Depois de causar tensão na relação entre o Planalto, comandantes das Forças Armadas e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a proposta do governo de criar uma Comissão da Verdade para apurar crimes cometidos durante o regime militar foi criticada agora pelos presidentes dos clubes Naval, Militar e da Aeronáutica.
Em nota, os presidentes das entidades que reúnem militares da ativa e da reserva afirmam que a proposta – apresentada pelo governo no mês passado e que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso – vai causar “divisão dos brasileiros” e trará à tona “sequelas deixadas por ambos os lados“.
Os militares ainda criticam o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, assinado do pelo presidente Lula, afirmando que supostos crimes cometidos por militantes de esquerda durante o regime militar (1964-1985) também devem ser investigados pela comissão, caso ela seja instalada.
“Se quiserem de forma efetiva e justa reviver a verdade desse passado, teriam que examinar não só todos os atos praticados pelos militares da época, mas também os dos militantes que protagonizaram cenas cruéis de terrorismo, sequestros, assassinatos, assaltos a bancos, etc., crimes hoje classificados como hediondos e dos quais alguns autores ainda se vangloriam“, diz a nota.
A política de indenizações a vítimas e parentes de vítimas de abusos durante o período também é criticada pelos militares, que afirmam que predominam “preconceitos e sentimento político de vingança” contra eles, enquanto “compensações morais, políticas e financeiras generosas” têm sido oferecidas àqueles que combateram o regime.
Afirmando desejar que o Brasil seja um país “sem revanchismos“, os presidentes dos clubes militares ainda dizem que, caso os militantes de esquerda tivessem chegado ao poder, “não desfrutaríamos dos inegáveis benefícios proporcionados pela abertura política“, já que, segundo a nota, a democracia “não constava do ideário daquela facção”.
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