Relação EUA-China passa longe de G2 e Guerra Fria

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Deborah Giannini, do R7

Os Estados Unidos e a China mantêm hoje o que pode ser considerada a relação bilateral mais importante do planeta. Mas muitos temem que esses dois gigantes passem a dominar o mundo ao formar uma espécie de G2, que seria o mais influente pólo de poder mundial.

Outro temor, na direção contrária, é que a rivalidade entre eles faça surgir uma nova Guerra Fria, com a China comunista de um lado e os EUA capitalista de outro – assim como aconteceu entre americanos e soviéticos no século passado.

Mas, pelo menos neste momento, ambas as “ameaças” são inviáveis. Essa é a opinião do analista político Peter Hakim, presidente do centro de estudos e análises Inter-American Dialogue, em Washington, para quem a relação entre os dois gigantes é ao mesmo tempo “frustrante e construtiva”:

– Não estamos próximos de nenhum dos dois: nem de um G2 nem de uma Guerra Fria. Um G-2 será importante em relação a assuntos-chave, mas não em tudo. Para resolver os problemas mundiais, são necessários mais do que China e Estados Unidos.

Ele ainda disse:

– Ambos os países parecem determinados a evitar uma Guerra fria, e eu penso que eles serão bem-sucedidos nisso. Diferentemente da União Soviética, na época da Guerra Fria, a China não está querendo converter o mundo ao seu sistema político. Tudo o que ela quer é melhorar a segurança e a economia do seu sistema político.

China terá de alcançar EUA

Hoje, os EUA são mais poderosos do que a China: sua economia é quatro vezes maior e suas forças militares e presença política, mais fortes. Além de exercerem um papel mais importante nas instituições globais. Hakim afirma:

– A China está ganhando campo, mas ainda tem um caminho pela frente. Os objetivos externos da China são principalmente definidos para dar apoio aos interesses econômicos do país.

Para Alexandre Uehara, professor de relações internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco e especialista em Ásia, os Estados Unidos ainda não têm confiança suficiente na China para a formação de um G2. Mas acredita que em médio prazo – antes da metade do século 21- isso pode acontecer:

– Hoje existe uma interdependência muito grande entre os dois países. A China é o principal credor dos Estados Unidos. É ela quem financia grande parcela do déficit americano. Já os Estados Unidos são o principal parceiro comercial chinês. A China está buscando afirmação e isso pode levar, nos próximos anos, a algum momento de tensão entre os dois países.

Conflito pode ser de valores

O professor Henrique Altemani, professor da PUC-SP e coordenador do grupo de estudos Ásia-Pacífico, acredita que esse conflito pode ser de valores.

– O ponto mais complicado é que nosso sistema internacional é um sistema Ocidental. Achamos que nossos valores são universais.

A China tem uma base filosófica e política confuciana, e não com base em Aristóteles. Alcançando o poder, a China irá transferir seus valores para a comunidade internacional. Daí haverá um conflito.

Uehara lembra que a China, assim como os Estados Unidos, é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, mas não exerce a mesma influência sobre os outros países.

Para Brasil, G2 não é conveniente

No caso da existência de um possível G2, como ficaria o Brasil nessa história? Na opinião de Hakim, o país manterá seu grau de importância para as duas potências:

– O Brasil é muito importante para ambos os países. Para a China, principalmente por questões econômicas, e, para os Estados Unidos, principalmente porque a agenda dos Estados Unidos na América do Sul depende do Brasil.

Já Altemani acredita que o agrupamento China-Estados Unidos seria prejudicial ao Brasil:

– O Brasil tem uma parceria política importante com a China desde o início das relações diplomáticas, em 1974. Brasil e China são o único exemplo internacional de cooperação tecnológica de ponta que funcionou. Ambos e juntos, os dois países têm grande capacidade de influência. Hoje, a presença de um G2 prejudicaria o Brasil nas negociações entre países emergentes.


Sugestão e colaboração: Konner


Fonte:  R7

1 Comentário

  1. Pode até ser,é uma possibilidade, imagine formosa sendo reitegrada ao continente, como prêmio, o Acordo econômico militar entre os ianks e os Sinos…sim, pode ser; + ainda julgo mt dificil..Vamos ver.

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