Soldados do Futuro

Exército lança mão da nanotecnologia para modernizar a corporação.

Sionei Ricardo Leão

Na busca por desenvolver o equipamento do soldado do futuro, o Exército Brasileiro decidiu priorizar investimentos na área de nanotecnologia. Nos planos da instituição, com esse conhecimento, será possível planejar uniformes, armamentos e veículos operacionais adequados aos desafios da modernidade. “Também queremos materiais de uso dual (civil e militar)”, declara o coronel Rogério Gomes da Costa, do Centro de Estudos e Formulação Estratégica do Exército.

O próximo passo será dado no fim deste mês, em Brasília, quando cerca de 200 especialistas de seis países virão para discutir a interação entre nanotecnologia e defesa. Para o encontro foram convidados pesquisadores da China, Estados Unidos da América, França, Reino Unido, Índia e Israel.

“Essas são as nações de ponta nesse assunto”, argumenta Rogério da Costa. Somente os EUA investiram cerca de US$ 10 bilhões nessa área nos últimos oito anos. Estimativas demonstram que os gastos até 2015 devem chegar a US$ 1 trilhão anuais.

O conceito de nanotecnologia ou nanociência foi criado na década de 1970, no Japão. Em linhas gerais, diz respeito a inovações voltadas para controlar fenômenos e materiais em escala nanométrica. Isso inclui estudos de átomos, moléculas ou macromoléculas, especialmente a manipulação, combinação e integração, para criar e utilizar estruturas, dispositivos e sistemas que tenham propriedades e funções únicas devido ao seu tamanho diminuto.

A respeito da utilização da nanotecnologia tanto para o meio civil quanto para o militar, Rogério argumenta que isso é um fato. “É uma das tendências fortes em termos mundiais. Já é uma realidade no segmento têxtil, na produção de germicidas, bactericidas e fármacos”

De acordo com o coronel, o Exército já tem algum mérito nesse tema. “Tanto que estamos ajudando na perfuração de poços de petróleo na camada do pré-sal fazendo uso dessa ciência”. Os exemplos de uso na prática são muitos, segundo o militar.

“Já existem línguas eletrônicas que são mais sensíveis que a humana, tintas inteligentes que mudam de acordo com o ambiente e veículos que, embora sejam mais leves, tem blindagens mais duras que o diamante”, detalha Rogério.

Para o encontro no fim deste mês, aguarda-se com certa expectativa a vinda do cientista norte-americano Adam Madison Rawlett, da US Army Research Laboratory. Isso porque os EUA é o país que mais tem avançado na pesquisa e fabricação de equipamentos de nanotecnologia e defesa.

“Um desafio para o uso dessas inovações é conseguir produzi-las em escala comercial”, comenta o coronel. O encontro também vai contar com representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia. A metodologia vai ficar sob a responsabilidade da Fundação Trompowsky.

Fonte: DefesaBrasil