Para “El País” jornal, visita de líder iraniano pode tirar prestígio de Lula
Um editorial do jornal espanhol “El País” nesta terça-feira diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco de “perder parte do prestígio internacional que colheu”, ao receber o colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. “Ahmadinejad pretende buscar fora (de seu país) a legitimidade que dentro continua sendo contestada.
Mas a visita ao Brasil também está relacionada às sanções que a comunidade internacional imporá a Teerã após o bloqueio das negociações sobre seu programa atômico”, diz o jornal.
O artigo parte do princípio de que a visita de Ahmadinejad a Brasília amplia “o cenário internacional onde se dá a disputa sobre o programa nuclear iraniano”.
Para o diário espanhol, ainda que o Irã tenha relações com a Venezuela, a Bolívia, o Equador e a Nicarágua, e seja ainda um observador na Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) – o bloco de países criado e incentivado pelo presidente venezuelano Hugo Chávez -, “nada disso tem o profundo significado da nova escada latino-americana de Ahmadinejad”.
“O Brasil decidiu ocupar o novo papel que lhe corresponde, e isso passa por desenvolver uma política própria para as questões mais contenciosas, em particular, as do Oriente Médio e do programa nuclear iraniano.”
“É uma aposta arriscada para o presidente Lula que, antes de Ahmadinejad, recebeu o presidente israelense Shimon Peres e o da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, forçado pelo dominó de equilíbrios que deve respeitar após mover a primeira peça.”
Na opinião do “El País”, “a visita de Ahmadinejad ao Brasil não admitiria outro desenlace senão o que um jogo que termina em zero a zero”.
“Ou Lula fica em evidência por debilitar em troca de nada a frente internacional contra o programa nuclear iraniano, ou o Irã tem de fazer ante Lula concessões que até agora tentou evitar por todos os meios.”
“Talvez um meio caminho, como ganhar tempo antes das sanções (internacionais), fosse aceitável para Ahmadinejad. Lula, por outro lado, perderia uma parte do prestígio internacional que colheu merecidamente”.
“O Brasil deveria se envergonhar”
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O Brasil deveria se envergonhar de receber um ditador que nega o Holocausto e prega a destruição de Israel. É a opinião do cientista político israelense Efraim Inbar, da Universidade Bar Ilan. Para ele, o governo brasileiro é ingênuo ao pensar que pode ter influência positiva sobre Ahmadinejad.
FOLHA – Brasil pode ter papel relevante no Oriente Médio?
EFRAIM INBAR – O Brasil primeiro tem que se concentrar nos seus problemas internos, que são muitos, antes de querer resolver os problemas dos outros. Uma visita como essa causa danos, porque dá legitimidade a um ditador que nega o Holocausto e quer destruir o Estado de Israel. É uma vergonha que um país como o Brasil, democrático, promova essa visita. O governo brasileiro daria o mesmo tratamento a Hitler? Se não me engano, o Brasil lutou contra o Hitler na Segunda Guerra Mundial.
FOLHA – É o mesmo que apoiar Hitler?
INBAR – Não exatamente, mas há uma grande semelhança entre o discurso de Hitler e o perigo que ele representava para o mundo e o Irã de hoje.
FOLHA – O Brasil pode ajudar no diálogo com Teerã?
INBAR – [risos] Não me parece que Ahmadinejad esteja disposto a fazer concessões. O apoio de um país importante como o Brasil só fortalece os radicais no mundo. É o que os brasileiros querem?
FOLHA – O governo brasileiro acredita que isolar o Irã é pior.
INBAR – É uma visão ingênua. O Irã se beneficia dela e ganha tempo para produzir a bomba [atômica].
FOLHA – Como a relação com o Irã pode afetar a imagem internacional do Brasil?
INBAR – Certamente não ajuda. O que o Brasil quer, ser líder do mundo muçulmano? Fazer parte do opressivo mundo árabe? Melhor seria tentar garantir um lugar entre os países democráticos e desenvolvidos. Que tipo de ponte o Brasil pretende fazer? Entre assassinos e pessoas civilizadas? Não vejo isso como um ideal tão nobre.
Um sóbrio alinhamento com as potências
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia usar seu bordão preferido para dizer que nunca antes na história do Brasil houve tamanho interesse internacional pela visita de um mandatário estrangeiro como acontece agora com o iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Foi tema ontem de todos os jornais que dão destaque a assuntos globais, de modo geral repetindo o enfoque que a Folha usara na véspera: um teste para a diplomacia do governo Lula.
Passou no teste? Sim, se o aspecto a analisar for apenas o do reconhecimento a um novo peso do Brasil no jogo diplomático global. Com a ressalva de que o interesse pela viagem de Ahmadinejad teve a ver mais com o fato de o Irã estar sendo a bola da vez no noticiário internacional do que com o país visitado.
A viagem do iraniano coincidiu com manobras Militares de seu país, de dimensões fora do comum, em meio a uma crescente tensão com o G6 (EUA, Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia) em torno do programa nuclear iraniano.
O subtexto da tensão é este: se o Irã rejeitar a proposta do G6, que seus técnicos haviam aceitado em princípio, Israel vai sentir cócegas nos dedos para atacar as instalações nucleares iranianas. O exercício do Irã é uma maneira óbvia de avisar que está preparado para se defender e para retaliar.
Não por acaso, os especuladores puxaram para cima o preço do ouro, alegando a tensão internacional.
A propósito, Joseph Cirincione, conselheiro da Comissão do Congresso dos EUA sobre Posições Estratégicas, diz que um “ataque Militar só aumenta a possibilidade de o Irã desenvolver uma bomba nuclear“, citando o secretário da Defesa, Robert Gates, para quem “não há opção Militar que faça mais que ganhar tempo“. Tempo para o Irã eventualmente obter a bomba: de um a três anos, pouco mais ou menos, sempre segundo Gates.
“Grande bobagem”À Folha Cirincione afirmou que a visita foi “uma grande bobagem diplomática“, sob dois aspectos, o de política interna e o da questão nuclear.
“Ahmadinejad irá usar as imagens da visita como prova de que o mundo o aceita como o líder legítimo do Irã, o que minará os oponentes democráticos do regime no Irã e encorajará a linha-dura iraniana a recusar um compromisso no tema nuclear.”
É possível que Cirincione tenha razão, mas parece exagerada a versão de muitos meios de comunicação de que se está à beira de um confronto entre o Brasil e os Estados Unidos por causa do Irã.
Ajuda-memória: à saída do encontro entre Lula e Barack Obama, às margens da cúpula do G8 da Itália, em julho, Robert Gibbs, porta-voz de Obama, disse à Folha que seu chefe sugerira a Lula que usasse o peso das relações comerciais entre Brasil e Irã para tentar convencer Ahmadinejad a seguir o exemplo brasileiro de uso exclusivamente pacífico da energia nuclear.
Ou seja, recomendou o que o jargão diplomático batiza de “engajamento” -aliás palavra-chave da diplomacia de Obama.
Caminho
Foi rigorosamente o que Lula fez ontem, ao menos na sua própria versão pública: ao reconhecer “o direito do Irã de desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos“, Lula emendou cobrando “respeito aos acordos internacionais” e ainda acrescentando que “esse é o caminho que o Brasil vem trilhando“.
Mais: encorajou Ahmadinejad “a continuar o engajamento com países interessados de modo a encontrar uma solução justa e equilibrada para a questão nuclear iraniana“.
No cuidado extremo, às vezes exagerado, que a diplomacia brasileira tem com temas incendiários, é o máximo que se poderia esperar como sugestão para o Irã acertar-se com o G6, cuja proposta, no essencial, foi aceita pelos técnicos iranianos. Trata-se de enviar urânio para enriquecer na Rússia e na França até o nível em que pode ser usado para fins medicinais e, depois, devolvido ao Irã.
Se essa proposta for aceita, “a capacidade de o Irã produzir uma bomba rapidamente seria eliminada, pelo menos pelos dois anos que leva para enriquecer mais urânio“, escreve o especialista Cirincione.
À falta de detalhes sobre as conversas a portas fechadas, parece uma atitude responsável do governo Lula na questão nuclear, independentemente do uso interno que dela faça Ahmadinejad.
Quanto aos direitos humanos, tema central da crítica do governador José Serra à visita do presidente do Irã, seus argumentos são inatacáveis do ponto de vista ético e moral.
Mas a “realpolitik” que comanda a diplomacia global acaba prevalecendo sempre -de que deu exemplo Barack Obama ao visitar a China, na semana passada, e calar-se sobre o Tibete e demais violações aos direitos civis praticados sistematicamente pela China, assim como pelo Irã.
Brasil/Irã: o encontro dos “bons amigos”
Paulo Marcio Vaz
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi chamado várias vezes, segunda-feira, de “meu bom amigo”, por seu colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em meio à polêmica visita de um dia que o líder da República Islâmica fez ao Brasil. A “amizade” tinha seus motivos. O principal, certamente, foi o discurso de Lula em favor do direito de Teerã desenvolver, “com fins pacíficos”, seu programa nuclear, apesar das suspeitas da comunidade internacional sobre a possibilidade de Teerã ter a intenção de produzir armas nucleares visando um ataque a Israel.
– O que temos defendido há muito tempo é que o Irã tenha o direito de enriquecer urânio para produção de energia com fins pacíficos, como o Brasil está desenvolvendo – disse Lula.
O presidente brasileiro também falou sobre a crise no Oriente Médio. Citando o exemplo do Brasil, onde judeus e árabes convivem de forma pacífica, Lula lembrou que seu governo é favorável à criação de um Estado palestino independente que garanta a segurança de Israel. A afirmação se confronta com o posicionamento de Ahmadinejad, que já fez declarações polêmicas defendendo até a extinção de Israel e negando o Holocausto.
– O Irã pode ter um papel decisivo, não só no Oriente Médio, mas também na Ásia Central. Confiamos na experiência milenar de sua cultura para forjar uma ordem internacional harmônica em sua própria região – disse Lula à Ahmadinejad.
Mas o líder brasileiro evitou ir mais fundo em questões polêmicas, e não abordou, por exemplo, temas delicados sobre intolerância religiosa e falta de liberdade de expressão e direitos humanos no Irã, motivos de diversos protestos contra a chegada de Ahmadinejad ao Brasil.
Por outro lado, o líder iraniano também não deixou de agradar seu anfitrião, criticando a atual estrutura do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e defendendo que o Brasil ocupe uma das cadeiras permanentes do órgão. Sobre a questão nuclear, Ahmadinejad afirmou que o tema é usado como pretexto pelos Estados Unidos para impor sanções ao seu país. Ahmadinejad detalhou sua proposta iraniana de enriquecimento de urânio feita à AIEA, e culpou a agência e os Estados Unidos pela não assinatura de um acordo. Ahmadinejad afirmou ainda que, desde a Revolução Islâmica de 1979, os “inimigos” do Irã na comunidade internacional buscam pretextos para atacar o país.
– Nunca deixamos (sem resposta) nenhuma pergunta da Agência Internacional de Energia Atômica. Entregamos documentos que têm todos os detalhes de nosso programa – disse Ahmadinejad.
Relação preservada com EUA
O professor David Fleischer, do Instituto de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília, não vê riscos para as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos por causa da visita de Ahmadinejad, e diz que o dicurso de Lula sobre o direito iraniano de produzir energia atômica não é novidade.
– Ao defender o direito de o Irã ter seu programa nuclear, ele (Lula) fez o mesmo discurso de sempre, que já era conhecido pelos Estados Unidos.
Para Fleischer, o Brasil agiu certo ao receber Ahmadinejad, apesar dos protestos de algumas autoridades e parte da população.
– Concordo com a posição do Itamaraty. O Brasil não pode ter restrições ao diálogo com quem quer que seja.
Motivos ocultos
O professor vê, porém, razões não mencionadas diretamente pelo governo brasileiro que justificam a postura de Brasília. Em relação ao Oriente Médio, de uma forma geral, Fleischer lembra que o fato de Lula ter recebido, em curtíssimo espaço de tempo, o presidente israelense, Shimon Peres, o líder palestino Mahmoud Abbas, e, finalmente, Ahmadinejad, não foi mera coincidência.
– O Brasil quer ser credenciado como uma nação neutra, e, dessa forma, atuar como mediadora da crise no Oriente Médio – explica. – Dessa forma, o país ganha status e prestígio internacional.
Fleischer lembra ainda mais um “motivo não declarado”, que, segundo ele, teria a ver com uma aspiração quase pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– Aparecer como o líder que atuou de forma a pacificar um conflito tão difícil como o do Oriente Médio certamente credenciaria Lula a se candidatar ao Prêmio Nobel da Paz. – diz.
Durante a cerimônia da tarde de segunda-feira, os governos do Brasil e do Irã assinaram memorandos e convênios nas áreas de cultura, energia, ciência e tecnologia, agricultura e comércio exterior. Os dois lados também assinaram um acordo dispensando a necessidade de vistos aos portadores de passaportes diplomáticos viajando entre os dois países. Além disso, também firmaram um acordo de cooperação a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Câmara de Comércio e Indústria do Irã.
Depois do Brasil, o presidente iraniano completa sua viagem latino-americana de cinco dias com visitas a Bolívia e Venezuela. Depois, retorna a Teerã com escalas no Senegal e em Gâmbia. Lula vai retribuir a visita em 2010.
Perigosa p os ianks/sionistas…e sua população…é negocios, + empregos p nós BRASILeiros..o resto é o resto.
“INBAR – Certamente não ajuda. O que o Brasil quer, ser líder do mundo muçulmano? Fazer parte do opressivo mundo árabe? Melhor seria tentar garantir um lugar entre os países democráticos e desenvolvidos. Que tipo de ponte o Brasil pretende fazer? Entre assassinos e pessoas civilizadas? Não vejo isso como um ideal tão nobre.”
SEM COMENTÁRIOS… QUE SUJEITINHO RACISTA!
Irã ameaça Rússia com medidas legais por sistema antimíssil
Reporter: Parisa Hafezil
O Irã poderá recorrer a medidas legais se a Rússia se recusar a cumprir o compromisso assumido de entregar à República Islâmica um sistema avançado de defesa antimísseis, disse nesta terça-feira um alto funcionário militar iraniano.
Autoridades iranianas vêm expressando frustração crescente diante do fato de a Rússia até agora não ter fornecido o sistema avançado S-300 de defesa antimísseis, que Israel e os Estados Unidos não querem que Teerã tenha.
“Com certeza sob pressão do lobby sionista e dos EUA, os russos estão se recusando a cumprir seus compromissos assumidos”, disse o general Mohammad Hassan Mansourian, segundo a agência de notícias IRNA.
“E, como trata-se de um acordo oficial, seu não cumprimento poderá ser punido através de organismos legais internacionais”, disse o general, que é vice-comandante da defesa aérea do Irã.
Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/11/24/ira-ameaca-russia-com-medidas-legais-por-sistema-antimissil-914901277.asp
Realmente, países q invadem e fazem assentamentos , enclaves, em terras dos outros , e matam crianças de sede (70 litros de agua por dia, vide relatório da ONU) ,o irã invadiu qual país ? Tem pessoas q acreditam em gnomos..cad pode acreditar no q quiser, dane-se…ñ pode é torturar os outros..tranformar um pais em grande campo de concentração como tranformaram GAZA, e tiram o direito de ir e vir dentros dentro da palestina dos seus próprios cidadões…quem realmente ñ presta?
Irã pode abandonar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, diz deputado
O Parlamento do Irã pode votar a retirada do país do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares em resposta à sanção imposta pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na última sexta-feira.
De acordo com Mohammad Karamirad, um parlamentar da linha dura, o Parlamento considera também bloquear as inspeções da AIEA aos reatores de iranianos. Karamirad não fala pelo governo, mas suas declarações costumam ir na linha do que é defendido pelo regime.
A ameaça vem a público um dia depois da AIEA aprovar uma resolução exigindo que Teerã pare imediatamente de construir um reator na cidade sagrada de Qom e interrompa também o enriquecimento de urânio.
“O Parlamento, em sua primeira reação a esta resolução ilegal e politicamente motivada, pode considerar a retirada do tratado”, ameaçou Karamirad.
O chefe da delegação iraniana na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, por sua vez, disse que o país não vai cooperar além do previsto em suas obrigações legais e que Teerã não vai interromper o enriquecimento de urânio.
Em 2006, o Irã já havia ameaçado abandonar o tratado.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,ira-pode-abandonar-tratado-de-nao-proliferacao-diz-deputado,473561,0.htm