O governo interino de Honduras apresentou nesta quarta-feira uma queixa contra o Brasil no Tribunal Internacional de Justiça Haia, alegando intervenção em assuntos internos do país.
“O governo se reserva o direito de solicitar à Corte a adoção de medidas cautelares a menos que cessem as atividades ilegais do governo brasileiro, que alteraram a ordem pública em Honduras e que representam uma ameaça ao desenvolvimento pacífico do processo eleitoral do país”, disse a nota da divulgada pelo ministério das Relações Exteriores do governo interino hondurenho.
Ainda segundo a nota, o governo de fato poderia ainda solicitar uma indenização ao Brasil “por danos causados” pelo fato de o país ter permitido a presença em sua embaixada em Tegucigalpa do presidente deposto, Manuel Zelaya, desde o dia 21 de setembro.
A assessoria de imprensa do Itamaraty disse não ter conhecimento oficial da queixa, mas acredita que “uma solicitação do governo golpista não teria como prosperar por falta de legitimidade. O tribunal da ONU representa apenas governos legítimos”.
Estados Unidos
Nesta quarta-feira, o principal representante de Zelaya nas negociações com o governo interino, Manuel Mesa, disse que o diálogo está paralisado.
“Entendo que o diálogo será reativado na medida em que exista disposição para resolver o tema que está pendente, que é precisamente o da restituição de Zelaya”, disse ele após encontro com o enviado da Organização dos Estados Americanos (OEA), Victor Rico.
Rico deve encontrar-se ainda nesta quarta-feira com o secretário-assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, Thomas Shannon – nomeado para ser embaixador no Brasil, mas ainda aguardando aprovação do Senado americano.
Shannon e outros dois funcionários do departamento de Estado americano chegaram nesta quarta-feira em Tegucigalpa para uma visita de dois dias na qual vão tentar encontrar uma saída para a crise política do país.
Segundo um porta-voz do Departamento de Estado, Shannon pedirá “flexibilidade” a Zelaya e Micheletti para resolver o impasse, antes das eleições marcadas para 29 de novembro.
Também nesta quarta-feira, a polícia hondurenha denunciou um suposto plano da “esquerda radical” para assassinar e sequestrar empresários e militares do país.
Mas a polícia não relacionou a descoberta aos recentes acontecimentos políticos do país e aos assassinatos recentes de um coronel do Exército hondurenho e de um sobrinho do presidente interino, Roberto Micheletti.
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