 1.850 e 2 mil toneladas. Os preços variam entre US$ 30 milhões (preço do Piloto Pardo) e US$ 100 milhões (projeto Gowind, da DCNS, e Avante 1400, da Navantia). Coloquei abaixo alguns links para que possam examinar os modelos em licitação (não consegui descobrir qual o modelo oferecido pela Daewoo).

Sugestão: Hornet

Fonte: Panorama Global

18 Comentários

  1. É total descrença,é pior, ao eliminarem os Rússos perdemos antes , durante é depois é p deixar qualquer um com ódio .É quem perdeu ,+ ainda foi o país. Afinal o Su 35BM são os melhores caças do mundo atualmente . Que história por trás da novela..parece dramalhão méxicano.

  2. Bateu forte o artigo! hehehe

    Mas é evidente que faltou critério neste short-list.

    Seria uma combinação fortíssima Su 35BM + PAK FA.

    Além que provavelmente ficará mais em conta.

  3. Excelente sugestão Hornet, descreve bem alguns pontos que tornam obscura a eliminação dos Russos…
    Um grande abraço a todos…

  4. Se não me engano, os russos pediram para reapresentar, com novidades, o SU-35,isto após terem sido eliminados. E o Jobin recebeu a nova proposta com a promessa de leva-la em consideração, quem sabe não tem uma reviravolta em favor do flanker + Pak Fa ? A esperança é a ultima que morre…

  5. Ivan,

    eu apenas sugeri, mas o texto não é de minha autoria.

    De qualquer modo, valeu!

    Welington,

    ainda tem muito mistério nessa desclassiicação dos russos. Um dia talvez tudo seja esclarecido. Espero.

    abração para os 2

  6. Gente, Boa Noite.

    Do que trata o texto, ao menos na parte que fala da MB, que eu saíba, ainda não foi comentado pela própria. Se estiver incorreto, me avisem. No meu entendimento, apenas reflete a opinião de quem escreveu.
    O texto é originário do Blog do Pedro Paulo Resende, vulgo Pêpe.

    Sds.

    • Salve Baschera, também ainda não tive a confirmação oficial.
      no entanto resolvi publicar por dois fatores
      1- primeiro por mostrar um ponto conflitante no tema.
      2- porque concordo com a visão dele acerca do que eu acho ser verdade, o de que não há um consenso sobre a decisão nem na FAB nem na COPAC. e de que neste ponto a marinha tem obtido êxitos e conseguido o que quer, lentamente mas tem.
      sem torcer para nenhum dos candidatos (muitos sabem a minha preferência) mas creio que o Pepê falou será cedo ou tarde confirmado ou negado e ai poderemos ver se é verdade ou não.
      Sds.
      E.M.Pinto

  7. Isso é o que podemos esperar de um presidente frouxo, um Ministro da Defesa incompetente e chefes militares mais preocupados em esconder seus segredinhos sujos da época da ditadura do que com a segurança do país.

  8. hahahaha…

    De onde inventaram isso????
    O Gripen NG jamais será como o AMX. Já tem uma base pronta, é evolução de uma aeronave já existente, impossível de sair mais caro que o Rafale do m… Fora que é perfeitamente possível a inclusão de cláusulas contratuais que estabeleçam limites ou até multas por problemas no desenvolvimento final do Gripen NG.

    Que “notícia” mais estapafúrdia!

  9. Sou uma ave de rapina, que mesmo pequenina aprecia os de maior porte…

    A combinação que poderia ser “fantasiosa” com certeza ficará como eterna dúvida nesse jogo da geopolítica mundial, mas ainda veremos muito sobre isso.

    Quanto aos comentários referentes a MB nós podemos observar o perfil de uma força extremamente bem alinhada com o jogo político, que mesmo possuindo dissidências internas sobre opniões (setores favoráveis à outros concorrentes), decidiu seguir a lógica e agarrar as oportunidades que teve à mão.

    A FAB tem nos mostrado um verdadeiro show dos horrores em suas decisões…

  10. Vinicius, só para lembrar, o AMX também tinha uma base pronta na Itália, era outro avião… mas era bem parecido em termos de desempenho e missão a qual o avião deveria cumprir!

  11. Eu quero é que tenha FX-3, que assim pelo menos, se parar a merda da corrupção, pode ter alguma chance do SU-35 ganhar essa porcaria.

  12. Eu vi respeito aos técnicos e especialistas que realmente entendem do assunto

    A falta de critério da COPAC ficou evidente . Os russos foram expulsos do F-X2 porque sua proposta “não apresentava garantias”. A desculpa era que o Su-35BM, modelo oferecido pela Rosoboronexport, ainda era um protótipo sem encomendas. No momento da decisão, havia cinco aparelhos voando. Os geniais engenheiros da FAB selecionaram o Gripen NG da SAAB, que não passa de um demonstrador. Cabe uma explicação: um protótipo é representativo do aparelho em produção. Um demonstrador não passa de uma gambiarra que antecede o protótipo. O protótipo do caça sueco deveria voar naquele ano. É preciso ressaltar que o Su-35 tem dois modelos de radar integrados, ambos de varredura eletrônica. O de varredura passiva (PESA) tem um alcance de 220km. O de varredura ativa chega a 250km. São os mais potentes disponíveis no mercado. O do Gripen NG está em desenvolvimento pela SELEX, empresa escolhida depois que a Raytheon, a Thales e a Elta pularam fora do programa…

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