Dassault critica concorrência por vazamento de informações e nega preço 40% maior

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
Em meio à disputa entre França, Suécia e Estados Unidos pela venda de 36 aviões caça ao Brasil, o diretor da empresa francesa Dassault no Brasil, Jean Marc Merialdo, rebateu nesta quinta-feira críticas das concorrentes contrárias ao Rafale – aeronave produzida pela empresa europeia. Ao classificar de “falta de compostura” algumas informações divulgadas pelas empresas Gripen (Suécia) e Boeing (EUA) contra o Rafale, Merialdo negou que a aeronave tenha um preço 40% mais alto que as demais.


O representante da Dassault, que convocou entrevista coletiva para rebater as críticas das concorrentes, não quis revelar o preço da aeronave ao argumentar que a concorrência firmada pela FAB (Força Aérea Brasileira) impede divulgação de valores. “Respeitamos o termo de confidencialidade que assinamos com a Força Aérea Brasileira, o que deveria ter sido feito pelos outros concorrentes. Vimos a informação de que a proposta do Rafale seria 40% mais cara que do F-18 [Boeing]. Essa informação não tem fundamento”, afirmou.

Segundo Merialdo, o valor oferecido ao governo brasileiro é “compatível” com a de outras aeronaves da mesma classe, assim como segue o preço oferecido ao governo francês pelos Rafale.

“Eu não posso sair da posição de confidencialidade em relação aos preços. As últimas propostas já foram entregues à FAB. O compromisso inicialmente firmado pelo governo francês, e cumprido pela empresa, era que os preços eram compatíveis com os preços oferecidos à Força Aérea Francesa.”

A redução de preços do Rafale teria sido resultado de pressões do presidente francês, Nicolas Sarkozy, cedendo ao governo brasileiro.

Durante sua visita ao Brasil, em setembro, Sarkozy teria se comprometido diante das autoridades brasileiras a oferecer um preço equivalente ao que as Forças Armadas francesas pagam pelos Rafale -estimado em 50 milhões de euros cada um. Há especulações de que o valor inicial seria de 98 milhões de euros por aeronave vendida ao Brasil, mas a Dassault não confirma a informação.

O representante da Dassault disse não acreditar que o F-18 (da Boeing) tenha preços menores que o Rafale. “Não posso abrir mão do meu compromisso de confidencialidade, mas certamente o Rafale e o F-18 são aeronaves de classes comparáveis. A diferença de preço entre eles não é de 40%”, disse.

Apesar de não falar em valores, Merialdo desmentiu rumores de que o avião sueco Gripen (da empresa Saab) custaria a metade de cada Rafale. Na tentativa de minimizar a proposta da Suécia, Merialdo disse que seriam necessários dois Gripen para executar a mesma missão de um Rafale.

“Não é correto comparar valores de caças de classes diferentes. O Gripen é um monomotor da classe Mirage 2000, de classe diferente do Rafale, seu sucessor. O Rafale é bimotor que traz mais segurança e capacidade operacional superior. A depender da missão, são necessários dois Mirage 2000 para executar a missão de um Rafale”, disse.

Tecnologia

O representante da Dassault reiterou que, na oferta feita à Força Aérea, há o compromisso de transferência integral de tecnologia para que o Brasil tenha acesso ao sistema tecnológico da aeronave. Na proposta da Dassault, no entanto, está claro que a França vai transferir apenas 50% de tecnologia de produção da aeronave para o Brasil.

“As seis primeiras aeronaves serão construídas na França com participação brasileira e entrega rápida dos caças à FAB. Os demais 30 serão montadas no Brasil, com transferência gradativa, chegando a 50% na 36ª aeronave”, explicou.

Também está prevista, segundo o representante da Dassault, a compra de dez aviões KC-390 da Embraer pelo governo francês. “O consórcio Rafale se compromete em ser parceiro para desenvolver o KC junto com a Embraer, transferindo ainda novas tecnologias”, disse.

Merialdo também desmentiu críticas das concorrentes de que somente a França tem os Rafale em atividade, sem interesse de outros países pela aeronave.

No início de outubro, as três empresas que disputam a preferência brasileira apresentaram suas propostas ao governo brasileiro para a venda de 36 caças, o que incluía a transferência de tecnologia e, em alguns casos, o compromisso de compra de aviões brasileiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai dar a palavra final sobre a proposta escolhida, depois de análise técnica feita pela FAB.

Fonte: Notícias Militares

3 Comentários

  1. O Rafale é superior tecnicamente a todos os vetores, com pouca diferença, mas é superior, é natural que um país como o Brasil acostumado a manter F-5 ache um absurdo o custo de operação de um Rafale F3, se estamos subindo para um patamar tecnológico e operacional para um mais alto, é claro que teremos de gastar mais.
    Acho um absurdo pessoas que visitam blogs de assuntos sobre defesa e criticam o custo de operação do Rafale, é obvio que com a modernização da FAB, esta necessitará de um maior orçamento para manter todos os aviões voando, ou não faz sentido comprar estas aeronaves apenas para deixar no hangar, outra coisa que me aborrece é o fato de muitos dizerem que apenas o Gripen NG pode ser mantido operacional com os atuais orçamentos da FAB, isto é um tremendo desconhecimento dos fatos, o Gripen NG é um avião moderndo e sendo assim necessita de mais dinheiro do que a operação dos F-5, pois não podemos comparar um F-5 com um Gripen NG, ou seja, qual que for o vetor escolhido o governo federal estara ciente de que com os atuais orçamentos todos estes aviões estarão no chão, então o aumento da verba será apenas uma consequência desta nova onda de reaparelhamento das Forças Armadas.
    Abraço.

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