Agentes da Abin desconfiam do Irã

Parceiro explosivo Dois líderes de contraterrorismo da Abin contrariam pragmatismo do Planalto e chamam Irã de “financiador do terror”

Lucas Figueiredo

Para o Palácio do Planalto e para o Itamaraty, o Irã, do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que faz hoje uma visita (1)relâmpago ao Brasil, é um parceiro comercial como qualquer outro país. Para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), não. Afinado com a maioria de seus congêneres no mundo ocidental, o serviço secreto brasileiro ainda vê o Irã como uma das grandes fontes de financiamento do terrorismo internacional. 

Dois dos principais agentes da área de contraterrorismo da Abin — os comandantes de inteligência Eliane Schroder de Moura e Romulo Rodrigues Dantas — consideram o Irã a face oculta do Hezbollah, a organização terrorista baseada no Líbano, que foi pioneira no uso de homens-bomba. “O Hisballah (uma das grafias do Hezbollah) mantém relações externas, notadamente, com o Irã e a Síria, de quem recebe apoio político, militar, econômico e civil”, escreveu Eliane na edição de setembro de 2007 da Revista Brasileira de Inteligência, publicação da Abin voltada para os integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). Na época em que o artigo foi publicado, Ahmadinejad iniciava o terceiro ano de governo. Até ontem, a Abin mantinha a edição da revista disponível em seu site (www.abin.gov.br).

Segundo a agente, “os membros combatentes do Hisballah recebem treinamento, apoio, ajuda financeira e material da Guarda Revolucionária Iraniana”. A Guarda Revolucionária é uma divisão das Forças Armadas do Irã e teve em seus quadros o próprio Ahmadinejad. Na mesma edição da revista da Abin, o comandante de inteligência Romulo Rodrigues Dantas afirma que “serviços de inteligência ocidentais estimam que entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões são doados anualmente ao Hizballah pelo governo do Irã, na forma de assistência militar, mercadorias e recursos financeiros”. Ainda segundo o agente, “haveria, ainda, evidências de que iranianos também participariam diretamente no planejamento de operações do Hisballah”.

Romulo e Eliane são experts em contraterrorismo. Ele já comandou a Diretoria de Contraterrorismo da Abin e serviu em Washington como representante da agência no Comitê Interamericano contra o Terrorismo (Cite), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA). Eliane substituiu Romulo no posto na capital norte-americana. Os artigos de ambos na revista da Abin têm como foco o Hezbollah. O texto de Romulo é intitulado “O Hisballah e a evolução do quadro no Oriente Médio”. O de Eliane, “O Partido de Deus no Líbano”, tradução para o português do termo árabe Hezbollah.

Sem pragmatismo

O que os agentes afirmam em relação ao Irã não é novidade, mas vai em sentido contrário ao discurso pragmático do Palácio do Planalto e do Itamaraty, que empenham apoio político ao polêmico Ahmadinejad. Eliane é a mais contundente. Segundo ela, o Hezbollah “se fortaleceu com armas e munições da Síria e do Irã”. A agenda político-militar da organização, ainda de acordo com a agente, é definida “em cooperação com Teerã-Irã”. “O líder máximo da organização é o aiatolá iraniano Ali Khamenei”, afirma ela.

Entre os atos terroristas atribuídos ao Hezbollah estão os ataques contra a Embaixada dos EUA em Beirute (1983 e 1984), o sequestro de 17 norte-americanos e outros cidadãos ocidentais (1984 e 1988), o sequestro do voo da TWA (1985) e os atentados à Embaixada de Israel em Buenos Aires (1992) e à Associação Mutual Israelita Argentina (1994). Centenas de pessoas morreram nessas ações.

À espera

Eliane não descarta a possibilidade de a organização terrorista armada e financiada pelo Irã atuar na América Latina. “O Hisballah mantém células em várias partes do mundo, com ampla infraestrutura no Oriente Médio, na África Ocidental e na Europa. Devido à existência de expressiva colônia na América Latina, pode dispor de eventual apoio neste continente”, afirma a agente.

De acordo com Romulo, o Hezbollah foi “o primeiro (grupo terrorista) a valer-se de homens-bomba” islâmicos na era moderna” e “o primeiro a realizar ataques múltiplos”. Ainda segundo ele, a organização é imitada pela Al-Qaeda, grupo terrorista responsável pelas ações mais violentas dos últimos anos, como a derrubada das torres do World Trade Center, em Nova York, e o ataque à sede do Pentágono, em Washington, em setembro de 2001.

1 – Brasília

Mahmud Ahmadinejad, que viaja com uma comitiva de cerca de 300 pessoas, entre empresários e funcionários de Teerã, passará pouco mais de 24 horas em Brasília. O principal ponto de interesse nas relações Brasil-Irã é o petróleo. Está prevista a assinatura de 23 acordos bilaterais entre os dois países nas áreas de energia, petroquímica, alimentos e medicamentos.

Fonte: NOTIMP

10 Comentários

  1. Nossos arapongas devem ter uns fatos p terem esses olhar, é investigar + é cortar o mal pela raiz, cortar até a raiz…tem de servir de exemplo p os próximos loucos. Nada é de graça, o q se planta é o q se colhe.

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