O ataque contra a seleção de Togo em Angola chamou a atenção da mídia internacional para o antigo movimento pela independência da província angolana de Cabinda.
Entenda quem está por trás do ataque e por que ele aconteceu.
Quem atacou o ônibus que transportava a seleção de Togo?
Uma facção do grupo Flec, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda, assumiu responsabilidade pelo ataque contra a seleção, que estava na região para a Copa Africana de Nações.
Trata-se de um grupo pequeno e fragmentado de insurgentes que negam o direito de Angola de governar a província e que exige a independência.
O grupo está ativo, de maneiras diferentes, desde a década de 1960.
Inicialmente, os militantes lutaram contra o colonizador de Angola, Portugal.
Quando Angola conseguiu independência em 1975 e Cabinda foi incluída no território do país, os rebeldes da Flec continuaram a lutar, a partir de então contra o governo de Luanda.
O que o grupo quer?
O povo de Cabinda não foi consultado em 1975 quando a província foi anexada por Angola. A região está separada do resto do país por parte do território da República Democrática do Congo.
Nenhum grupo político no território aceitou o novo status de angolano.
A Flec vê o governo de Luanda como uma força de ocupação, da mesma forma como via os portugueses.
Mas o acesso a minérios também é um fator importante no movimento de independência.
Angola é um dos dois principais produtores de petróleo da África subsaariana e tem contratos lucrativos com países como os Estados Unidos e a China.
Boa parte do petróleo angolano vem de Cabinda, o que torna improvável uma decisão do governo central de conceder a independência.
Qual a força dos rebeldes?
Durante a Guerra civil em Angola (1975-2002), a Flec montou campanhas de guerrilha aproveitando-se do caos reinante no país.
Mas, em 2002, o novo governo lançou um ataque contra os rebeldes, e analistas dizem que sua capacidade militar foi praticamente destruída.
Recentemente o grupo se dividiu em facções rivais. A que assumiu a responsabilidade pelo ataque contra o time do Togo é conhecido como Flec-Posição Militaire e é liderada por Rodrigues Mingas, comandante baseado na França.
Há alguma chance de paz?
A Guerra civil angolana terminou em 2002 com um acordo de paz entre o governo e o principal grupo rebelde, Unita.
A Flec não assinou o acordo de paz de 2002 mas, quatro anos depois, uma facção – cuja legitimidade foi contestada por representantes do próprio grupo rebelde –, assinou um armistício com o governo.
A insurgência continua, mas com menor atividade, e o ataque à seleção de Togo foi o maior ataque atribuído à Flec nos últimos anos.