Cúpula Ibero-Americana, em Cascais, Portugal.

Líderes dão início aos trabalhos da XIX Cúpula Ibero-Americana Foto: Reuters

As divergências sobre as eleições em Honduras e as tensões provocadas no continente sul-americano pela expansão da presença militar americana na Colômbia devem dominar as reuniões desta segunda-feira na Cúpula Ibero-Americana, em Cascais, Portugal.

As eleições de Honduras dividem os 15 líderes dos países do grupo entre os que se aproximam da posição norte-americana, de acatar os resultados da eleição, e a posição brasileira, de não reconhecer o pleito.

Os norte-americanos procuram utilizar as eleições em Honduras, realizadas no domingo, para considerar a questão como resolvida. O Brasil não aceita soluções que não passem pela volta do presidente deposto Manuel Zelaya ao poder.

O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, reconhece as dificuldades no relacionamento entre os países: “Esperamos que a realização desta cimeira num momento de grandes tensões internacionais fortaleça as relações dentro deste espaço, permita gerir uma agenda ambiciosa no plano econômico, social, cultural e no plano estratégico independentemente do tema em si, que é de grande atualidade“.

Dos 23 países do espaço ibero-americano, apenas 15 presidentes estarão presentes nesta 19ª reunião ibero-americana. Além de Honduras, que estará de fora por seu governo de fato não ser reconhecido, Evo Morales, da Bolívia, e Tabaré Vazquez, do Uruguai, deram como razão para faltar o fato de seus países estarem em processos eleitorais.

Não virão a Portugal Raúl Castro, de Cuba, Daniel Ortega, da Nicarágua, Fernando Lugo, do Paraguai, e Alvaro Colom, da Guatemala.

Já o venezuelano Hugo Chávez – que afirmou há duas semanas que não pretendia estar na mesma sala que o presidente colombiano, Alvaro Uribe – não confirmou presença, mas pode aparecer de última hora.

Foi na cúpula realizada há dois anos que o rei espanhol Juan Carlos disse a Hugo Chávez “Por que não te calas?”, em um incidente amplamente divulgado pela mídia – e cujo registro em vídeo teve mais de 4 milhões de visitas no YouTube.

A aposta portuguesa é privilegiar o Brasil, como explica o ministro Luís Amado: “O fato de organizarmos esta cimeira procura sobretudo evidenciar a importância que atribuímos à estruturação deste eixo ibero-americano e à natureza das relações bilaterais com todos os países da América Latina, a partir de uma relação âncora com o Brasil“.

Também será realizada uma reunião entre chanceleres dos quatro países do Mercosul e Portugal e Espanha, para discutir formas de desbloquear as negociações entre o bloco econômico sul-americano e a União Europeia. No entanto, do Brasil não veio o ministro Celso Amorim – representado pelo secretário executivo Antônio Aguiar Patriota – e nem o negociador brasileiro com os europeus.

 Colaboração e sugestão Konner

Fonte: Estadão