Entenda o ataque contra a seleção de Togo em Cabinda

http://2.bp.blogspot.com/_fOJD67rCP10/R0cZzrg28cI/AAAAAAAAC1Q/QGKpZiODiNM/s400/flec044-ibinda.jpgO ataque contra a seleção de Togo em Angola chamou a atenção da mídia internacional para o antigo movimento pela independência da província angolana de Cabinda.

Entenda quem está por trás do ataque e por que ele aconteceu.

Quem atacou o ônibus que transportava a seleção de Togo?

Uma facção do grupo Flec, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda, assumiu responsabilidade pelo ataque contra a seleção, que estava na região para a Copa Africana de Nações.

Trata-se de um grupo pequeno e fragmentado de insurgentes que negam o direito de Angola de governar a província e que exige a independência.

O grupo está ativo, de maneiras diferentes, desde a década de 1960.

Inicialmente, os militantes lutaram contra o colonizador de Angola, Portugal.

Quando Angola conseguiu independência em 1975 e Cabinda foi incluída no território do país, os rebeldes da Flec continuaram a lutar, a partir de então contra o governo de Luanda.

O que o grupo quer?

O povo de Cabinda não foi consultado em 1975 quando a província foi anexada por Angola. A região está separada do resto do país por parte do território da República Democrática do Congo.

Nenhum grupo político no território aceitou o novo status de angolano.

A Flec vê o governo de Luanda como uma força de ocupação, da mesma forma como via os portugueses.

Mas o acesso a minérios também é um fator importante no movimento de independência.

Angola é um dos dois principais produtores de petróleo da África subsaariana e tem contratos lucrativos com países como os Estados Unidos e a China.

Boa parte do petróleo angolano vem de Cabinda, o que torna improvável uma decisão do governo central de conceder a independência.

Qual a força dos rebeldes?

Durante a Guerra civil em Angola (1975-2002), a Flec montou campanhas de guerrilha aproveitando-se do caos reinante no país.

Mas, em 2002, o novo governo lançou um ataque contra os rebeldes, e analistas dizem que sua capacidade militar foi praticamente destruída.

Recentemente o grupo se dividiu em facções rivais. A que assumiu a responsabilidade pelo ataque contra o time do Togo é conhecido como Flec-Posição Militaire e é liderada por Rodrigues Mingas, comandante baseado na França.

Há alguma chance de paz?

A Guerra civil angolana terminou em 2002 com um acordo de paz entre o governo e o principal grupo rebelde, Unita.

A Flec não assinou o acordo de paz de 2002 mas, quatro anos depois, uma facção – cuja legitimidade foi contestada por representantes do próprio grupo rebelde –, assinou um armistício com o governo.

A insurgência continua, mas com menor atividade, e o ataque à seleção de Togo foi o maior ataque atribuído à Flec nos últimos anos.

Fonte: BBC Brasil