Brasil tranquiliza os paraguaios

EXERCÍCIO MILITAR

 Ao comentar a preocupação paraguaia com a movimentação de 10 mil militares na Operação Laçador, o ministro da defesa, Nelson Jobim, disse ontem, na Capital, que não se trata de uma “provocação” ao país vizinho: – Não temos pretensão expansionista. Todas as questões de fronteira já foram resolvidas. Pelo contrário, estamos ajudando o Paraguai.

As especulações surgiram no país vizinho quando foi divulgado que o exercício militar previa a tomada de uma usina binacional, representada pela hidrelétrica de Itá, situada na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina.

Como coincidiu com o apagão que teve como centro problemas nas linhas de transmissão da usina hidrelétrica de Itaipu, de propriedade brasileira e paraguaia, a atividade envolvendo uma hidrelétrica despertou temores no governo do Paraguai, desconfiado de que o objetivo seria simular uma eventual tomada do local.

Concessões feitas ao país vizinho, como o financiamento de uma linha de transmissão de Itaipu a Assunção e a recuperação de blindados paraguaios são, para Jobim, indicativos de que a preocupação é infundada. Por outro lado, ele ressaltou que dentro do território brasileiro será feito qualquer tipo de exercício, sem interferência de outras nações. Jobim ainda deu a entender que o treinamento serve para mostrar ao mundo que o Brasil é soberano em suas decisões. Jobim defendeu ainda a realização de exercícios militares como forma de preparar o país para um eventual conflito.

– O Brasil não tem inimigos, mas tem de estar preparado – afirmou.

Acompanhado dos comandantes da Marinha, almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto, do Exército, general-de-Exército Enzo Martins Peri, e da Força Aérea, tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, o ministro explicou por que o tema energético foi o escolhido para nortear os combates fictícios:

– O conflito, no mundo do futuro, é o conflito energético. A América do Sul é um grande produtor de energia, não só hidrocarboneto, mas também energias alternativas.

A Operação Laçador, que se encerra na sexta-feira, envolve homens e mulheres das três forças nos três Estados da Região Sul.

O custo da operação é de R$ 10 milhões, do orçamento do ministério da defesa.

Fonte: NOTIMP