Estudo questiona a política de segurança de Uribe

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Relatório de organização colombiana indica uma nova geração de paramilitares e a reorganização das Farc

Pilar Lozano

BOGOTÁ. Uma afirmação do analista político colombiano León Valencia, baseada numa pesquisa da organização Arco Íris, dirigida por ele, provocou polêmica na Colômbia e deixou na defensiva o governo de Álvaro Uribe: a segurança democrática, a bandeira do atual governo, começou a declinar.

O relatório alerta sobre o rearmamento de paramilitares e a reorganização e reativação da guerrilha em alguns departamentos do centro do país e nas zonas fronteiriças. O estudo afirma que na ponta desse rearmamento estão vários chefes paramilitares de nível médio que ficaram fora da Lei de Justiça e Paz, o marco jurídico da desmobilização desses grupos. De acordo com o informe, estes exércitos ilegais operam em 293 dos cerca de mil municípios do país; traficam drogas e continuam matando líderes sociais e vítimas que denunciam os paramilitares ou reclamam suas terras.

Para Valencia, o processo de desmobilização dos paramilitares foi “muito mal administrado” e algumas de suas estruturas permaneceram intactas. Uma versão totalmente oposta à oficial, que classifica os novos paramilitares como grupos criminosos e defende a ideia de que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão à beira da derrota.

O governo acusou a Arco Íris de dar voz à subversão e dar munição à oposição. Alfredo Rangel, da Fundação Segurança e Democracia, chamou o relatório de “propaganda opositora, com falsa roupagem acadêmica“. A polêmica é relevante, pois ocorre às portas da eleição presidencial de 2010.

– Essa política gerou conquistas indiscutíveis, que supõem a melhora da qualidade de vida da população. Mas o conflito muda, não é o mesmo de sete anos atrás – afirmou o candidato independente Sergio Fajardo.

Este matemático, que, junto ao ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, é favorito caso Uribe não se candidate, assegura sem rodeios:

– As Farc não estão derrotadas, elas se ajustam às circunstâncias e isso obriga a revisar as estratégias.

Criminalidade urbana cresce em todo o país

A população vê que a situação não vai bem: em Medellín, o número de menores de 18 anos assassinados este ano na porta de suas casas ou das escolas supera cem; Em Bogotá, a sensação de insegurança cresce.

– A criminalidade urbana não é parte da concepção de segurança democrática. Não desenvolveram ferramentas para enfrentá-la e está crescendo em toda a Colômbia – afirma Fajardo, para quem a raiz do problema está na disputa pela venda de drogas. – É consequência do processo contra os paramilitares. Os chefes medianos disputam esse mercado estratégico.

Para León Valencia, a situação é clara: se continuarem a subestimar o problema dos novos paramilitares, logo a situação poderá fugir ao controle.

Fonte: Resenha CCOMSEX 08.12.09

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