Defesa & Geopolítica

Chávez recusa mediação de conflito

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Viviane Vaz

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não aceita nenhuma mediação internacional, mas busca uma saída “prática” para resolver o conflito criado com a Colômbia, depois que o “colega” Álvaro Uribe acertou um acordo militar com os Estados Unidos para receber tropas norte-americanas no território colombiano. “Não aceitamos mediações. O problema é um só: os Estados Unidos, se quiserem soluções práticas, que retirem as bases ianques da Colômbia e libertem esse povo irmão”, declarou Chávez ontem. O anúncio veio depois que o Departamento de Estado norte-americano ofereceu seus esforços diplomáticos para um diálogo entre Colômbia e Venezuela, por meio de seu porta-voz Ian Kelly.

A presidência colombiana, por sua vez, prefere não responder as intimidações de Chávez. A posição será de “prudência, respeito, serenidade e dignidade”, revelou uma fonte da casa de Nariño ao jornal El Tiempo. No sábado, Uribe tentou desanuviar o cenário, ao anunciar que o “afeto pelo povo irmão da Venezuela é inquebrantável”.

Trino Márquez, sociólogo e professor da Universidade Central da Venezuela (UCV), avalia que Chávez exagera o conflito com a Colômbia e utiliza o acordo militar como desculpa para criar um clima artificial de tensão. “Não penso que vai declarar um conflito no curto prazo, mas, de todos os modos, a situação é muito perigosa, porque a experiência histórica da América Latina assinala que esse tipo de governante irresponsável e pouco previsível pode conduzir os países a conflitos muito graves”, ressalta ao Correio, por telefone. O analista também considera “muito importante” a decisão do Senado brasileiro em não ter aprovado ainda a entrada da Venezuela no Mercosul. “É uma maneira de um país tão importante e estratégico como o Brasil dizer a Chávez que não está de acordo com uma saída de traços violentos e militaristas.”

O diretor do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris, Pascal Boniface, também argumenta que Chávez “pode ser um incômodo, mas não uma ameaça”, em entrevista ao jornal paraguaio ABC Color. “Não vejo em que cenário Chávez poderia entrar em uma guerra contra a Colômbia. Não só seria derrotado, mas perderia o poder, porque os EUA e outros países latino-americanos ajudariam a Colômbia. Quando alguém provoca, como Chávez, o melhor é não lhe dar atenção. Se lhe damos bola, um favor lhe fazemos”, conclui.

 Popularidade

É o que explica o escritor mexicano, Jorge Volpi, autor de O pesadelo de Bolívar – quatro considerações intempestivas sobre a América Latina no século 21. Para ele, o clima bélico favorece tanto o presidente venezuelano, quanto o colombiano, do ponto de vista de política interna. “Se Chávez leva a confrontação retórica a este extremo, é por sua enorme perda de popularidade diante da situação econômica”, diz. “O conflito não faz mais que ajudar Uribe a consolidar seu apoio popular”, completa Volpi, lembrando que o colombiano deve passar por um referendo que poderá lhe permitir um terceiro mandato.

Fonte: Resenha CCOMSEX

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