Ministério da Defesa Português quer participar no desenvolvimento do KC 390

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O Ministério da Defesa quer participar no desenvolvimento da aeronave de transporte KC- 390, a construir pela empresa brasileira Embraer, que hoje fez uma apresentação do projecto em Lisboa, em busca de “parceiros estratégicos nacionais”.

Após a apresentação, o almirante Viegas Filipe, director-geral de armamento e infra-estruturas da Defesa, pediu a palavra e desafiou a Embraer e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) a sentarem-se com o “Ministério da Defesa para se pensar a participação de Portugal de uma forma estruturada”, salientando que o desenvolvimento de um ‘cluster’ de aeronáutica no país é um projecto que o Ministério “acarinha”.

Uma oferta bem recebida pelos cerca de 100 presentes que encheram a sala, tendo o presidente da AICEP, Basílio Horta, afirmado que a participação da Defesa neste projecto “é já meio caminho andado para os objectivos que queremos atingir”.

Já em declarações aos jornalistas, Basílio Horta afastou a ideia de que esta participação do Governo português implique uma intenção de adquirir a aeronave: “as coisas não estão ligadas, nem se devem ligar”, realçou.

O objectivo da apresentação de hoje a vários empresários nacionais é, por parte da Embraer, encontrar parceiros estratégicos nacionais para o desenvolvimento desta aeronave de transporte, com capacidade até 20 toneladas e que pretende substituir o Hércules C 130, actualmente utilizado a nível internacional.

A empresa brasileira de aeronáutica afirmou que o desenvolvimento da aeronave resulta de um contrato assinado com o governo brasileiro, em Maio de 2009, que “garante um crédito do Orçamento Fiscal da União para a execução completa do Programa”.

A procura de parceiros estratégicos vai decorrer até Maio, pretendendo a Embraer uma cooperação e partilha de riscos no desenvolvimento da aeronave, que deverá ter um protótipo certificado em 2016.

Na proposta de parceria que se pretende com Portugal, a Embraer antevê a possibilidade de cooperação em áreas de segmentos de fuselagem, usinados e compósitos – aproveitando a fábrica que a empresa está a desenvolver em Évora e que deve começar a funcionar em 2012 – , serviços de engenharia e estrutura e serviços engenharia de software.

“Estamos a pensar produzir em Portugal uma grande parte da fuselagem”, adiantou José Teixeira Barbosa, afirmando que, se o país se envolver na produção em série desta aeronave é possível gerar “postos directos de trabalho, com alta qualificação, durante mais de 20 anos, a partir de 2010”.

Na sua intervenção, o presidente da AICEP, Basílio Horta, afirmou que esta entidade “está disponível para colaborar” com as empresas interessadas em participar neste projecto, seja através de “acompanhamento” ou de um “conjunto alargado de serviços e produtos financeiros”.

Uma das empresas que está a estudar a possibilidade de se envolver é a OGMA (Indústria Aeronáutica Nacional), embora, na apresentação, Cezar Lima, o seu vice presidente do negócio aeroestruturas, tenha afirmado que “a participação da OGMA está condicionada ao apoio de incentivos públicos aos custos de desenvolvimento”.

A Embraer já identificou 18 fornecedores portugueses para estabelecer parcerias no âmbito da construção do seu novo avião de transporte táctico militar e civil KC-390.
Alexandre Coutinho (www.expresso.pt)

Além da OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal) e da Lauak Portuguesa, a missão de prospecção da Embraer já identificou 16 empresas nacionais como potenciais fornecedores de componentes para o novo avião cargueiro KC-390. “Oito destas empresas já participaram, em 2009, num workshop realizado no Brasil, e estão agora prontas para apresentar propostas comerciais. Outras oito serão convidadas a seguir o mesmo caminho, em 2010”, revelou Isilda Victor, responsável pelo centro de implementação das fábricas da Embraer, em Évora.

“Além do arranque do cluster aeronáutico, em Portugal, é uma oportunidade de cooperação estratégica com os países da CPLP. Onde está o Brasil, está a nossa agência. O Brasil é a prioridade das prioridades, a par de Angola”, sublinhou, Basílio Horta, presidente da AICEP (Associação para o Investimento e Comércio Externo de Portugal).

Pela primeira vez, Portugal vai estar representado com um pavilhão próprio nos salões aeronáuticos de Farnborough (Reino Unido), em 2010 e de Le Bourget (França), em 2011″, acrescentou o presidente da AICEP. Basílio Horta falava perante uma plateia composta por mais de 150 responsáveis de empresas nacionais de moldes e componentes interessadas em participar no programa proposto pela Embraer. Perante a ‘avalanche’ de inscrições nesta sessão de apresentação, a AICEP ainda equacionou a possibilidade de mudar para uma sala maior.

Selecção até 2011

De acordo com o calendário apresentado pelo gerente sénior do programa KC-390 na Embraer, José Eduardo Barbosa, a fase de selecção de parceiros e fornecedores vai decorrer até 2011; os primeiros protótipos do avião serão construídos em 2014; estando as primeiras entregas previstas a partir de 2016. “Não temos nada fechado ou assinado, mas vamos fazer este caminho para que Portugal seja parte integrante deste programa até ao fim do ano”, frisou.

“Portugal será uma single source (fonte única de fornecimento) da Embraer, com capacidade para fornecer componentes para um aparelho e meio por mês, num projecto gerador de postos de trabalho altamente qualificado nos próximos 20 anos”, concluiu o mesmo responsável.

No segmento entre peso médio e pesado dos aviões cargueiros, a Embraer identificou uma oportunidade de marcado para substituir 695 aparelhos (sobretudo, Hercules C-130) com mais de 25 anos em 77 países, após descontar aviões de países com mercados cativos (China, Rússia, Ucrânia, Cuba e Coreia do Norte) e de países comprometidos com aquisições de Airbus A400M e C-130J.

No entanto, José Eduardo Barbosa salientou que a Embraer “não está aqui para falar na venda do avião, mas num convite para estabelecer parcerias de desenvolvimento”. Também Basílio Horta fez questão de separar os dois processos: “Não estão ligados, nem devem ser confundidas as duas coisas. Uma é a participação no programa, outra a aquisição dos aviões”.

Mais convicto estava o vice-almirante Carlos Viegas Filipe, director-geral de Armamento e Equipamentos de Defesa, ao reiterar o interesse do Ministério da Defesa em “participar desde a primeira hora” no programa do Embraer KC-390. Ainda é cedo para Portugal se comprometer com a aquisição deste aparelhos mas, na opinião deste responsável, “é certo que os C-130 da Força Aérea terão de ser substituídos e que este avião é um potencial candidato”.

Fonte: Hangar do Vinna

6 Comentários

  1. Colocação muito boa Luiz, e quanto mais parceiros, melhor para a Embraer, consegue baratear o custo do avião,absorver tecnologias de materiais compostos pela OGMA, e quem sai ganhando com tudo isso acaba sando a FAB, pois poderá comprar mais vetores e mante-los voando pois o custo da manutenção acaba caindo consequentemente.
    Abraço.

  2. Portugal devia entrar em mais parcerias com o Brasil, desde que tenham qualidade.
    Seria uma boa notícia as OGMA fabricarem componentes do KC-390, assim como já fabricam partes do C-295.

    Contudo, acho que 20 ton é pouco…

  3. Calma caro amigo Afonso, criar um Super-Cargueiro para transporte militar não é qualqer país que tem know how para projetá-lo e fabricá-lo, se o projeto do KC-390 sair como o esperado a Embraer estaria praticamente se credenciando a partir para projetos maiores, pois como todos sabemos o KC vai ser o maior avião projetado pela empresa brasileira, e se tudo der certo projetos maiores para atender a Forças Armadas certamente acontecerão.
    Abraço.

  4. Sim, isso é verdade, mas estou certo que a Embraer tem esse conhecimento, ou vai adquiri-lo sem problemas, apesar de nada se fazer sem trabalho.

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