Suboficial salvou vidas antes de ser arrastado

Sobreviventes relatam atos de heroísmo de militar da FAB, que continua desaparecido; corpo de técnico da Funasa é achado

SOBREVIVENTES DO acidente viajam para Tabatinga, em avião da FAB

BRASÍLIA. Sobreviventes do desastre com o avião Caravan, no igarapé Jacurapá, no Amazonas, informaram que o suboficial da Força Aérea Brasileira Marcelo dos Santos Dias foi arrastado pela correnteza com o monomotor, depois de ajudar a salvar a vida de muitos servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Dias, mecânico do avião, continua desaparecido. À noite, mergulhadores encontraram, dentro do avião, o corpo de João Abreu Filho, técnico da Funasa.

Atos de coragem e heroísmo de Dias foram descritos pelos sobreviventes ao diretor do Hospital Geral de Juruá, Marcos Melo. O médico disse que Dias ajudou a tirar passageiros do avião e, diante do intenso esforço físico, não teve forças para escapar. Foi levado pelas águas do igarapé. Sobreviventes também contaram que Abreu Filho ficou paralisado com o desastre e, quando tentou reagir, já era tarde.

No relato dos sobreviventes houve unanimidade quanto à perícia dos pilotos da FAB. Disseram que o pouso foi feito numa das curvas do rio, a 50 metros da margem. Josiléia Vanessa de Almeida, grávida de dois meses, disse ter “nascido de novo”. Lembrou que pedia socorro e gritava que não sabia nadar, cada vez que subia à tona. Após o choque na água, contou, as portas traseiras abriram e todos deixaram a aeronave. O técnico Marcelo Nápoles de Melo disse que, numa das manobras de aproximação, imaginou que o avião se espatifaria. Ele ajudou a tirar passageiros. Em pânico, alguns náufragos o agarravam:

– Pessoas na margem gritavam: “Não enforca ele, não enforca ele” – disse Marcelo, que, ao ajudar Josiléia, ouviu-a dizer:

– Vou ficar o mais leve que puder, e você me leva.

Um grupo de 150 homens, comandados pela FAB, faz varreduras no leito e nas margens do rio em busca de Dias. A carcaça do avião foi achada, a cinco metros de profundidade. Mas a água barrenta prejudicou a visibilidade e só no fim da tarde foi possível ver que havia um corpo.

– A prioridade é a busca rio abaixo, a partir da posição da aeronave, para encontrar sobrevivente – disse, em Manaus, o brigadeiro Jorge de Souza e Mello, comandante do 7º Comando Aéreo Regional.

Os nove sobreviventes, depois de ficar em observação por um dia, foram liberados na manhã de ontem e seguiram em avião da FAB para Tabatinga. Os militares foram para Manaus.

Fonte: Resenha CCOMSEX