Questão hondurenha ameaça isolar Brasil na OEA

http://www.galizacig.com/avantar/files/images/20090605_oea.jpg

México e Chile elogiam a eleição do último domingo

SÉRGIO DÁVILA

DE WASHINGTON

O Brasil reafirmou ontem à tarde na OEA (Organização dos Estados Americanos) sua posição de não reconhecer a eleição hondurenha de domingo nem o presidente eleito então, Porfirio Lobo, numa ação que pode isolar Brasília na entidade multilateral e fortalecer os Estados Unidos.

Durante reunião extraordinária da OEA, encerrada às 20h36 de ontem, o representante brasileiro, Ruy Casaes, disse que o país se manteria fiel as suas convicções e que não se afastaria de declarações anteriores. Negar que os acordos de Honduras não foram cumpridos, disse o diplomata, seria “negar a própria história”.

Minutos depois, em sua primeira intervenção desde que foi confirmada no cargo pelo Senado, a nova representante norte-americana, Carmen Lomellin, disse que as eleições tinham sido livres, justas e transparentes e tinham sido uma grande vitória para a Carta Democrática da entidade. “É hora de olhar para a frente, não para trás”, concluiu ela.

Os dois países marcam mais ou menos as posições dos dois maiores grupos entre os 33 países ativos da OEA. Até a conclusão desta edição, haviam dado declarações que indicavam posições semelhantes às brasileiras os vizinhos Argentina, Paraguai e Uruguai e os bolivarianos Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela.

Fecharam com os norte-americanos Canadá, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Panamá e República Dominicana -mais ou menos o esperado.

As surpresas foram as posições dúbias de países como Chile e México, que elogiaram a realização das eleições, mas principalmente a posição do secretário-geral da entidade, o chileno José Miguel Insulza.

Após fazer seu relatório da situação, em que ressaltou a falta de mecanismos confiáveis para verificar a transparência das eleições, Insulza fez uma declaração que pode indicar o pensamento dominante na entidade doravante: “Quem está na melhor posição para iniciar a restauração democrática e institucional de Honduras é o próximo presidente, que assumirá em 27 de janeiro”.

Continuou: “Pode colocar um fim na perseguição contra Manuel Zelaya, separar-se clara e publicamente do ocorrido nos últimos meses, restabelecer plenamente a vigência dos direitos humanos e as liberdades públicas e convocar todas as forças democráticas a um grande acordo nacional”.

De qualquer maneira, Honduras segue suspensa da entidade e a ela só voltará pelo voto de dois terços dos países-membros. É pouco provável que isso aconteça antes da posse de Lobo, marcada para 27 de janeiro.

Fonte: Resenha CCOMSEX 05.12.09

1 Comentário

Comentários não permitidos.