LONDRES – A Anistia Internacional condenou hoje os abusos aos direitos humanos cometidos no Irã após as eleições presidenciais de junho e pediu ao governo que puna os autores.
A organização apresentou um extenso relatório no qual documenta múltiplas violações realizadas pelos poderes do Estado, como a Guarda Revolucionária e a milícia Basij, composta por voluntários.
Detenções arbitrárias, tortura e maus-tratos de prisioneiros – incluindo estupros e assassinatos – estão entre os crimes ocorridos na República Islâmica depois da reeleição Mahmoud Ahmadinejad, que a oposição considerou fraudada. Segundo a anistia, os abusos cometidos são os piores dos últimos 20 anos.
Além de pedir a Teerã que investigue as denúncias “de forma completa e independente“, a Anistia solicitou ao líder supremo do país, Ali Khamenei, que autorize a entrada de dois inspetores da ONU especializados em direitos humanos, Manfred Nowak e Philip Aston.
Pelos números oficiais, 36 pessoas foram mortas, apesar de a oposição afirmar que seriam 70 as vítimas fatais.
Além disso, 4 mil foram detidas, das quais 200 continuam presas.
Em seu relatório, a Anistia incluiu depoimentos de vítimas de abusos, entre elas um homem que ficou detido por 58 dias com outras dezenas de pessoas em um contêiner de um navio. Ele só pôde falar com a família depois de 43 dias de prisão.