Para Coreia do Norte, abrir mão de arsenal é risco

 

Reuters.

O primeiro enviado especial do governo de Barack Obama à Coreia do Norte chegou nesta semana a Pyongyang, capital do país, com o desafio de convencer o líder local, Kim Jong-il, a discutir seu desarmamento com o resto do mundo.

Do ponto de vista do dirigente norte-coreano, no entanto, seria um risco abrir mão do arsenal nuclear, que não só legitima internamente o seu regime como também obriga as potências mundiais a tratarem com respeito esse país pouco desenvolvido.

Desde que sucedeu o pai, em 1994, naquela que foi a primeira dinastia comunista do mundo, Kim colocou as forças armadas no topo da sociedade e tratou de apresentar a construção de uma bomba atômica como uma ideia patriótica e genial para evitar uma invasão supostamente iminente dos Estados Unidos.

A máquina de propaganda de Kim também atribui as dificuldades econômicas do país à hostilidade do exterior.

Brian Reynolds Myers, especialista em ideologia norte-coreana da Universidade Dongseo, da Coreia do Sul, explica:

– O norte não tem interesse absolutamente nenhum em normalizar as relações com os Estados Unidos. Assim que o fizer, perde toda a razão de existir.

Myers completa:

– Assim que as pessoas acharem que é possível se dar bem com a América, vão se perguntar por que precisam ter uma política de ‘militares acima de tudo’.

Obama esperou quase um ano desde a posse para enviar um representante ao Norte, numa visita que se segue a vários encontros semioficiais entre os dois lados – entre os quais se destaca uma viagem a Pyongyang, em agosto, do ex-presidente Bill Clinton, para negociar a libertação de duas jornalistas americanas presas na Coreia do Norte.

Mesmo dentro do governo dos Estados Unidos, poucos esperam avanços com a visita do enviado Stephen Bosworth. Representantes americanos têm dúvidas até mesmo sobre se ele conseguirá se encontrar com alguém do primeiríssimo escalão do regime, ou apenas com o funcionário graduado que participava das reuniões multilaterais sobre o desarmamento, abandonadas há um ano.

Washington deixa claro que não tem novos incentivos a oferecer para Kim, nem irá permitir uma volta às negociações intermitentes que possibilitaram ao regime arrancar uma série de recompensas financeiras em troca de acordos depois desrespeitados.

Em 2005, por exemplo, a Coreia do Norte aceitou várias medidas de desarmamento em troca de incentivos financeiros e políticos. Esse acordo continua em vigor, e Washington pressiona Pyongyang a implementá-lo e a retomar as negociações multilaterais que envolvem também China, Japão, Rússia e Coreia do Sul.

Sugestão e colaboração: Konner

Fonte: R7

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