O ministério das Relações Exteriores da Venezuela anunciou, nesta terça-feira, a prisão de agentes do Departamento Administrativo de Segurança da Colômbia (DAS, – agência secreta colombiana) acusados de realizar atividades de espionagem em território venezuelano.
De acordo com o vice-chanceler para a América Latina e Caribe, Francisco Arias Cárdenas, os colombianos detidos responderão à Justiça venezuelana pelos delitos de espionagem.
Segundo ele, no momento da detenção foram encontrados documentos com planos de desestabilização contra o “governo, nosso povo e nossa democracia”.
O vice-chanceler não explicou, no entanto, quantos agentes foram detidos pelas autoridades venezuelanas, tampouco as circunstâncias da prisão.
Conspiração
A detenção dos agentes colombianos ocorre um dia depois de o ministério de Relações Exteriores emitir uma nota de protesto acusando o governo colombiano de “espionagem” e “conspiração”.
Na nota, o ministério venezuelano condenou a “reiterada presença” de funcionários do DAS na Venezuela.
Segundo o comunicado emitido na segunda-feira e entregue à embaixadora da Colômbia na Venezuela, María Luisa Chappe, os funcionários foram “detectados realizando trabalhos de espionagem e tentativas de suborno”.
Para o governo Chávez, as atividades do DAS são “claramente inamistosas e tipificadas como delito” e teriam como objetivo, “um grande plano de conspiração e desestabilização contra a Venezuela, com repercussões na região”.
Na nota, o governo venezuelano exige o “fim imediato” de todas as atividades “que atentem contra a soberania, integridade territorial e democrática da Venezuela”.
O episódio tende a incrementar a tensão entre Caracas e Bogotá, que tiveram as relações diplomáticas “congeladas” pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, em protesto contra a decisão de líder colombiano, Álvaro Uribe, de firmar um acordo de cooperação com os Estados Unidos que permitirá às Forças Armadas americanas utilizarem oito bases militares na Colômbia.
Fronteira
No fim de semana, a chancelaria venezuelana emitiu uma primeira nota de protesto “condenando” as acusações do ministro de Defesa colombiano, Gabriel Silva.
Silva havia afirmado que na Venezuela “existe a possibilidade de quase um tráfico livre” de aviões utilizados pelo narcotráfico com destino à América Central.
Também em resposta, no domingo, Chávez acusou o ministro colombiano de “retardado mental”.
Ainda no sábado, foram descobertos dez corpos de jogadores de futebol amador que tinham sido sequestrados no estado venezuelano de Táchira, fronteira com a Colômbia.
Oito pessoas do grupo eram colombianas. O incidente evidenciou a porosidade da fronteira colombo – venezuelana, de mais de 2,2 mil quilômetros, local de trânsito de paramilitares e grupos guerrilheiros.
O vice-chanceler Cárdenas afirmou que o comunicado de protesto da chancelaria não está relacionado com o assassinato dos oito colombianos.
“A nota não tem nada a ver com o que ocorreu em Táchira no fim de semana. Lamentamos muito a morte dessas pessoas, mas as questões não estão relacionadas”, disse. “O documento tem a ver com o que vem ocorrendo com os membros do Departamento de Segurança colombiano”, afirmou.
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